Sem sorte no amor

🐎|Capítulo O4|🐎

Voltamos para a fazenda, então fui caminhar, até que a noite chegou e eu estava na beira do rio, era tão gelado, a frieza que se estabeleceu em meu coração.

Nossa filha de três anos, estava sem a mãe e eu sem a minha mulher. Olhei para o rio e desejei ir para o fundo do mais abismo. Só que eu tinha a minha Clarinha. Era a razão de meu viver, por ela seria tudo e faria qualquer coisa para que nunca lhe faltasse nada!

As águas escuras chamavam minha atenção, estavam refletindo a luz da lua, eram calmas, pareciam me chamar.

Convidando-me a despejar toda a dor e raiva que me consumiam. Sem hesitar, tirei minhas roupas e mergulhei na escuridão da noite.

Voltei para casa, eu não queria ver nada e nem ninguém. Estava puto de ódio e queria saber o motivo pelo qual fui deixado! Ler a carta dela, era como ter facas cravadas no meu coração que aos poucos se tornou obscuro.

Quando vasculhei o quarto, encontrei a maldita carta dela. Essas letras feriam minha alma, eu não conseguia entender os motivos, acaso fui tão ruim assim… eu falhei como um marido?

Em qual momento da nossa vida, ela deixou de me amar, essa pergunta era uma droga na minha cabeça!

Quando cheguei a ler até meio da carta, eu parei e era mais do que o suficiente para entender que havia outro alguém, ama quê?

Olhando novamente as palavras...

“Por favor, eu tenho que viver o meu sonho, não quero mais estar com você. Essa vida no campo me sufoca, estou morrendo a cada discussão nossa. Tenho outro alguém, vou viver com ele e se você procurar por mim, eu nunca vou voltar novamente a esse lugar!”

— Filho, cadê a Manuela? Quero as massagens que só ela sabe fazer nos meus pés, você sabe onde ela está?– Disse ela, a minha mãe.

Apesar da doença, Manuela é a única pessoa de quem ela lembra e não esquece. Digo que não está aqui. Ela não vai mais voltar, a minha mãe fica séria e pede para que eu vá buscá-la.

— Já disse, mãe! Ela não vai mais voltar, só a esqueça de uma vez!

— Farei o mesmo, eu vou apagar ela de dentro de mim! Quero odiar ela na mesma intenção como a amo, entenda que de agora em diante. Você não vai mais vê-la...

Minha mãe chora como uma menina, então ela volta a pergunta onde estava a Manuela? Tudo outra vez, eu só abracei minha velha e dei a ela o respeito pela doença.

Era tão doloroso…

No dia seguinte, acordei com minha irmã ao pé da cama, ela sorriu ao falar que Clarinha estava me buscando. Quando levantei e perguntei que horas eram?

— Meio-dia! Puta merda, porque não me chamou, eu estou atrasado!

— Ryan, você bebeu como um condenado a noite toda! Como queria acordar, você nem dormiu bem, não poderia fazer isso! Não se preocupe, eu fiz os pagamentos aos nossos funcionários.

— Soube o que aconteceu, sinto muito, Ryan, eu estou realmente surpresa com essa mulher. Ela não falava muito comigo… eu até tentei, mas não deu certo. Manuela estava sempre com os pensamentos em outro lugar.

— Um dia vi ela conversando com um homem perto da porteira. Não vi o rosto, eles estavam discutindo alguma coisa, mas ao me ver o cara montou no cavalo e se foi.

[...]

— Quem era?

— Não disse que, eu nem vi o rosto da pessoa, mas se perguntar ao Rolf? É nosso ordenhador de leite, ele estava indo ao curral e viu tudo, quer chamá-lo?– Ela disse ao carregar Clarinha no colo, a pequena sorriu chupando a pepeta dela.

Esse bubu traz recordação, ela não tira por nada, é uma choradeira só, a carrego no meu colo, ela aponta para meu chapéu. Coloco na cabeça dela.

Minha filha deita no meu colo, eu acariciei seus cabelos dourados, quanto o alecrim que tenho no meu campo.

[...]

— Não, irmã! Eu não quero mais pensar nessa mulher. Quem teria um coração tão fo'dido para abandonar essa criança não linda? Nossa filha e eu fomos abandonados! Tudo por uma aventura extra conjugal!

— De agora em diante, está proibido falar nela nessa sede! Não permito que falem nesse assunto dentro dessa casa!

— Sim, irmão…

Os dias se passaram, fiquei no trabalho que era meu alento. Os porcos haviam procriado, nossas encomendas de queijo, algodão e soja, verduras e leite, a exportação e o fechamento com outro país. Rodolfe cuidou de tudo, ele como sempre em serviço a favor da nossa fazenda.

O dinheiro estava entrando e com a quantidade de novos contratos, Sempre dividia as minhas conquistas com Manuela, então o meu sorriso na reunião muchou.

Porque ela já não estava mais comigo, eu sentia que faltava algo, mas procurei não pensar nela e colocar os pensamentos no trabalho.

Minha irmã olhou para mim e seu olhar era de tristeza, era o que eu mais odiava nas pessoas, o único que entendia minha dor era o Henrique.

Ele se divorciou da esposa, a pegou com meu amigo capataz.

Na época o homem era um ex namorado dela, não sabíamos quando houve o contato, numa noite ele procurou por ela.

A encontrou no pasto, estava deitada com ele desnudos, abraçando. Havia indícios de sexo e dias taças de vinho caída ao lado de uma garrafa.

Meu irmão quase matou ele, a mulher dele não falou uma só palavra, até o dia seguinte quando fui até a delegacia retirar ele de lá. Ela estava ao meu lado e disse que não fazia ideia de como foi parar lá… nunca falaria isso, mas também não sabe se aconteceu alguma coisa entre os dois.

Henrique voltou comigo para sede da fazenda, eu estava ao lado dele que nem a olhava. Ela disse querer e precisava conversar a sós. Henrique não quis ouvir, então ela começou a falar dentro da caminhonete.

— Eu amei ele no passado, mas não hoje. Você é o único para mim. Estava escondendo uma… eu tenho que explicar! Escute, Henrique. Não é o que está pensando, não fiz o que pensa, mas se aconteceu, não sou culpada!

[...]

— Eu quero o divórcio, não confio mais em você, acabou! Ouviu, bem? Suas noites eram isso que faziam?

— Acordava sem ter você ao meu lado. Quando a procurava, estava dormindo no pasto e olha só, mas dessa vez eu paguei!–Disse rangendo os dentes.

Meu irmão é um policial militar, também ajuda na segurança da fazenda. Posso dizer que é a minha mão na roda!

— Não pode me deixar, eu estou grávida! Vamos ter um bebê, era o que queríamos, lembra? Tem que acreditar em mim… sei que isso viu, mas eu queria contar antes, é algo que tenho desde que era uma, por favor escute!

Meu irmão saiu do carro batendo a porta, digo que ele vai pagar o concerto. Henrique deu o dedo do meio.

— Bem maturo! Vai se fod'er, Henrique! A Luana olhou com tristeza e pediu desculpas e seguiu ele, não sei o que aconteceu depois... Meu irmão sofre até hoje, acho que não temos sorte no amor ou estamos pagando um pecado.

Após isso, três meses se passaram, o irmão dela contou ser verdade sobre o amor que a irmã tinha pelo Golias. Eles se amavam desde suas infâncias. Luana assinou o divórcio, ela o deixou na madrugada levando apenas a roupa do corpo. Hoje ela mora em São Paulo, seu irmão conta que sobra a vida dela.

Vive com vários homens nas noitadas, liga e está sempre bêbada em boates, irmãos sentem falta dela e a mãe que sofre de saudades.

Por isso Henrique se trancou para o amor, ele prefere não tocar no assunto e tão pouco tem tempo para encontrar outra pessoa. Só a prima de Vanessa vive querendo uma oportunidade com ele.

Isso foi há seis meses, nem com o passar do tempo, o povo incherido da cidade não esqueceu sobre minha esposa ter me deixado, virei motivo de chacota na cidade!

Por causa disso, eu me envolvi numa briga com o maldito Samuel Salva tore! Irmão de Manuela, ele dizia coisas sobre ela. Ele desconfia que a irmã sofria nas minhas mãos. Nunca tocaria no fio só de seus cabelos, eu amava!

— Não sei o que você fez, mas minha irmã nunca teria abandonado a filha e nem você, sei disso, pois a pouco tempo voltei de viagem soube que dela e esse sumiço.

— Eu encontrei uma coisa no quarto dela, acho que deveria ver, é um diário. Você precisa ler!

— Venha comigo e veja você mesmo... acho que vai ajudá-lo, eu sei que vai encontrar mais do que a verdade, você vem?

{Cantinho da autora}

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