Pov Angelique Lacey
- Ele quase pegou você na rádio\, senhora.
- Quase\, Lee. E agora não preciso mais ficar concentrada tentando decifrar a mensagem da rádio. Vire aqui.
Descemos por uma rua tortuosa na parte ruim do centro, meus saltos deslizando nos paralelepípedos com camadas finas de gelo, mas eu tinha pressa, logo iria anoitecer e eu estava na rua, fazendo algo proibido.
- Não sei o que quer dizer\, senhora.
- Eu desvendei o código. Aqui – parei em frente a um estabelecimento muito suspeito\, uma pequena sapataria decadente.
- Você desvendou? Como?
- Entre e pergunte pelo menor sapato.
- Nesse lugar? O seu marido deixou uma quantidade boa de dinheiro\, pode ter os sapatos que quiser.
- Eu quero o menor sapato\, desta loja. Por favor.
Lee aquiesceu, não tinha mesmo muita escolha, afinal, eu seria a dona dele por mais alguns meses.
Assim que ele entrou na loja, percebi um ar estranho passando pelas ruas, como uma predição, uma escuridão vazia, se é que faz sentido. Havia algo maligno naquelas ruas. Percebi o que era quando o homem grande e corpulento virou a esquina.
- Anda\, Lee – minhas pernas estavam tremendo enquanto aquele homem se aproximava\, suas mãos grandes fechadas ao lado do corpo.
- Boa tarde\, mocinha.
- Desculpe\, estou esperando alguém.
- Sim e eu já cheguei – ele gingou o corpo\, balançando o tronco para os lados.
- Estou ocupada agora\, então se o senhor me der licença.
Tentei me virar e entrar na sapataria quando ele segurou meu pulso com força.
- Me solte\, o que pensa que está fazendo – peguei um leque e comecei a bater nele\, sem que ao menos ele se movesse\, ele segurou meu outro pulso me impedindo.
- Eu sei quem você é\, eu vejo você por aqui. Cheirosa\, decotada. Mas sabe que estou me perguntando\, por que veio tão fundo? Está falindo? Cobrando mais barato?
- Eu não faço mais isso. Eu sou casada\, me solte!
Eu sabia que não adiantava gritar daquele jeito, naquelas ruas, ninguém liga para se você está em perigo ou se alguém está fazendo algo que não devia, a maioria das pessoas ali também estavam.
Ele sacudiu minha mão até derrubar o leque, me deixando completamente indefesa. O homem me arrastou pela rua, um de meus saltos se quebrou e nem assim ele parou, por mais que eu gritasse por Lee, ele parecia não ouvir lá de dentro.
O homem me enfiou em um beco apertado entre dois prédios e para que eu ficasse quieta bateu minha cabeça contra o muro, então eu olhei para ele, olhos amarelos estreitos e dentes pontudos animalescos, cobertos por uma grande quantidade de pelo grosso.
- Aqui está\, pagamento suficiente – ainda me segurando com uma mão\, ele tirou algumas moedas do bolso e as despejou sobre o meu decote\, eram apenas centavos e poucos dele.
Sem perder tempo ele começou a levantar meu vestido, rasgando-o aos pedaços.
- Espere\, eu posso pagar\, tenho dinheiro.
- Não é dinheiro que eu quero.
O homem passou a mãos entre minhas pernas e me atacou com seus dentes, perfurando meu ombro.
- Solte ela – algo acertou a cabeça dele e o licantropo caiu\, olhei para a saída do beco e vi Lee com outra pedra na mão e segurando um sapatinho de criança na mão.
- Rápido\, senhora. Não temos tempo.
Eu corri até ele que me oferecia o sapato, eu sabia que precisava pegar, por pouco não o perdi, antes de tudo começar a rodar eu só consegui segurar a fivela de metal, corremos pelo beco até a rua principal e só paramos ao subir em um bonde.
- Temos que descer.
- Para onde?
Lee apontou na sola do sapato, um endereço, era outro beco e bem perto de onde estávamos.
- Salta – Lee pulou do bonde e o segui\, com o salto quebrado acabei caindo de joelhos\, ainda sentia a necessidade de correr\, entrei no beco apontado e corri até o número do tamanho do sapato: 22.
Abri a porta de uma vez e entramos.
Quando paramos, me dobre com as mãos nos joelhos, eu estava tentando respirar. Me levantei confusa com o lugar, era uma pequena sala sem nenhuma decoração, havia a porta na atrás de mim, mas não sabia se devia correr para ela. O pânico se instalou, eu ainda não havia me recuperado daquele susto.
- Senhora?
Me virei para Lee e depois para onde ele apontava.
Nate Evans se levantava de uma escrivaninha pequena que mal suportava seu tamanho, ele também parecia assustado, mas comigo.
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Atualizado até capítulo 138
Comments
Nélida Cardoso
😱😱😱😱😱😱👹👹👹👹👹👹
2025-03-14
0
Mellika Duarte
vixe
2024-11-10
1