Capítulo 7

André

Quase uma da manhã eu e minha baixinha saímos da casa da Maria Eduarda.

Na calçada, de mãos dadas, nos despedimos do Guilherme e da noiva dele, já que Rubens e a loirinha, Bianca, já tinham saído também juntinhos e pelo que eu entendi, iam pro apartamento do meu amigo. Espero que o Rubens não brinque com os sentimentos da moça, pois ela parece ser uma boa pessoa.

- André, eu confio em você e o Gui me disse que você é um homem correto, mas se fizer algo com a minha amiga contra a vontade dela, eu sei onde você mora e onde você trabalha, entendeu? - Duda me ameaçou, enquanto Guilherme sorria, abraçando a noiva.

- Pode deixar, cunhada. Eu vou cuidar muito bem dessa moça linda e, se ela permitir, pretendo conquistá-la com calma, eu não preciso de pressa. - Passo o braço ao redor da cintura da Sara. - Ela não é mulher pra apenas uma noite e sim pra várias noites e dias inteiros!

Vejo o rosto da minha ruivinha ficar todo corado e eu a abraço por trás, apoiando meu queixo em seu pescoço.

- Pode ficar tranquila, Dudinha! - Sara diz, calmamente. - Se o Dr. Certinho tentar algo, eu tenho spray de pimenta na bolsa e não tenho medo de usá-lo. Além disso eu fiz aulas de defesa pessoal durante anos, sei bem como me defender.

- Nossa! Que é isso?! - digo, virando ela de frente pra mim. - Acha que eu seria capaz de...- ela me interrompe, pousando os dedos sobre meus lábios.

- Não, não acho! Eu confio em você, estranhamente, eu confio! E eu estou brincando, está bem?! Tenho realmente o spray na bolsa, mas tenho certeza de que não precisarei usá-lo essa noite.

Respiro mais aliviado. Jamais seria capaz de fazer algo com qualquer mulher contra a vontade, muito menos com a Sara.

Eu chamei um uber, já que bebi algumas cervejas. Meu carro eu deixei na cada da Duda e pego amanhã.

No caminho, mantive a Sara nos meus braços, com a cabeça apoiada no meu peito, enquanto sentia o perfume de seus cabelos.

Quando estávamos em frente à casa dela, depois de passarmos pelos enormes portões de ferro, eu saí do carro e abri a porta pra ela, que me olhou e sorriu.

- Que cavalheiro! - ela disse, assim que fechei a porta do carro e entrelacei nossos dedos, caminhando em direção à entrada da casa.

Pedi ao motorista do Uber que me aguardasse do lado de fora da propriedade, porque eu queria um pouco mais de privacidade para me despedir da minha ruivinha.

Não posso negar que a imponência e grandiosidade da propriedade me impressionou e me fez ficar em alerta novamente.

Ela certamente é de uma família muito rica, pra dizer o mínimo. Tudo aqui é grande e parece extremamente requintado, e olha que eu só cheguei até o degrau da escada que dá acesso à entrada.

Eu sou um médico bem reconhecido e com uma excelente carreira, um bom salário e meus pais quando faleceram me deixaram uma boa herança em dinheiro e alguns imóveis, mas não chego à ser milionário ou coisa do tipo.

Sou rico, muito bem de vida e tenho dinheiro o suficiente para viver uma vida confortável e proporcionar o melhor para minha filha, mas não gosto de esbanjar e não sei se a Sara estaria disposta à viver algo com alguém que leva uma vida mais simples, além de ser bem mais velho que ela.

Sei lá, essas questões me fazem suspirar pesadamente, mas agora é ela quem parece entender meus conflitos e segura minhas mãos, me fazendo encarar seu rosto e me presenteando com um sorriso lindo que eu tenho certeza que vai povoar meus sonhos durante toda a noite.

- Isso...- ela aponta a casa e tudo ao redor. - É algo que meu avô contruiu e meu pai apenas expandiu e melhorou. E não representa nem um pouco o estilo de vida que eu considero ideal. Eu desfruto sim, de todo o conforto que meus pais me proporcionam, mas não se engane, eu não sou uma patricinha mimada que passa horas batendo pernas no shopping e torrando a mesada que ganha dos pais ou estourando meu cartão Black. - ela sorri. - Eu sou uma garota de 18 anos, estudante do ensino médio, tenho uma loja online há dois anos e vivo muito bem com a renda que esse trabalho me dá. Claro que eu desfruto das comodidades que meus pais me dão, e são eles que pagam minhas mensalidades escolares, mas sou eu quem pago minhas roupas íntimas e meus gastos pessoais. - diz, parecendo realmente orgulhosa de suas conquistas, e eu admiro isso. - André, eu sou aquele tipo de garota que come hambúrguer artesanal numa hamburgueria badalada na zona sul, mas que também ama Hot dog de carrocinha e não vê problema algum nisso. Eu não sou metida, e meus pais sempre me ensinaram a valorizar as pessoas e nunca julgar ninguém. Eu tenho um temperamento meio explosivo, sou intensa e não guardo nada, se tiver que falar eu falo e as pessoas muitas vezes não gostam disso. Mas eu sou extremamente leal e protetora com quem eu amo e não tolero mentiras.

Eu a vejo respirar fundo e encarar o chão...

- Sara, eu também não gosto de mentiras e eu quero ser sincero com você. - seguro o rosto dela entre minhas mãos e ela põe as mãos dela sobre as minhas. - Acabamos de nos conhecer, e sinceramente eu estou receoso. Eu sou um homem de 31 anos, com uma filha pequena que precisa de mim e eu daria minha vida por ela. Trabalho em plantões de 24 às vezes 36 horas, nem sempre vou ter tempo ou disposição pra sair pra balada ou viajar como um cara normal. Não sou um CEO bilionário como nos livros de romance ou tenho uma vida perfeita como nos contos de fadas. Eu sou um homem que sofreu muito no passado e que não sentiu vontade de se entregar, de abrir o coração pra nenhuma outra mulher.. - aproximo meu rosto do dela, que me olhava atentamente. - Pelo menos não até há algumas horas atrás, quando eu senti meu coração disparar quando tive você dentro do meu abraço. Eu quero isso, quero viver isso, te cortejar como um cara mais velho porque é isso que eu sou. - ela sorri. - Quero te fazer sorrir, quero te mandar flores, te levar pra jantar, te conhecer e me abrir pra você...- respiro fundo. - Eu quero você, Sara! Mas pra entrar na minha vida, você tem que aceitar e entender, que não sou só eu, que tem uma menininha linda de quem eu não abro mão e que também vem no pacote.- ela continua me encarando. - Você aceitaria me permitir te cortejar, te conhecer melhor e tentar conquistar um espacinho nesse seu coraçãozinho, minha ruivinha?

Ela não diz nada, só fica na ponta dos pés e cola os lábios nos meus, passando os braços ao redor do meus pescoço e eu confesso que de início fico sem reação, mas logo movo meus lábios sobre os dela, e quando dou por mim, envolvo sua cintura e a aconchego ao meu corpo, deslizando minha mão em sua nuca puxando ela ainda mais pra mim e apertando levemente sua cintura. Minha língua pede passagem e ela me permite explorar sua boca levemente adocicada e extremamente saborosa. Suas mãos puxando levemente meu cabelo e eu aperto sua cintura e a envolvo ainda mais, se é que isso é possível.

Meu coração está batendo num ritmo totalmente insano e meu corpo inteiro parece estar gritando por ela, querendo estar assim, junto ao dela.

Uma sensação deliciosa, nossas língua se encaixando perfeitamente, mas havia tanta doçura, tanto carinho entre a gente. Tinha desejo? Sem dúvida nenhuma! Mas era muito mais, eu queria a Sara, queria além do corpo, era como se finalmente eu me sentisse completo, encaixando meu beijo e meu corpo à quem eu sempre pertenci. A experiência era surreal e intensa demais.

Quando nos afastamos, ela me dá vários selinhos, e logo sorri, ainda ofegante e vejo aqueles lábio lindos e inchados pelo nosso beijo.

- André...- a voz ainda ofegante era tão sexy, e ela parecia não ter a mínima ideia disso.

- Ah, minha pequena...- mordi o lábio dela e deslizei minha mão em seu rosto. - Sinto muito, mas você acabou de me viciar nesse seu beijo, e agora...- eu a beijei levemente e me afastei. - Agora é pra valer! Eu quero você pra mim, Sara!

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