Capítulo 5

Sara

Os braços fortes do André me envolviam e eu só queria ficar quietinha e aproveitar essa sensação de lar, de reconhecimento, de estar em um lugar que eu parecia ter esperado há muito tempo, mesmo que nunca tivesse procurado.

Parece loucura, eu nunca tinha visto esse homem antes, mas eu pareço conhecê-lo há muito, muito tempo.

O perfume dele parece acalmar e atiçar meus sentidos ao mesmo tempo. O toque dele, afagando lentamente meus cabelos e o polegar deslizando preguiçosamente nas minhas costas fazem meu corpo querer se aconchegar ainda mais.

E eu confesso...estou em pânico!

Nunca senti algo nem minimamente parecido com o Rômulo, que foi o idiota por quem me apaixonei e com quem tive minha primeira vez. Foi um sentimento mais de momento, passageiro, e que me deixou marcas profundas quando descobri que ele apenas me usou e depois que terminamos ele ainda saiu contando o que fez comigo. Era minha primeira vez, foi no banco traseiro de um carro e ele foi horrível, não me amou, apenas me usou e mais nada!

Mas agora, eu estou aqui, abraçada à um homem que eu nunca tinha visto e sentindo como se meu coração fosse saltar pra fora de tão forte que está batendo, minha garganta está totalmente seca e minhas mãos suando. Eu pareço ter perdido o controle das reações do meu próprio corpo e eu não gosto de não estar no controle.

Eu me fiz forte, eu sempre me fiz forte, as amarguras e dores que guardei me ensinaram que preciso ser forte.

Mas porque eu me sinto frágil e indefesa ao contato dele? Porque eu não consigo resistir e recuar? Porque mesmo me sentindo exposta eu pareço encontrar abrigo nesses abraço quente e carinhoso?

Quando percebo, estou sentindo lágrimas rolarem pelo meu rosto. E eu não sou assim, eu sou razão!

Emoção não, Sara! Agora não! Por favor, por favor, eu preciso do meu lado racional agora! Eu não conheço esse homem, porque estou assim?

Tento me afastar, porque estou confusa, insegura e me sinto estramente vulnerável, mas sinto ele me apertar em seus braços, e logo seus dedos pousam carinhosamente no meu queixo, erguendo meu rosto e me fazendo o encarar, e tudo o que eu não queria era que ele visse nos meus olhos a completa confusão e conflitos dentro de mim.

- Eu sei, acredite, é assustador pra mim também. - ele diz, olhando nos meus olhos, sorrindo tão lindo, enquanto acaricia meu rosto e seca minhas lágrimas com o polegar, delicadamente. - Mas tenha certeza que eu estou tão nervoso e fascinado quanto você, minha pequena.

- André...eu não sei o que é isso...e me dá medo...- digo, com a voz embargada. - Eu nunca senti essas sensações antes...

Ele só sorri novamente e me abraça apertado, sem quebrar o contato visual, mas sinto ele dar um longo suspiro, parecendo procuras as palavras que parecem ter fugido nesse momento.

Eu continuo olhando pra ele, esperando e me preparando pra que ele me diga que é coisa da minha cabeça. Porque se for, eu sei lidar com a mágoa, com a rejeição e vestir a casca de forte e inatingível.. mas no fundo, bem no fundo, eu só queria ouvir ao menos uma vez que não é mentira!

- Eu também nunca senti algo assim. Forte, intenso, mas ao mesmo tempo calmo e acolhedor...- ele começa e respira fundo novamente. - Mas se você quiser, e eu espero de verdade que você queira tanto quanto eu...- ele cola a testa na minha e sinto sua respiração contra meu rosto. - Estou muito mais que disposto a te ajudar a descobrir esse sentimento, te conhecer aos poucos, e te conquistar.

Ele quer? E...ele está sentindo o mesmo que eu?

André parece ouvir meus pensamentos, pois se afasta e sorri carinhosamente pra mim, enquanto faz um carinho preguiçoso no meu rosto.

- Sim, minha pequena, eu estou sentindo o mesmo que você! Eu quero que a gente viva isso, e eu não sou mais um garoto, então eu sinceramente não tenho dúvidas do que isso seja!

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