Capítulo 14

Eu não fazia ideia pra onde ir. rodei durante noite e dia, todas as avenidas paulista, com medo de ser reconhecida por algum conhecido de benjamin.

As noites e dias mais torturante das minhas vida, porque todos mundo que me olhava parecia que sabia de tudo que eu passei, e estava passando. Era olhares de pena, olhares de julgamentos pelo meu corpo. por mais forte que eu estava sendo, tudo que eu queria era chorar.

Porque me matava, todo aqueles olhares que eu estava recebendo. mais também porque uma hora você cansa de ser forte, não valia a pena chorar, não valia a pena ligar pras queles olhares de julgamentos. Porque ninguém iria entender o que você está passando, ninguém entenderia o que você passou pra estar até aqui. então sim... Eles vão julgar sem saber o que você está passando.

Por muito andar, me vi parada enfrente a rodoviária observando ônibus de várias lugares entrarem e sair. me questionando se eu estaria fazendo certo ao pensar na possibilidade de ir embora do lugar, onde nasci e onde as pessoas, mais me fez mal.

O dinheiro que seu Antônio me deu, eu ainda não havia mexido. eu me questionei se estaria fazendo o certo. quando dei por mim, já tinha comprado a única passagem que ainda existia pra aquela noite.

viajaria para o famoso Rio de janeiro. não pensei, muito e fiz a compra da passagem recebendo olhares que tanto estava me matando, que tanto estava f0dendo mais ainda meu psicológico, como era difícil toda essa situação.

Você se ver sozinha, cheias de traumas, medos e não tem ninguém pra te dá um colo, um ombro pra chorar. INÚTIL, essa era forma que eu me sentia nesse momento, não saber pra onde ir, o que fazer, o que comer e o pior você ser julgada com olhares por pessoas que não sabe nem da metade do que você passou!

SUJA era assim que eu me sentia toda vez que olhava meu corpo, era assim que me sentia toda vez que olhava as marcas das minhas torturas, as cicatrizes que eu iria carregar até meu último dia de vida.

DESCONFORTÁVEL era assim que eu ficava com cada olhar. seja de nojo ou de desejo, porque as pessoas te olha como se você fosse a porra de uma pedaço de carne, porque as pessoas acha que tem o direito de te olhar como se você fosse uma vadia.

Porque na rua é assim, assédio, estupros. e o pior, se você negar os desejos deles você apanha e ninguém tá nem aí pra toda essa situação. passa te ver apanhando ou sendo assediada e nada faz.

Quando cheguei no Rio tive esperança de ser tudo diferente. mas como? se o único dinheiro que eu tinha foi usado pra passagem? Estava com fome sendo a única coisa que havia comido era aquelas malditas sopas horrível do hospital.

Desde que eu pisei meus pés no rio, estou andando nessas ruas cariocas sem rumo, conhecendo cada lugar dela, e sem mostrar qualquer emoção que seja.

Na rua você vê tantas coisas, pessoas com a mesma ou pior condição que você. você vê crianças chorando de fome, mães batendo em seus filhos porque não conseguiu dinheiro pra sustentar seus vícios. se tava ruim pra mim, imagina pra essas crianças.

Era horrível você ver tal situação e não conseguir fazer nada pra mudar, era difícil ver as crianças do seu lado chorando e você não poder fazer nada, sendo que você não tá fazendo nem pra si mesmo.

O pior era ver quem tinha condições. simplesmente virando o rosto, tampando seus olhos pra toda essa situação. O que mais quebrava a mim, era ver que tinha pessoas que invez de ajudar, te olhava com nojo.

O sol exalando do Rio era como uma tortura para os moradores de rua. mais pra mim era como se isso não fizesse diferença nenhuma, era como se o sol ali não existisse!

Sentada em frente ao mar depois de dar um mergulho pra tirar mal cheiro que estava começando a aparecer por causa do sol quente, eu suspirei. suspirei de cansaço, suspirei por não saber qual seria o rumo que eu faria daqui pra frente, suspirei de frustração.