Capítulo 18

Eu observava a mulher na minha frente de cima em baixo, poderia ver que mesmo em baixo de todo sujeira ainda poderia ver sua beleza. mesmo que seja pouca pela sujeira.

Me perguntava o que uma pessoa como ela fazia na rua? sendo que poderia ser uma pessoa bem vivida e com uma condição financeira grande. mais é aquilo nem todo mundo e perfeito!

Eu já tinha escutado sobre ela hoje, a estranha que dormiu na chuva depois de ter observado a estrelas e pela manhã saiu sem rumo. e bom agora a vejo na minha frente.

Eu tentava decifrar seu olhar, tentava entender o que se passava pela sua mente. mais algo me dizia que tulo ali era uma bomba relógio, eu me via nela, via claramente uma versão minha numa pessoa desconhecida.

Longe se via que ela conhecia muito bem a maldade do mundo, mais principalmente a maldade do mundo do crime.

Não sou um santo, estou muito longe disso ...não entrei no crime por necessidade, não entrei por aventuras ou talvez um pouco.

Eu era uma criança revoltada mesmo tendo tudo, nem tudo mais tinha sempre o suficiente... Comida na mesa, amor, carinho, atenção. via sempre meus pais se matando na vida pra me dar algo que eu queria.

Todas os dias que eles saia pra trabalhar eu ia pra rua. brincava como qualquer criança fazia, até fazer amizades erradas, então comecei a me achar um fodão, vivia fazendo coisa errada e meus pais não gostava nenhum pouco do que estava acontecendo, e sempre me botava de castigo.

Eu vivia num bairro nobre no asfalto, mais onde você via tudo que não precisava ter visto. Com meus 10 anos de idade simplesmente sumi de casa, odiava ser tratado com uma criança, e ficar recebendo ordens dos meus pais.

No começo eu tava Féliz não tinha ninguém me dando ordens ou falando o que eu devia ou não fazer. mesmo estando errado, eu continuei, apanhei, passei fome e tudo que se podia imaginar!!!

E logo vim parar aqui, no morro Complexo da maré. Fui daqueles que começou do baixo e foi subindo os poucos, quando eu tinha 16 o arrependimento bateu, eu via a merda que eu havia feito com a minha própria vida.

Eu já não tinha mais meus pais, eu não sabia se estavam vivos ou mortos, não sabia se ainda moravam naquela casa ou o pior, eu não sabia se ainda lembrava o caminho de casa.

A vida do crime tinha seu charme, dinheiro fácil, poder, mulheres, e tudo que você quisesse. mais aí vem a pergunta que geral faz pra você....

Sua vida, sua liberdade vale tudo isso? Vale a pena ter tudo isso mais não ter o importante, que é o amor?

Era o que eu me perguntava direto mais não tinha como eu correr, uma vez no crime sempre no crime ou e a morte ou e a cadeia.!

Vejo geral falando que a vida do crime é fácil. romantizando ser fácil sair do mundo errado eu rio pra caralh0 porquê quem diz isso sinceramente não sabe como tudo funciona.

Se eu sair hoje, eu só saio morto. porque é assim que funciona, você sabe de mais, sabe até o que não deveria saber. você tem o mundo do tráfico nas mãos, sabe esconderijos, fornecedores os membros do tráfico. acha mesmo que vão nos deixar vivo sabendo que a qualquer momento você pode abrir a boca?

Infelizmente não é assim que as coisas realmente funciona. Queria que fosse, mais não era ...por maus Companhias eu me tornei quem sou, não vou por a culpa só neles até porque eu não fui obrigado a nada. mais hoje eu sou isso aqui.

Um lado meu, dizia que eu devia confiar nela, mais meu outro lado dizia que não. era confuso e isso me irrita. a verdade era que tudo ultimamente me tirava do sério.

Ameaças a trás de ameaças, polícias querendo invadir o morro, e claro não podia deixar de lado o mais importante um velho e adorável amigo!

— não sei o que te faz querer entrar nesse mundo boneca. — falei sério a observando. ela engoliu em seco e deu ombro.

Ela parecia não ligar muito com as coisas que acontecia em sua volta, pra ela pouco importa o que ela iria passar daqui em diante, e isso me intrigava nela. queria saber ate onde ela seria capaz de ir.

— o que vier daqui em diante são apenas consequências da vida e que aliás não iria fazer muita diferença na minha visão de vida. — ela disse séria, agora se sentando na minha frente. parecia cansada e isso dava pra se ver a quilômetros de distância.

— posso te ajudar. — eu disse fazendo ela me olhar com uma pitada de esperança. mais ao falar isso, meu lado que dizia que era uma péssima ideia, a agora estava gritando no meu ouvido. mais eu preferia simplesmente ignorar. — mais terá que me mostrar lealdade, isso aqui não é uma brincadeira, não é um conto de fadas. estamos rodeados de obsessão, dinheiro, poder . — eu falei e ela estava atenta em tudo.

— Tudo bem. nem tudo é fácil, eu iria estranhar se isso fosse fácil. — ela disse me fazendo dar uma risada grave e negar com a cabeça.

Eu não julgo pela sua desconfiança, ela realmente estar certa. quando a esmola é demais, o santo desconfia. não só o santo, mais até mesmo o diabo.

— pra sua sorte, estou precisando de uma pessoa boa em matemática, estou desconfiando de um desfalque. — falei sério já que isso estava me tirando o sono. as contas não batia e eu claramente não entendia muito bem de cálculos. — estarei te dando esse voto de confiança. te darei casa, comida, até eu achar um lugar pra você ficar. — falei sério e ela concordou.

— tudo bem. tentarei não te desapontar. — ela falou séria. eu olhei no fundo dos olhos dela. ela me instigava e eu não sabia dizer o porque. — eu preciso de um banho e se não se importa comer alguma coisa. — falou meio sem jeito, morrendo de vergonha. mais mesmo assim não desviou o olhar do meu. — estou a 3 dias se comer e tomar banho. as vezes entrava no mar pra amenizar a sujeira. — ela disse e meu coração apertou.

Eu sabia o que era isso, eu era só um menino rebelde quando eu passei noites e noites durante dias e meses sem comer.

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