Capítulo 15

Peter

Desde que chegamos no prédio o pequeno John parecia incomodado com alguma coisa, assim que entramos na cobertura ele resmungou algumas vezes e eu e Jane acreditamos que era por conta do cansaço do dia.

Mas assim que ela correu para o seu quarto para atender a ligação do namorado idiota ele choramingou ainda mais, eu colocava a sua chupeta em sua boca, mas logo ela caia, ele não aceitava e se contorcia.

– vem cá garotão – eu o peguei no colo antes que o seu choro aumentasse, eu estava nervoso ontem ele não ficou assim então eu fui atrás da nossa Jane.

– ah sim, estou na recepção do prédio, preciso desligar, mais tarde nos falamos – eu a ouvi dizer, eu não era burro, então entendi de imediato qual havia sido a pergunta, eu me sentia decepcionado, não com ela, comigo mesmo, com a vida.

Quando ela desligou a ligação e se virou nos encarando eu só lhe dei um meio sorriso e me virei para sair do seu quarto.

– Peter – chamou porém não dei importância, doía para caralh0, mas é como ela disse, tudo o que está acontecendo era culpa minha

– Se você precisa mentir por minha causa e do meu filho isso não é bom, você não é uma mentirosa, e eu não vou deixar você se tornar uma por nossa causa – eu disse colocando o pequeno John no seu bebê conforto, ele esperneava, porém agora não era a hora.

– Peter por favor, o que você está fazendo? – ela disse pegando a mala da minha mão assim que eu a peguei

– Eu vou embora Jane, assim quem sabe você pare de mentir e traga ele aqui, talvez John e eu estamos lhe empatando – disse deixando as palavras saindo da minha boca como uma faca, doía para um caralh0, eu me sentia sufocado.

– você não pode e não tem o direito de fazer isso – rosnou ela tirando a mala da minha mão – não faça isso, pare de tentar me fazer eu me sentir culpada

– eu não tenho tempo para discutir isso agora – eu disse, quando eu tentei colocar a chupeta na boca de John que esperneava percebi a minha mão trêmula – Calma filho já vamos.

– vou fazer a mamadeira dele – ela falou, notei que limpava algumas lágrimas – Eu só menti porque você disse que até resolvermos tudo ninguém poderia saber de John, não é?

– Tudo bem Giane, não se preocupe com isso – eu disse, senti sua mão em meu braço, ela encostou o seu rosto ali e suspirou.

– Estamos fazendo isso juntos, ok? – disse – não vou implorar você sabe disso, só por favor se acalme e pegue John no colo enquanto eu faço o leite, por favor.

Eu respirei fundo e fiz o que pediu, peguei John no colo e ela correu para fazer o leite dele, porém percebemos depois que o problema não era esse.

Depois de duas horas no hospital descobrimos que ele estava com cólicas, eu nunca me senti tão desesperado vendo o meu filho gritar daquela maneira, eu não entendia nada de bebês e nunca vi nem os filhos dos meus irmãos chorando, mas eu sentia como se o meu filho tivesse me pedindo socorro, era angustiante ver que nada do que eu fazia adiantava naquele momento, tinha muito dinheiro, era inteligente e ainda assim, não foi o suficiente para tirar a dor dele, eu me senti incapaz.

Quando ele dormiu e já estávamos em casa era por volta de nove e meia da noite, me joguei no sofá da Giane e todo o acontecimento de três horas atrás voltou.

– Alô – disse assim que atendi a chamada de Stella

– onde esteve? – Indagou – sumiu o dia todo, nem sua secretária apareceu hoje, te liguei você não atendeu, as diversas mensagens que eu mandei não respondeu, sei que não está com ela porque sua voz não está com cara de quem passou o dia em lua de mel.

– o dia foi longo Stella – disse e no mesmo instante Giane voltou para sala já com a sua roupa de dormir, era um pijama de blusa manga cumprida e calças folgadas enormes dos Simpsons, quase deixei um sorriso escapar – conversaremos outro dia, agora eu realmente estou cansado.

– Mas você está bem? – Indagou parecendo preocupada, desde o acontecimento no restaurante eu lhe contei que não podíamos mais ficar juntos, e que tudo o que ela teria de mim seria a amizade a partir, ela concordou e disse que por ela tudo bem, e realmente durante esses dias tem sido uma amiga, apesar de que eu não confio tanto.

– sim estou bem, preciso desligar, vamos comer agora – eu disse quando ouvi o interfone tocar, em seguida desliguei de imediato a chamada e esperei Jane voltar da cozinha.

– Eu avisei que pagaria uma taxa maior se entregador subisse, preguiça de ir buscar – disse e eu apenas concordei, ouvi seu suspiro quando me virei para ir até a porta esperar, assim que eu paguei o entregador levei a pizza até a cozinha, ela me seguiu e comemos em silêncio, ela parecia agoniada para falar comigo, mas eu preferia me manter em silêncio, pois eu sabia que eu não estava em um bom estado e que eu provavelmente iria magoá-la com as minhas palavras rudes – Eu estou com vontade de enfiar um pedaço dessa pizza no seu ouvido até varar no outro assim talvez você me escute e fale comigo.

Disse brava pegando mais um pedaço de pizza e comendo com raiva, eu quase deixei uma risada escapar porque de fato ela era engraçada quando ficava brava e eu amava cada versão sua.

Infelizmente a ficha de que é tarde demais, e talvez recuperar o seu amor parece agora uma missão impossível, caiu.

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