Capítulo XII

...Winnie🔥...

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Desde que o Molog saiu de casa, eu estou aflita. O meu coração parece que vai sair pela boca, as horas parecem não passar, e até agora, tudo o que eu sei, é sobre a invasão que a tv está noticiando. Graças á Deus, nenhum dos meninos foram identificados, além do tal Caveira, dono do morro.

O meu pensamento acaba viajando, indo para a noite anterior que passamos juntos. A nossa noite foi completamente mágica, diferente das poucas experiências que eu tenho, e de tudo o que eu imaginei que eu pudesse sentir algum dia. Foi muito além do prazer, muito além do tesão, e isso estava muito claro através de cada beijo, de cada toque... ele fez com que eu me sinta cuidada, amada, admirada, desejada.

Sou tirada dos meus pensamentos, quando a Amarílis se senta do meu lado, e logo me abraça.

Amarílis: Eu sabia que você ia se tornar a minha cunhadinha!

Winnie: Meu Deus! — Dou risada. — Quem sabe.

Amélia: Vocês dois, ué. Para que isso dê certo, basta os dois quiserem, e fazerem dar certo. É sobre irem construindo isso, com carinho, diálogo, compreensão, atenção, confiança. Eu sei que tudo vai dar certo. Posso ver que você é uma boa pessoa, que tem um coração valioso, e merece ser muito feliz, assim como o meu neto também merece!

Winnie: Eu sei, Nanãe. Mas, ao mesmo tempo, eu morro de medo de parecer que estamos indo na emoção, e quando isso passar, ser somente momentos.

Amélia: Querida, não fica assim. Pare de pensar desse jeito. Não tenha medo de viver o agora, de viver os dias com intensidade, sem medo. Se joga, aproveite a vida, cada momento ao lado dele, assim como ele irá aproveitar ao seu lado. Deem boas risadas, beijem muito, transem muito, façam muito amor, não tenham medo de viver algo tão lindo, porque a maneira como vocês se olham, dá gosto de ver. Vocês se olham com paixão, com desejo, e isso é raro hoje em dia. Aproveite essa oportunidade que a vida está lhe dando, e viva a vida como deve ser.

Winnie: Tem razão, Nanãe! Muito obrigada por isso.

Ela me abraça, e vamos organizando tudo em casa. A Nanãe voltou a rezar o seu terço, e o dia vai passando, e todas estamos já expectativa. Tomo um banho, coloco uma roupa um pouco mais quentinha, e começo a andar de um lado para o outro, um pouco ainda aflita com toda a demora, quando vejo ele entrando pela sala. Corro até ele, e noto que ele está sem camisa, e com um curativo no braço. Sem perder tempo, e com cuidado, eu vou até ele, enchendo o seu rosto de beijos, e dou vários selinhos demorados, permitindo que algumas lágrimas rolassem. Um alívio muito grande toma conta do meu peito, porque eu estou feliz por ter ele de volta, por sentir o meu menino de novo aqui comigo, porque eu não saberia o que fazer, caso ele não voltasse.

A Nanãe e a Amarílis logo veem abraçá-lo também, e ele se senta.

Winnie: O que aconteceu? Você está bem?

Molog: Eu estou bem, linda. Eu tive uma pequena briga com o Caveira, e a mulher dele acabou me acertando na cabeça e me ferindo pelas costas. Mas, não foi nada muito grave.

Amélia: E, onde que aquele desgraçado está?!

Molog: Ele está aqui no morro, Nanãe. Ele está aqui, junto com a maldita da mulher dele. Aquele morro era um verdadeiro circo dos horrores! Eles traficavam mulheres, crianças. Pelos documentos, atraíam mães solteiras, com alfuma proposta e chegando aqui, são estupradas, e mandadas para um bordel no interior do Rio. Tantas crianças, de cinco anos a cima. Inclusive, tem um garotão, que eu quero que vocês conheçam.

Nesse momento, um menino lindo aparece nos braços de um vapor. Ele é a coisa mais linda do mundo, com o cabelinho cacheado e os seus olhinhos vedes observando atentamente todo mundo. Ele sorri quando vê Molog, que o chama quando ele é colocado no chão, e ele vai para o colo do Molog.

Amélia: Que garotão lindo! Qual o seu nome?

Menino: Me chamo Brian.

Amélia: Um nome muito bonito, Brian. Assim como você.

Brian: Obrigado, tia!

Amélia: Pode me chamar de Nanãe, meu querido! Aquela dali é a titia Amarílis, e aquela ali, é a titia Winnie.

Brian: Oi...

Ele diz todo envergonhando, e o Molog o abraça. É muito linda a conexão que os dois já possuem desde agora. Ele tem alguns machucados pelo corpo, e uma tristeza no olhar. Eu não quero nem imaginar tudo o que esse menino já passou nessa vida. O meu peito dói, minha alma sangra, e o meu sangue ferve, só de pensar nisso.

Brian: Tio, eu posso ficar aqui? Eu não quero voltar pra lá, porque só tem pessoas ruins, pessoas do mal, que machucam criancinhas e mulheres. Eu não quero ouvir os gritos, os choros, nem quero sentir mais dor.

Molog: Você vai ficar aqui sim, Brian. Nós vamos cuidar de você, vamos te proteger, e nunca mais verá tudo aquilo de novo, tá? Eu prometo!

Amarílis: Nós vamos cuidar de você, Brian! Está com fome?

Ele acena a cabeça em afirmação, e a Amarílis a pega no colo.

Amarílis: Então, vem cá com a titia, que vamos comer algo bem gostoso, tomar um saquinho geladinho e tomar um sorvete! Gosta de sorvete? — Ele confirma. — Ótimo! Aqui em casa, temos um de abacaxi e um de flocos. Certeza que você vai amar!

A Nanãe se levanta e vai para a cozinha, enquanto o Molg pede ao vapor para providenciar algumas coisas para o menino. O vapor sai da sala, e ficamos somente nós dois. Faço carinho no rosto dele, e o beijo. Dessa vez, num beijo calmo, com carinho, enquanto vou acariciando o seu rosto, matando a saudade.

Molog: É maravilhoso voltar para casa, e ter você aqui. Sabia?

Winnie: Eu fico tão feliz em te ver! Eu estava louca para poder te ver chegar. Não via a hora de lhe ter de volta para mim.

Ele abre um sorriso lindo, daqueles que me desmonta inteira, e morde os lábios.

Molog: Eu sempre voltarei para você, minha Afrodite!

Dou um sorriso, e nós nos beijamos novamente e subimos, onde eu ajudo ele a tomar banho, e ele veste a roupa. Descemos para ele poder comer alguma coisa, e logo, a noite chega.

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