Seleção de moda

Estou enlouquecendo, preciso tirar essa mulher da minha cabeça, Eu conversei muito com Raul e ele acha que estou precipitando nas minhas conclusões, e que devo dar um tempo, penso que ele acha que o casamento dela não vá durar muito tempo. Quando o questiono ele muda de assunto.

Eu não consigo ficar com mais ninguém, é uma obsessão, uma paixão, uma loucura. Domingo quando cheguei do interior eu saí para almoçar com minha irmã, ela me disse para ir com calma e que mulher dos outros cheira a defunto. Está preocupada, porque me conhecendo como ela conhece, sabe que se ela quiser ficar comigo eu não vou lembrar se quer, que esse marido existe.

Hoje é o dia da seleção, vou ser imparcial, convidei Mônica para participar da mesma, ela é minha irmã e ninguém na empresa a conhece, ela chegou há poucos dias da Europa. Ela nasceu em meio a essa vida louca de confecções e lojas. Foi modelo muitos anos e agora administra algumas joalherias internacionais.

Pedi a ela para não dizer que é minha irmã, quero ver como Débora vai reagir ao vê-la perto de mim.

As equipes serão representadas cada uma por um design, será uma apresentação de imagens numeradas de um a quatro, não vamos escolher por profissional e sim por um número, eu corro o risco dela não ser a escolhida. Mas se tratando de trabalho eu opto pelo mérito e não pela minha vontade. Os profissionais ficarão em silêncio e sem dar a entender que o projeto apresentado é o dele.

Entro na sala com Mônica e percebo que Débora está de cabeça baixa e não me encara. Ela age naturalmente como se eu não fosse ninguém. Isso me deixa mais excitado e louco por ela. Começo explicando quem são os jurados selecionados:

__ Eu convidei Mônica para participar da seleção, ela foi modelo e é design de joias e está por dentro do novo conceito de moda internacional.

Todos me olham e estão ansiosos para a escolha. Débora olha como se não estivesse me enxergando, isso me deixa louco para saber o que se passa em sua cabeça.

Começa às apresentações e ficou difícil a escolha. Peço que todos se retirem e fica na sala apenas os jurados, discutimos a respeito e peço que a diretora anuncie para entrar a equipe três e quatro, o trabalho ficou fantástico e vamos usar peças das duas coleções.

Quando a porta se abre vejo Débora entrando com Gabriel, eu parabenizo as duas equipes e ela está feliz e seu sorriso é lindo, contagiante.

Mônica parabeniza as equipes e oferece um catálogo de joias para que as equipes escolham os acessórios para as roupas. Todos se sentam a mesa e eu fico observando os quesitos de escolha das duas equipes. Débora não escolhe somente pela roupa, mas pensando no tom de pele e o formato do rosto e no corpo de cada modelo.

Mônica se aproxima dela e trocam ideias, vejo que minha irmã também já se encantou por ela.

Depois da escolha e da reunião com os selecionados eu fico sozinho na minha sala, espero todos saírem para poder ir embora. Gosto de ser o primeiro a chegar e o último a sair. Desço até o andar de criação e vejo a luz de uma sala acesa, vou devagar e vejo Débora distraída no computador, ela faz algumas anotações e não me vê chegando.

Ela se assusta ao me ver e pergunta se estou ali há muito tempo:

__ Não, eu cheguei agora!

Você não vai para casa? Seu marido deve estar te esperando.

__ Não, ele não está na cidade esses dias.

Odeio mentiras, mas como agora vou desmentir esse assunto.

__ Você quer jantar comigo? Podemos comemorar sua vitória na seleção das equipes.

__ Eu não sei, pode não ser bem-visto, afinal foi uma concorrência de trabalho, alguém que nos ver juntos pode pensar que fui beneficiada.

__ Podemos jantar na minha casa, ou na sua.

__ Acho que não, eu preciso trabalhar e rever algumas coisas no ...

Eu não a deixo terminar de falar e me aproximando vagarosamente e a coloco entre a mesa e eu, nossa respiração está muito próxima e nossos lábios quase colados.

Seu olhar fica caído e ela umedece os lábios com a língua me dando um desejo libidinoso. Suas mãos toca o meu peito e eu sei que ela deseja meu corpo tanto quanto eu a desejo. Passo a mão pelo seu rosto e tocando os dedos em seu pescoço, sinto o arrepiar da sua pele macia, ela fecha os olhos e abre um pouco a boca e me aproximando para devorar seus lábios, ouço alguém no corredor e a porta está aberta. Nos afastamos rápido e eu me recomponho:

__ Aceita jantar comigo?

__ Não, eu acho melhor não!

Eu preciso ir para casa.

Ela desliga o computador e pega a sua bolsa e passando por mim ela sai às pressas. Encontra alguém no corredor e pega o elevador. Eu fico parado sem saber para onde ir e o que fazer com essa sensação maravilhosa.

Acabo indo para a casa noturna, sento a mesa que é de costume e fico bebendo e lembrando do momento mágico que vivi há pouco. Uma mulher se aproxima e pede para sentar a minha mesa e eu dou uma desculpa, digo que estou esperando alguém. A minha esperança é que ela chegasse aqui e me fizesse companhia. É um sonho impossível, mas não custa nada sonhar.

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