Fiquei em treinamento durante esses dias, fiz amizade com as moças que trabalham aqui e são pessoas bacanas que não tiveram muitas opções e que trabalham em dois empregos ou estudam e tem a dança como uma renda extra. Raul é uma pessoa fechada, mas uma excelente pessoa. Trata a todos iguais e com respeito. As meninas me contaram a respeito dele. É casado e tem dois filhos, Ramon e uma menina de dez anos. Sua esposa nunca vem no local ele é muito protetor e ciumento.
Na primeira noite eu senti o cansaço e no outro dia dormi o dia todo, levantei pouco antes de voltar a rotina. Com duas semanas eu já havia pegado o jeito e não me sentia tão cansada.
Os clientes entram, sentam-se às mesas e os garçons fazem os pedidos. Algumas garotas aparecem para curtir a noite e a procura de companhia. Alguns já chegam acompanhados. O ambiente é propício para dança e muita pegação.
Percebo um homem muito bonito que não tira os olhos de mim. Ele aparece às vezes e acaba saindo acompanhado. Mas hoje sua companhia não lhe parece o suficiente. Ele está me encarando todo o tempo e bebendo um drink atrás do outro.
Estou incomodada e tento não olhar em sua direção. Estou preparando as bebidas e fico de costas para ele.
Distraio-me com as garrafas e os copos servidos e não o vejo a mesa. Continuo meu trabalho quando sou surpreendida por uma voz firme e rouca:
__ Serve-me uma bebida?
__ O que o senhor deseja?
Ele olha dentro dos meus olhos e um calafrio percorre meu corpo.
__ Conhaque Rémy Martin, duas doses.
É o mais caro do bar e derruba até um leão.
__ Com gelo ou puro?
__ Com gelo, enquanto isso me fala seu nome.
__ Debi.
Ele me encara não acreditando na minha resposta.
__ É seu nome de guerra?
__ Desculpa-me, mas eu não tenho nome de guerra, estou trabalhando honestamente e não estou disponível para o que o senhor está pensando.
Ramon se aproxima e percebe que o clima está tenso. Eu me viro para preparar as bebidas e o homem continua no balcão.
Peço um tempo para Ramon pois já é tarde e estou exausta.
Quando volto o homem já havia saído.
__ Quem era aquele homem?
Pergunto para Ramon que está servindo as bebidas nas bandejas conforme os pedidos.
__ Ele é um magnata da cidade, não se preocupe com ele, é inofensivo. Foi traído pela esposa e está desacreditado das pessoas. Ele é amigo do meu pai e vem aqui para afogar às mágoas.
__ Ele achou que eu era uma garota de programa.
__ Ele acha que toda mulher é fútil e o dinheiro compra. Já dei um toque nele e pedi para ficar longe de você.
__ Obrigada, Ramon. O que eu não quero agora é problema para minha cabeça.
Falo voltando a servir as bebidas, o bar ainda está movimentado e a noite parece uma criança.
Acordo tarde e morta de cansada, olho o jornal e vejo vagas para costureira numa fábrica de calça jeans. Como não custa tentar eu vou fazer o teste de costureira. Chamo uma das meninas que trabalha na casa noturna. Márcia fica toda empolgada, ela precisa de mais um emprego, ela tem dois filhos e o marido largou há pouco tempo.
Chegamos na indústria têxtil e uma fila de mulheres e homens para as vagas. Fiquei apreensiva mas lembrei-me dos conselhos do meu pai, eu não posso me acovardar agora. É pela minha filha e por poder trazê-la para junto de mim.
Faço o teste e de cara sou aprovada. Saio toda feliz, Márcia também conseguiu e está eufórica.
Agora e desdobrar no serviço. Trabalhamos o dia todo na indústria e nos finais de semana emendamos com a noite na casa noturna. Não sei por quanto tempo vou conseguir ficar nesse roque, mas preciso juntar dinheiro para pagar um aluguel.
Depois de uma semana o meu corpo acostuma, eu sempre trabalhei muito, dormi pouco e às vezes eu nem comia. Agora não está sendo diferente. Tem dias que não almoço e faço apenas um lanche de pão com alguma coisa, até mesmo pão seco.
Ligo sempre para minha mãe e falo com Helena. Meu pai não fala comigo, eu nunca encontro ele em casa. Diogo falou comigo umas duas vezes e Daniela está chateada porque não me despedi dela.
A noite está movimentada, está calor e às pessoas tendem a saírem mais nos dias quentes. Eu e Márcia estamos no balcão depois de um dia inteiro confeccionado calças jeans. Eu amo costurar e trabalho com prazer. Raul, para nos ajudar, liberou durante a semana para ficarmos só até uma hora da manhã. Assim não cansamos tanto e podemos sair cedo para o outro trabalho.
Olho para a mesa a frente e dou de cara com o figurão novamente, hoje ele está com uma roupa mais esportiva e com os cabelos molhados e um pouco bagunçado. O meu corpo gela toda vez que o vejo, não sei definir do que se trata, mas não gosto desse sentimento.
Ele me encara e está com o olhar fixos em mim, parecendo nem respirar. Márcia me dá um toque a respeito e eu peço que ela me dê um tempo para ver se ele desencana. Vou ao banheiro, passo uma água no pescoço e respiro fundo para encarar mais umas três horas de trabalho.
Estou saindo do banheiro e sinto uma mão forte puxar meu braço e me encostar na parede:
__ Você está fugindo de mim?
__ Eu não te conheço e não tenho motivos para fugir.
Sinto seu corpo encostar no meu e seu hálito quente mostra que ele já bebeu mais do que devia.
__ Eu só quero te pedir desculpas, pelo outro dia, eu não fui gentil e tinha bebido muito.
__ Está desculpado, agora eu preciso voltar ao trabalho.
Ele põe seu rosto muito próximo ao meu e seu perfume é maravilhoso. Pensei que fosse me beijar e cheguei a fechar os olhos, mas ele se afastou e pediu desculpas novamente.
Ele parece perdido, eu volto para o balcão e peço desculpas pela demora.
Depois de um tempo eu o vejo a mesa com uma garota, ela veste um vestido curto e a luz penumbra o canto onde estão, somente eu vejo o que acontece do lugar estratégico que estou e estão no maior amasso. Ele está com a mão entre suas pernas por debaixo da mesa e ela está tendo um orgasmo na minha frente. Ele a possui e olha em minha direção. Eu sinto um calor no meu corpo e um asco na mesma hora. Viro-me de costas e não preciso ver essas coisas.
Quando olho novamente o casal já saiu e a mesa está vazia.
A cena não sai da minha cabeça, estou enojada com os homens. Ele está decepcionado, desiludido, mas não precisa tratar mulher como um objeto. Raiva maior eu tenho dá mulher que se coloca nessa posição e não se valoriza.
Márcia me pergunta o que aconteceu, pois estou estranha, digo que vi um cliente tocando uma mulher e ela disse que isso é normal, ela já viu coisa pior nos cantos mais escuros.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 64
Comments
marluce afleite
Gostando muito desse livro!
2023-11-11
6
Nil
Sabe fico lendo seus livros e imagino a sua cabeça fértil e cheia de fantasia Garcia Santos, amo suas narrações.
2023-07-12
5
Nil
Porque será que todos os relacionamentos tem suas frustrações.🤔🤔🤔
2023-07-12
2