Eu olho para elas que estão brancas iguais a uma cera e espero a resposta.
__ É o casamento do Cristian, no mês que vem.
O chão me falta e sinto meu peito apertado.
__ Como assim, nós ainda somos casados?
__ Ele conseguiu um juiz que anulasse o casamento de vocês.
Não pode ser, ele me humilha de todas as formas possíveis. Não teve a sequer decência de me pedir para assinar os papéis.
__ Você não deve se abater por isso, Débora. Esse casamento dele é uma fachada para a mídia, ele tem fama de conquistador e para um cantor romântico ele precisa desse marketing.
__ Eu não estou abalada, não me importo com o que ele faz da vida dele. Sinto muito por ele não dar valor ao que realmente importa, que é nossa filha. Pelo visto ele não se lembra que ela existe.
__ Você deveria entrar com um pedido de pensão, você não fez a filha sozinha e ele fica dando uma de homem livre.
Ela fala revoltada com a situação, eu desconverso e mudo de assunto. Não quero saber, se essa é a vida que ele quer, o problema é dele.
Essa história acabou com meu dia, minha semana e com meu mês.
Em todos os noticiários só se fala desse casamento, eu já estou enojada com essa história. Na cidade eu virei chacota e motivos de fofocas nas portas das casas. Tenho medo dessa história chegar no ouvido da Helena. Ela não sabe quem é o pai, eu faço de tudo para que ela não sinta falta dessa pessoa.
Meu pai, apesar do seu jeitão de militar aposentado, com ela é carinhoso e faz esse papel muito bem.
O casamento será um evento fechado para poucas pessoas, muito glamour e muita pompa. Será num clube da capital, pouquíssimas pessoas da cidade foram convidadas, ainda costurei quatro vestidos para a cerimônia, debaixo de choro e tristeza. Mas o dinheiro me ajudou a pagar a pediatra da Helena. Ela tem sentido muitas dores de garganta e resfria com facilidade.
Hoje é o dia do seu matrimônio, eu me olho no espelho e vejo a sombra da mulher que fui, olheiras, pele ressecada, unhas sem fazer, sobrancelhas parecendo um bicho. Meu corpo muito magro e com vinte oito anos, pareço ter sessenta.
Minha vontade é de não sair do quarto. Humilhada, quebrada, acabada psicologicamente.
Saio do quarto por um esforço conjunto entre minha mãe e Helena que imploram que eu reaja.
Sento-me na sala e meu pai está assistindo ao noticiário. Ele muda o canal para que eu não veja os preparativos do casamento do ano.
Ele me olha com compaixão e me aconselha a me arrumar e sair um pouco.
__ Chama o Diogo, saia com ele um pouco. Hoje tem a inauguração de uma casa noturna na cidade, vá, eu e sua mãe cuidamos das crianças, Manoela estará aqui, Daniela viajará com Jessé.
Eu nem pergunto onde essa socialite emergente estará essa noite, já faço uma ideia.
__ Vou pensar, não estou com vontade de sair.
Saio da sala e volto para o quarto. Não estou conseguindo me levantar da cama. Helena está brincando com as crianças no quarto ao lado e Diogo deita ao meu lado na cama:
__ Você vai ficar desse jeito? Ele não está sentindo nada do que você sente. Ele está se lixando para seu sofrimento enquanto você está se matando em cima de uma cama.
__ Eu sei, mas, é mais forte do que eu.
__ Levanta! Anda!
__ O que você está fazendo?
__ Te tirando dessa cama, vamos sair, dançar e encher a cara.
__ Eu não quero.
__ Você não tem querer.
Ele fala me puxando e me enfiando debaixo do chuveiro. Visto uma roupa qualquer e dou uma ajeitada no cabelo. Faço uma maquiagem e saio do quarto.
Sou surpreendida quando meu pai se levanta do sofá e com um sorriso me abraça. Ele não diz nada, apenas acena com a cabeça em sinal de que gostou do que viu. Helena diz que estou linda e minha mãe confirma.
Diogo pega em minha mão e abre a porta do carro para que eu entre.
Pareço estar numa vitrine, todos me olham e cochichando, sinto que sou o assunto da vez. Diogo diz para que eu haja naturalmente, está sendo difícil, mas não impossível. Clarice e Camila estão nos esperando em uma mesa e já pediram as bebidas.
Toca uma música, outra e depois outra. Um rapaz me convida para dançar e por educação eu aceito. Ele está me xavecando e não me sinto confortável. Sinto uma mão tocar meu ombro e quando vejo o senhor Renan parado a minha frente:
__ Me concede essa dança?
O rapaz se afasta, parecendo um jogo de xadrez, onde esse homem movimenta as pedras.
Ele me puxa para seus braços e eu me sinto constrangida.
__ Está gostando, da minha nova casa noturna?
__ Eu não sabia que era sua.
__ Agora você já sabe, pode vir quando quiser.
__ Eu agradeço, mas eu tenho que ir embora.
Falo e o sinto me apertando contra seu corpo aceso.
__ Ainda não, eu ainda não terminei a nossa dança.
__ Se o senhor não me soltar, será a última vez que vai dançar, na vida.
Sinto o aperto mais forte e seu membro rígido roçando no meu corpo. Tenho minhas pernas esguias e minha reação foi imediata. O joelho entre suas pernas o fez cair e rolar de dor no meio do salão. Douglas me puxa e saímos os quatro correndo do lugar.
Eu me senti vingada e acredite, foi uma sensação libertadora.
Sentamos a beira de um lago e com duas garrafas de vodca, nós bebemos e rimos do ocorrido. Ficamos bêbados e vimos o sol nascer. Foi muito bom, até esqueci do casamento e de toda humilhação.
Chegamos em casa com o dia claro, minha mãe estava dormindo e meu pai sentado na sala lendo seu jornal. Eu o dou um beijo de bom dia, deve ser o primeiro em anos, eu costumava beijá-lo na adolescência.
__ Pelo seu estado, a noite foi ótima!
__ Se aleijar um homem for uma boa noite, a minha foi maravilhosa.
Conto a ele o que aconteceu e ele deu gargalhadas como a muitos anos eu não via.
__ Você fez certo, nunca deixe as pessoas te machucarem ou verem suas fraquezas. Mostre a elas que você pode mais e que é mais forte. Elas vão pegar duro com você, mas você as vencerá pelo cansaço.
Ele fala sério e levantando-se caminha para o quarto balançando a cabeça.
Ele tem um jeito diferente de agir, é um homem rude mas tem uma certa sabedoria.
Vejo o jornal em cima do sofá, a foto estampada da capa é o casal vinte, ele está lindo e feliz.
Rasgo a página e embolo na mão.
__ Seja feliz! Cretino...
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Atualizado até capítulo 64
Comments
F Valeria Feliciano
cara jogava na justiça e ainda daria uma entrevista dizendo q ele tem uma filha, e casou subornando um juiz!!! ele cmg perderia até as calças... kkkkkkkkkkk
2025-01-05
0
Edileuza França
esqueci essa praga mulher e dar a volta por cima ele não te merece
2024-07-02
0
nimorango
gente, ele tem que ir embora daí
2023-06-24
6