Capítulo 18, Não sou a vilã da história... (+18)

YASMIN...

Seguimos para o hospital, os meninos não me perguntaram se eu estava me sentindo mal ou não, apenas me obedeceram. Quando chegamos, pedi que o Walison me acompanhasse, na recepção quem estava era a Vanessa.

YASMIN: Vanessa, sabe me dizer se o doutor Daniel Bowie está fazendo plantão hoje?

VANESSA: Está sim, ele chegou tem pouco tempo, até agora não surgiu nenhuma cirurgia para ele realizar, então é provável que você o encontre na sala dele, é no terceiro andar, sala número 2.

YASMIN: Obrigada. Vem, não saia da minha cola.

O Walison apenas me acompanha sem questionar, entramos no elevador e assim que paramos no terceiro andar, procuro pela sala do Daniel, encontro uma escrito "cirurgião geral" ao que parece o nome do médico é sempre alterado conforme a mudança de plantão, então vejo o nome dele na porta. Bato e espero ele me mandar entrar.

DANIEL: Pode entrar (abro a porta, mas antes de entrar digo para o Walison esperar do lado de fora e não permitir que ninguém entre) Oi Yasmin, aconteceu alguma coisa?

YASMIN: Oi... Comigo está tudo bem, não se preocupe. Está muito ocupado?

DANIEL: Estava só analisando alguns prontuários, mas pode dizer o que precisa...

YASMIN: Vou direta ao ponto. Eu investiguei a sua vida, boa parte dela pra ser sincera (vejo ele me olhar com um olhar confuso) Não me olhe assim, fui criada pra desconfiar de praticamente todos, e digamos que você me fez fazer isso (agora ele está ainda mais confuso) As batidas nos meus transportes, começou pela moto, depois foi o carro. Mas enfim, eu me vi na necessidade de investigar você por que me senti intrigada, pra mim estava sendo muita coincidência uma única pessoa causar tantos incidentes, sem contar que me fez gastar uma nota com a minha Ferrari. Descobri coisas a seu respeito...

DANIEL: Que coisas?

YASMIN: O acidente dos seus pais... Por algum motivo o delegado nunca sequer iniciou uma investigação para tentar encontrar os motivos do acidente... E Daniel... Preciso ser sincera com você, e espero que você não se assuste ou dê um show aqui no hospital... Espera, aqui na sua sala tem câmeras, certo?

DANIEL: Sim, obviamente.

YASMIN: Imaginei, minha sorte é que o meu pai é sócio do hospital, então me dê alguns segundos, por favor (ele assente e eu pego o celular, entro no sistema de câmeras do hospital com facilidade, e faço um truque com as câmeras da sala em que estamos) Pronto, voltando ao assunto.

DANIEL: A vontade.

YASMIN: Eu venho de uma família de mafiosos. Estou em busca de um inimigo nosso faz anos, era o meu pai na verdade, mas ele passou o bastão pra mim e agora essa responsabilidade é minha, mas a questão é, o delegado que supostamente cuidou do caso do acidente dos seus pais, fazia parte da lista dos protegidos pela máfia inimiga minha... Eu estou tentando descobrir o que ele teve a ver com o acidente dos seus pais, mas algo me diz que ele foi o culpado.

DANIEL: Espera o quê? (vejo ele ficar um pouco alterado, não assustado como imaginei que fosse ficar) Está me dizendo que você resolveu por conta própria investigar a minha vida, a vida da minha família, e agora vem me dizer que você é uma criminosa?

YASMIN: Eu não sou uma criminosa, eu acabo com os criminosos... A minha família nunca sequer sujou as mãos com coisas ilega...

DANIEL: Está me dizendo que m*tar não é ilegal?

YASMIN: Não quando se é pessoas que apenas apodrecem o planeta. Quer uma verdade? No dia em que te levei para o estacionamento daquele supermercado, m*tei um homem, o t*rturei até a m*rte e depois mandei que queimassem o corpo. Mas sabe por que fiz isso? Porque ele est*prava meninas entre 4 e 12 anos, as vendia em bordéis, e roubou boa parte do dinheiro da minha empresa. Já fiz isso dezenas de vezes, sou a herdeira da fundação Esperança, um local onde mulheres, crianças, vítimas desse tipo de tragédia, são tratadas e recebem uma segunda oportunidade de vida, não podemos tirar as marcas que deixam nas almas delas, mas fazemos de tudo para que elas vivam mais tranquilamente. Tenho apenas 22 anos, Daniel, mas já tenho tanto sangue em minhas mãos, sangue não de inocentes, mas de pessoas que tiraram a vida de inocentes. Sei que diante da sua ética profissional o que faço é o mais errado que um ser humano pode ser capaz de fazer, mas tudo o que venho fazendo há anos, é tentando dar a pessoas quebradas, feridas, sem esperança, uma nova vida. Nunca encostei um dedo sequer num inocente, ou em alguém carente, pelo contrário, fui criada desde cedo para ajudar a eles. Se eu resolvi por "conta própria" investigar a sua vida, sua família, é porque o que fizeram com você e com a sua FAMÍLIA, foi injusto. Eu nunca iria fazer algo que colocasse você e os que você ama em perigo, posso estar parecendo a vilã da história na sua versão, mas acredite, eu não sou. Posso não salvar vidas como um médico igual a você, mas já salvei tantas quanto você.

Despejo tudo de uma vez, ele a cada palavra que digo, muda a expressão, de surpresa, a espanto, irritação, interesse, dúvida, medo, todos esses sentimentos ele expressou com um único olhar, fico esperando que ele me diga pra ir embora, ou qualquer outra palavra, mas ele apenas me encara, analisa cada traço do meu rosto, corre o olhar por cada pedacinho meu. Nunca me senti tão exposta, nem mesmo na minha primeira vez com o David, ou na primeira vez que t*rturei alguém (e olha que tinha uma plateia assistindo pra saber se eu não ia fracassar), nunca senti um olhar arder, formigar, acalmar e arrepiar tanto ao mesmo tempo. Mas ele me causa isso desde a primeira vez que o vi.

YASMIN: Acho que você precisa de um tempo para digerir tudo que falei... Melhor eu ir embora, o meu telefone é esse, se tomar qualquer decisão, nem que seja pra dizer para eu me afastar (coloco o meu cartão em cima da mesa dele, e levanto da cadeira em que estou, estou com a mão esticada para a maçaneta quando ele diz com a voz tremida)

DANIEL: Recebi uma ligação ontem, fui ameaçado de morte...

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