Capítulo 12, Isso é o que dá ser afrontoso...

DAVID...

No fim de semana eu e Luan fomos para a casa dos nossos avós paternos, Lídia e Elício, nossa tia Fabiana estava lá, uma solteirona que nunca casou, gosta de curtir a vida, sem homens para mandar nela.

VÓ: Oi meus filhos, que saudade que senti de vocês.

DAVID: Também sentimos saudade vó.

LUAN: Briga com ele, vó, se não fosse por mim, não teríamos vindo.

VÔ: Depois de grande tá ficando ingrato, David?

DAVID: Não escuta ele, vô, ele só tá se exibindo. Por que não conta logo a todos a grande novidade?

VÓ: O que, filhos?

LUAN: Me coloca primeiro no sofá, David (ajeito ele no sofá e ele encara todos com um sorriso no rosto) Melhor demonstrar, não é?

Fala olhando pra mim, eu apenas concordo com a cabeça, ele lentamente mexe um dos pés, depois o outro. A nossa vó começa chorar de emoção, e até mesmo o nosso avô ficou um pouco emocionado.

LUAN: Calma que ainda não acabou.

Ele movimenta lentamente a mão direita, fechando ela, e depois levanta um pouco o braço. A vovó corre para os braços dele e aperta ele com bastante força, o nosso avô vai até ele e aperta o seu ombro, fico na poltrona do lado só observando a alegria deles.

VÓ: Aí meu Deus, eu estou tão feliz.

LUAN: A minha fisioterapeuta disse que se continuarmos intensificando, eu posso chegar a recuperar o movimento dos meus braços em poucos meses, assim como o tronco. O doutor Felipo mandou continuar com as sessões mais intensivas. As chances são altas.

VÔ: Fico feliz em ouvir isso, meus filhos.

DAVID: E a outra novidade?

LUAN: Agora não, mais pra frente, seu ansioso.

VÓ: O que é?

LUAN: Nada, vó. Esquece o que o David disse.

DAVID: Medroso. Vou pegar água pra você, já está na hora dos seus remédios.

LUAN: Tá bom, babá.

Damos risada e eu pego os remédios dele. Passamos o fim de semana todo com os nossos avós, nossa tia alegrou bastante os nossos dias lá, tentei a todo custo contar aos nossos avós sobre a Liandra, mas o Luan não deixou de jeito nenhum. A solução foi fazer a vontade dele. Esses dias ele "falou" com ela todos os dias, e sinceramente... Estou gostando de ver o sorriso do meu irmão conversando com ela. A fisioterapia dele não estava sendo realizada, pois nos fins de semana a Vivian tem folga, mas eu sempre ajudo ele a exercitar os músculos das pernas e braços antes de dormir e quando acorda. Hoje vamos voltar pra casa, é uma terça, e amanhã volto a trabalhar, amo ficar com o meu irmão, mas não aguento mais ficar em casa sem fazer "nada".

VÓ: Apareçam mais vezes, meus amores.

LUAN: Vou tentar fazer ele vir de novo em breve. Vão nos visitar, aquela casa é grande demais pra nós dois.

VÔ: Bem que eu queria que vocês continuassem morando aqui, mas o seu irmão se recusou.

DAVID: Somos bem grandinhos, vô, e eu sei cuidar muito bem do meu irmão, vocês estão na idade de descansar. Já tem quase cem anos.

VÓ: Nos respeita moleque, ainda estamos na juventude.

VÔ: Não estamos, não, querida hahaha

DAVID: Vamos indo, amanhã eu volto a trabalhar, e esse rapazinho aqui precisa voltar pra fisioterapia, não é, irmão.

LUAN: É sim.

Os nossos avós nos deram um abraço bem apertado, e voltamos pra nossa casa, eu dei o banho do Luan e coloquei ele na cama dele, depois fui tomar o meu banho também. Acordei no outro dia bem cedo, e deixei o Luan dormindo, fiz a minha corrida matinal, quando cheguei o Natan, enfermeiro dele, já tinha chegado, cumprimentei ele e subi pra nosso quarto, o Luan tinha acabado de acordar.

LUAN: Bom dia.

DAVID: Bom dia, o Natan já chegou, quer que eu peça pra ele vir te ajeitar?

LUAN: Não, ainda quero o meu irmão mais um pouquinho. Tem como você mandar uma mensagem pra Liandra, avisando que só vamos poder nos falar depois que você chegar? É que eu não quero que os outros saibam o que eu falo com ela, só confio em você pra isso.

DAVID: Claro, irmão. Vamos tomar um banho e eu mando a mensagem, tá bom?

LUAN: Obrigado.

Arrumo ele e mando a mensagem que ele pediu, explicando os motivos e ela respondeu alguns minutos depois dizendo que entende perfeitamente e estará esperando por a mensagem dele. Deixei o meu irmão com o Natan e a Vivian e fui para o hospital, hoje eu teria quatro cirurgias pra fazer, como sou cirurgião geral, eu opero desde uma cirurgia na unha, até a remoção de um tumor no cérebro. Hoje tenho cirurgias simples pra fazer, saio de casa e vou para o hospital, trabalho durante o meu plantão normalmente, foi assim o restante da semana, mas na sexta o médico que iria me render teve um imprevisto e tive que ficar até o próximo plantão.

Sai do hospital já era de manhã, como fui de moto e o trânsito estava razoável, estava indo numa velocidade lenta, faltava poucas quadras até a minha casa, quando percebi alguém me seguindo, a pessoa buzinou e jogou a moto pra meu lado, por pouco não bati num poste.

DAVID: Mais que merda!

Enfurecido com a audácia da pessoa que me fez quase bater num poste, fui atrás, a pessoa pelo que notei de longe, era uma mulher, ela estava indo muito rápido, e indo por uma estrada que eu não conhecia, ela notou a minha perseguição e mudou a rota indo para a parte abandonada da cidade.

DAVID: Ótimo, tudo que eu precisava nessa manhã.

Continuei seguindo a mulher e quando ela parou, era um estacionamento de mercado abandonado, parei a minha moto bem próxima a dela. Levanto a viseira e fico olhando pra ela, a tela do capacete dela é muito escura e é impossível enxergar além dele.

DAVID: Quem é você e o que quer comigo? (ela apenas me encara, não levanta a viseira, o que me faz levantar da moto tirar o capacete e ir até ela) Porque não tira o capacete, lindinha?

Ela parece ficar com raiva do que falei, porque veio pra cima de mim e me agarrou pela jaqueta me jogando cima da moto.

MULHER: Nunca mais repita essas palavras (fala entre dentes)

DAVID: Ela fala. (dou um sorriso de canto)

Ela se distrai e eu vejo a oportunidade de retirar o seu capacete, com cuidado e delicadeza, quando tiro completamente, não posso acreditar, era a Yasmin, me faço de desentendido.

DAVID: Você é a garota do hospital... Por que me fez te seguir até aqui? E como sabe o meu nome? (como eu só disse o primeiro nome a ela fiquei com isso na cabeça)

YASMIN: Primeiro, eu não lhe devo nenhuma satisfação do que eu faço, você me seguiu até aqui porque quis. Segundo... Hmmm... Acho que não quero dizer como sei o seu nome.

DAVID: Não acha que eu deveria saber pelo menos o seu nome então? Já que não quer me dizer como sabe o meu (continuo fingindo demência, levanto uma sobrancelha e como ela está distraída, coloco minhas mãos na sua cintura)

YASMIN: Tire as suas mãos de mim.

DAVID: E se eu não quiser... A princesa vai fazer o quê?

Péssima ideia, desafiar ela, a mulher fecha um punho e me dá UM SOCO no estômago, e pense num soco bem dado, a infel*z ainda dá um chute no meu saco, quase morri de dor.

DAVID: C*ralho Yasmin, era só pedir por favor, não precisava me castrar não, p*rra.

YASMIN: Como descobriu o meu nome? (já que ela não lembra que me falou no hospital, não custa nada inventar um pouquinho)

DAVID: Você está em vários sites de fofoca e publicidade, rainha do suspense, e eu perguntei ao médico que me atendeu no hospital quem tinha pago a conta dos dias que fiquei lá e ele me contou. Não achei que você fosse tão violenta assim.

YASMIN: Eu disse ao doutor Breno que não queria que você soubesse quem tinha pago.

DAVID: Ele é o meu melhor amigo, Yasmin, achou mesmo que ele ia esconder isso de mim?

YASMIN: Que se d*ne. Você vai sobreviver do chute nas bolas.

DAVID: Eu sei, não pegou em cheio. Mas que doeu bastante, doeu.

YASMIN: Você é dramático, sabia?

DAVID: É a primeira vez que ouço isso.

Ela sobe na moto e põe o capacete, pronto, era só o que me faltava, ficar sozinho no meio do nada, com o saco destruído por uma mulher doida.

DAVID: Você não vai me deixar aqui não.

YASMIN: Já deixei. Se vire. (ela liga a moto e some no mundo, e eu... Fico aqui cheio de dor)

DAVID: D*sgraçada, isso é o que dá ser afrontoso, David, só se ferra.

AVÓS DO DAVID E LUAN, SR. E SRA BOWIE.

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