Capítulo 16, Jantar com a Liandra...

DANIEL...

Como eu já esperava, precisei ficar até amanhecer, fui até o quarto da dona Abgail e a cena que vi me deixou emocionado, o marido dela estava dividindo a cama com ela, todo torto, e com a cabeça dela no peito, segurando a mão dela, cheguei de mansinho pra não acordar eles e com cuidado olhei os pontos da cirurgia, dei também uma olhada nos batimentos dela e anotei na ficha. Quando sai de perto o senhor tinha aberto os olhos.

SR. BELLINE: Como ela está, filho?

DANIEL: Está bem, mais tarde uma enfermeira vem buscar ela pra ver como está por dentro, mas tudo indica que está tudo no lugar.

SR. BELLINE: Obrigado, menino, por salvar a minha esposa... Não sei o que seria de mim se perdesse o meu segundo amor... Sou grato a você por ter conseguido salvar ela, da primeira vez não conseguiram salvar a minha Marília... Fico feliz que a vida tenha me permitido viver um novo amor ao lado da Abgail.

DANIEL: Fiz tudo que estava ao meu alcance, senhor, fico feliz por o senhor ter a chance de se apaixonar novamente. É lindo o amor de vocês dois. Preciso ir, o meu plantão já encerrou.

SR. BELLINE: Tudo bem, filho. Obrigado mais uma vez!

Dou um aceno pra ele e vou embora, em casa, o Natan estava descendo com o Luan quando cheguei.

DANIEL: Bom dia. Natan, tá liberado, pode deixar que cuido dele hoje.

NATAN: Com licença. Até amanhã.

LUAN: Até (O Natan sai e eu vou até o meu irmão, dou um abraço apertado nele, que retribui com um pouco de esforço) Daqui uns dias vou poder te abraçar de verdade.

DANIEL: Te amo.

LUAN: Assim do nada?

DANIEL: Sim, sou grato por você estar vivo, não sei o que seria de mim se tivesse te perdido também naquele acidente...

LUAN: Ei... Eu estou aqui, vivo, e me recuperando cada vez mais.

DANIEL: Eu sei. Vamos tomar café? Tô morrendo de fome.

LUAN: Vamos, também estou.

Fomos até a sala de jantar e eu deixo ele na mesa enquanto pego nosso café, a cozinheira já tinha preparado tudo, estava só esperando mandar colocar na mesa. Coloco tudo na mesa e começo servir nós dois, eu intercalo entre as garfadas, uma minha, outra do Luan, sempre faço assim.

DANIEL: Então... O que você queria me contar ontem, que teve que esperar eu chegar em casa pra falar?

LUAN: A Liandra quer me encontrar pessoalmente... Mas... Como ela tem a Melinda, tem que levar ela junto.

DANIEL: Podemos marcar um jantar, ela vem e traz a bebê, não vejo problema.

LUAN: Sério?

DANIEL: Claro! Não há problema algum nisso, posso até pedir que preparem algo especial se você quiser. Quero ver a sua felicidade, irmão.

LUAN: E a sua? Quando vai se permitir ser feliz de verdade?

DANIEL: A minha felicidade é ver você feliz. Se você estiver feliz, estiver sorrindo assim o dia todo, então eu estarei mais feliz ainda. A minha maior realização é ver você se permitindo viver, mesmo com as suas limitações.

LUAN: Você sabe que vai precisar ficar de vela não é?

DANIEL: Fico com o maior prazer, desde que você esteja feliz.

LUAN: Eu te amo, sabia?

DANIEL: Eu sei. Quer mais? (falo me referindo ao café da manhã)

LUAN: Não, quero falar com a Liandra.

O Luan acertou tudo com a Liandra, como eu tive dois plantões extras seguidos, que inclusive ainda não recuperei o meu sono completamente, posso pedir uma folga de uma noite esse fim de semana para ajudar no jantar. Passei o dia todo com o Luan, ele me mostrou os avanços que está tendo, como treinar as pernas e braços requer um esforço bem maior, ele e a Vivian combinaram com o doutor Felipo de darem uma maior atenção só a parte acima da cintura. Ele já está conseguindo movimentar boa parte dos dois braços, e está tentando manter equilíbrio sentado sem apoio.

Chegou o dia do jantar, e nunca vi o meu irmão tão nervoso. Ele não saiu da frente do espelho desde que arrumei ele.

DANIEL: Luan, você vai acabar deixando o espelho entediado com a sua cara.

LUAN: Eu estou ansioso...

DANIEL: Já percebi. Vamos descer? Já está quase na hora dela chegar.

LUAN: Vamos.

Desci com ele e fomos para a sala, perguntei se ele queria ir para o sofá, mas ele se recusou, disse que queria ficar na cadeira até a Liandra chegar, não demorou muito, uns cinco minutos depois, ouvimos a campainha tocar, uma das empregadas da casa foi atender, e logo uma mulher chega a sala com um pacotinho embrulhado no colo.

Vejo que ela está um pouco tímida, então vou até ela e me apresento.

DANIEL: Boa noite, sou o Daniel, irmão do Luan, venha, ele está aqui, e cá entre nós (diminuo a voz) ele está bem nervoso, mais que você eu diria, então relaxa.

Ela sorri timidamente e se aproxima mais, o Luan estava próximo ao sofá, quando a viu, percebi que ele prendeu a respiração um pouco.

LUAN: Oi... Você tá linda.

LIANDRA: Obrigada... Você também está.

Vejo pela primeira vez na vida, o meu irmão ficar com vergonha, pelo visto esse jantar vai ser interessante. Deixei eles conversar um pouco, enquanto brincava com a Melinda, ela era uma bebê adorável, sorria bastante e não se irritou comigo, pelo visto levo jeito com criança.

LIANDRA: Oi mamãe, vem com a mamãe, vem meu amor? (entrego ela a mãe, e ela leva a bebê até o Luan)

LUAN: Ela se parece bastante com você.

LIANDRA: Quer que eu coloque ela no seu colo? (fico olhando do outro sofá, e o Luan procura os meus olhos, buscando ajuda, eu apenas assinto, e ele dá um pequeno sorriso antes de concordar, a Liandra coloca a Melinda com cuidado nos braços do Luan)

DANIEL: Ela parece ter gostado de você, irmão, está tão quietinha, olhando assim dá até pra pensar que vocês são uma família.

Vejo a Liandra sorri um pouco discreta, ainda ficamos na sala mais uns dez minutos, quando a cozinheira avisou que o jantar estava pronto, a Melinda acabou dormindo no colo do Luan, então sugeri que colocasse ela num dos quartos de hóspedes, como a Liandra havia trazido a babá eletrônica por já esperar que ela fosse dormir, eu coloquei ela no quarto ao lado do meu e do Luan liguei a babá e desci.

DANIEL: Vou deixar vocês a sós um pouquinho, preciso fazer uma ligação.

O Luan me dá um sorriso agradecido e eu vou para o jardim, não preciso ligar para ninguém, mas como quero que eles dois se dêem bem, deixei eles sozinhos. Fico uns 5 minutos admirando as estrelas, antes de ouvir o meu celular tocar.

DANIEL: Era só o que me faltava, quando eu disse que ia fazer uma ligação, eu não esperava que precisasse realmente participar de uma, Deus, era só uma fugidinha do meu papel de vela.

Olho o visor do celular e é um número desconhecido, primeiro penso em desligar, mas como eu disse antes, sou muito curioso, além de afrontoso, então atendo.

DANIEL: Alô? (fico esperando alguns segundos, até que ouço uma respiração pesada do outro lado, seguida de uma voz extremamente assustadora)

VOZ: Os seus dias estão contados, Bowie, espero que tenha vivido os seus dias com muito praz*r e diversão, porque chegou a minha vez de me divertir.

Tento responder algo, mas a ligação é encerrada no mesmo instante.

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