Sou nascido e criado numa pequena cidade no interior de Manaus, sabemos que no Brasil temos muitos personagens do folclore que protege a mata e os animais que nela vivem, nós somos criados para desde muito novo acreditar nessas lendas, os mais velhos nos contam histórias e até casos de avistamentos segundo eles, onde eu moro havia uma estrada abandonada que cortava a floresta escura e densa, diziam os moradores mais antigos que era amaldiçoada, que nela havia um ser híbrido de cobra surucucu com um homem e que aqueles que ousavam atravessá-la nunca mais retornavam. Eu acreditava que era as mães só tentando assustar os filhos, já que aquele pedaço de terra era no meio do nada, não tinha iluminação e poderia ter pedófilos a espreitas, assim como animais selvagens também, para não arriscar a vida e a saúde dos seus filhos inventaram essas lendas.
Por muitos anos eu e meus amigos próximos, sempre que ouvíamos esses relatos e só dávamos risada, acreditando cegamente ser conversa para boi dormir, como dizem os mais velhos, só mais um conto para amedrontar as crianças… até que em um fatídico dia aquilo aconteceu…
Dia 20 de janeiro de 2017
Estava sentado por volta das 19:00 com alguns amigos conversando na porta de casa, quando não lembro como chegamos nesse assunto, escutei eles rirem e contar como achavam patético a história do homem cobra. Éramos assim que chamávamos a criatura que sequer sabíamos se existia ou não.
Não acredito no qual ridículos vocês são, acreditam mesmo que existe um homem cobra? Moramos próximo à floresta, nenhum vídeo, nem foto, nenhuma prova que ele realmente existe. Disse o João.
Com certeza é só um conto gente. Disse a Milena.
Deveríamos ir lá pessoalmente para vê não acham? . Ela continuou a falar.
Não estava gostando do rumo dessa conversa, continuei a ouvir enquanto eles berram aos quatro ventos que iriam lá eles mesmo verificar, como moramos em uma pequena comunidade não foi difícil todos ficarem sabendo do plano dos tolos jovens.
Mesmo com os avisos dos anciões, os mesmos estavam decididos, tentei intervir e dizer que mesmo essa história fosse um mito poderia ter outros perigos da própria natureza, cobras, onças, jacaré-Açu, já que o caminho cortava um rio e estava escuro. Eu como um ótimo covarde que sou resolvi ficar na vila, bati meu pé e disse que não iria nem arrastado. Afinal, se realmente fosse verdade? Se aquela história que morríamos de medo realmente não fosse fantasiosa? Estava preocupado com os meus amigos.
Eles entraram no carro decididos, me deixando para trás irritados e bufando devido à minha falta de coragem, e deixando também seus familiares aflitos para trás.
Depois disso não posso contar de certeza o que aconteceu, porque graças a todas as entidades, deuses, santos que eu acredito fiquei em casa, e garanto foi a melhor coisa que fiz na vida.
O relato a seguir foi a mim contado pelo único a retornar, o júnior, antes do mesmo enlouquecer com o que viu.
Saímos da vila confiantes, rindo de você Matheus e planejando te pregar uma peça quando voltássemos.
Começamos a percorrer o caminho sinuoso, a estrada era afastada da cidade e de outras estradas pavimentadas, tinha muitos buracos já que não recebia manutenção a anos, desde que criaram uma nova “BR” por perto, até então era isso não passava de um caminho abandonado. O carro rodou naquele lugar por horas, mas nada estranho aconteceu, já estava ficando entediado.
É só mais uma droga de estrada como todas as outras, porém essa tem mais buracos, estou ficando enjoado, vamos voltar para casa, não tem nada de assustador aqui - disse Álisson já com ânsia de vômito.
Gabriel que dirigia já estava irritado com aquele falatório, fez a curva e fazia o caminho de volta, porém logo percebemos que algo estava errado.
Do nada ar ficou pesado e a escuridão da floresta parecia se fechar ao redor da gente, sabe, parecia estar muito mais escuro do que quando passamos, o que não fazia sentido, não tinha dez minutos que atravessamos aquele caminho, sons estranhos pairavam sobre o ambiente como se os animais sentissem a ameaça se aproximar, como se estivessem todos em posição de ataque.
De repente, o carro parou bruscamente, desligando até os faróis. O motorista desesperado e apavorado tentou ligá-lo novamente, mas nada aconteceu, o carro simplesmente morreu, não ligava de jeito algum mesmo claramente estando tudo bem com o carro, nós verificamos antes de sair. Decidimos sair do carro e tentar encontrar ajuda, afinal já era noite e ninguém passaria por ali para salvá- los, mas assim que pisamos na estrada, os barulhos cessaram e uma paz reinou, o silêncio se fez presente o que tornou o ambiente bem mais assustador, estamos na floresta, e não ouvíamos nem os coaxar dos sapos? Aquilo estava ficando cada vez mais estranho. Eu já estava muito assustado, precisávamos sair dali o mais rápido possível, estava ficando cada vez mais escuro e só tínhamos a luz do luar e uma pequena lanterna que achamos por um acaso naquela estrada.
Minutos se passaram e então ouvimos um barulho estranho vindo da floresta.
Era um som estranho, como se eles estivessem pisados em um ninho de cobra., e pelo som produzido o dono não estava nada feliz. Pensando ser cobras próximas, não demos importância e continuamos a caminhar, o som vinha da floresta e estava cada vez mais próximo, quanto mais se aproximava, mais assustados ficamos. De repente, uma figura escura e aterrorizante surgiu das sombras.
Aparentava ser um homem, ao menos o tronco era de um homem, quando finalmente conseguimos iluminar a figura só deu tempo deles correrem e a milena irmã do Álisson gritar, um grito de pavor fazendo todos os pelos do corpo de quem ouvisse arrepiar, alguns ainda conseguiram correr, mas a milena travou ao ver a criatura.
Era um ser humanóide, com a pele de cobra, cheia de escamas como de uma cobra, da cintura para cima era a de um ser humano, com olhos vermelhos brilhantes e dentes extremamente afiados, a parte de baixo era uma calda enorme de cobra e por onde ele andava fazer o rastro, só então percebemos que o som de cobra vinha daquele ser.
Ele avançou na nossa direção, correndo rápido e se enrolando na milena, que tinha os olhos esbugalhados, dava para vê que ela estava sufocando sem conseguir respirar, enquanto o ser apertava mais, vimos a hora que a boca dele se abriu e ele começou a engolir a pobre menina pela cabeça.
Nesse momento um pico de adrenalina entrou no meu corpo, finalmente senti minhas pernas obedecerem ao comando do meu cérebro e eu conseguir correr, gritando e aos tropeços, seu subconsciente só rezava e pedia para ser um pesadelo, enquanto eu ouvia os outros que ficaram para trás gritar pelas suas vidas.
Nunca mais se ouviu falar dos jovens capturados que ousaram atravessar a estrada amaldiçoada. Dizem que seus espíritos ainda vagam pela floresta, assombrando aqueles que ousam cruzar o caminho proibido.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Ivania S N Temporini
Eu vou ficar na torcida por outro conto ...eu já que começou no folclore brasileiro que tal a mula sem cabeça.....conta aí...
2023-04-08
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Ivania S N Temporini
O menina danada...amei teu conto então pergunto porque somos assim, sempre descrente dos mais velhos que só querem o nosso bem...
2023-04-08
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