Necrotério

Era uma noite escura e chuvosa, já passava das onze horas quando o jovem médico forense. Dr. Rafael, recebeu um chamado urgente para ir ao necrotério da sua cidade. Havia um corpo inesperado que precisava de sua atenção imediata, já que foi encontrado em situação precária e a polícia precisava saber o que ocorreu urgentemente, para tomar as providências cabíveis e necessárias.

Ao chegar ao necrotério, o Dr foi recebido pelo zelador, um homem quieto e misterioso na casa dos 40 anos que já trabalhava alguns anos ali, que o levou até a sala onde o corpo estava. O médico ficou chocado ao ver que se tratava de uma jovem mulher, na casa dos seus 18 anos, aparentemente saudável, que havia falecido de forma repentina, já que não tinha nenhum sinal aparente de luta no seu corpo, e nessa altura já em estado avançado de necrose.

Ele então começou a examinar o corpo, precisava ter cada passo anotado detalhadamente como a cidade era pequena e o necrotério precário não tinha câmeras para gravar o procedimento e os policiais precisavam de um relatório minucioso, mas algo parecia estranho, aquela mulher não parecia está morta. A pele da jovem estava fria e pálida, mas havia uma sensação de calor emanando dela. Sem entender o que realmente acontecia, o médico começou a sentir uma espécie de desconforto e decidiu fazer uma autópsia mais detalhado possível para determinar a causa da morte.

Enquanto realizava a autópsia, o Médico começou a sentir uma presença estranha no necrotério, aquela sensação de ser observado, sabe? Ele olhou ao redor, mas não havia ninguém além dele e do zelador, que continuava calado desda chegada do médico aquele local. De repente, ele ouviu um som estranho vindo do fundo da sala.

O médico se aproximou cautelosamente e viu de relance uma figura sombria se movendo no canto da sala. Ele acendeu a luz, mas não havia ninguém lá, pensou ser seu cérebro te pregando uma peça já que o mesmo estava claramente assustado, começou a se sentir cada vez mais perturbado, e decidiu terminar a autópsia o mais rápido possível, já que o medo estava presente em cada veia do seu corpo, e seus instintos pedia desesperadamente que fosse embora daquele local, claro que não iria não podia, tinha que terminar o trabalho como bom profissional que se orgulhava de ser, mas, se sentia agoniado, observado por algo invisível aos seus olhos.

Quando ele finalmente terminou, o médico se virou para sair, mas a porta estava trancada. Ele olhou para o zelador que o acompanhava como se pedisse para abrir ou alguma explicação de por que fechava a porta à chave, mas ele estava parado no mesmo lugar, olhando para ele com um sorriso sinistro no rosto.

Rafael percebeu haver algo de errado e tentou desesperadamente abrir a porta, mas ela não cedia. Ele então notou que a jovem mulher morta havia se levantado da mesa e estava se movendo em direção a ele, mas como? Ele abriu aquele corpo, realmente contestou a morte dela, como ela estava viva e andando? Viva parecia uma forma gentil de falar, parecia, na verdade, possuída, como um receptáculo para alguma entidade, estava podre, petrificado, mal dava para ver seu rosto já que o mesmo estava desfigurado, como se algo tivesse comido a carne e deixado restante apodrecer, mas o sorriso sinistro continuava presente em ambas as faces.

O médico ficou aterrorizado e correu em direção ao canto da sala, sendo a parte que não havia iluminação natural, queria se esconder, até que amanhecesse ou conseguisse pedir ajuda, mas acabou encontrando à figura sombria que ele tinha visto mais cedo, ao olhar para ele viu ser um monstro humanoide, com garras, porém não dava para ver diferente por conta do escuro. Ele tropeçou e caiu no chão, sentindo uma dor aguda em sua perna, semelhante a ser devorado vivo. Quando ele se levantou, percebeu haver algo errado já que a dor era tanta que ele mau conseguia sentir o restante da panturrilha, ao olhar para baixo e viu que estava faltando um pedaço de carne.

O gritou de dor e horror era se ouvido por todo necrotério enquanto a figura sombria se aproximava dele. Ele tentou se defender, mas já se encontrava incapacitado, perdia muito sangue e a dor lhe cortava o restante das forças, não se aguentava em pé. O ser o agarrou e arrastou-o para o fundo da sala, onde ele desapareceu na escuridão.

O zelador sorriu satisfeito enquanto fechava a porta do necrotério. Ele sabia que a jovem mulher morta era uma das muitas vítimas que ele havia trazido para o necrotério. E agora, o Dr. Lucas se juntaria a elas, em um lugar onde a morte nunca dorme, e o grito dos inocentes são ouvidos aos berros de desespero.