Mais uma terça, quatro horas da tarde e me encontro deitado nesse ambiente silencioso rolando os olhos pelas paredes, observando alguns informativos colados informando algumas fobias que para mim chegam a ser engraçadas. Vejo listadas as mais frequentes, como aracnofobia, o medo de aranhas, outras estranhas como tripofobia, que é a aversão ou incomodo ao ver imagens com “buracos?”. Passo os olhos novamente até ver a minha ali estampada, me causando gatilho. Respiro fundo enquanto o psiquiatra espera que eu me sinta confortável para falar. Como me sentir confortável? Ele acha que eu sou doido, assim como todos os outros.
Tudo o que eles dizem é: continue tomando sua medicação e você vai melhorar.
— então senhor André, o que te traz aqui? Tem tomado seus medicamentos?
(diz ele me tirar do meu devaneio)
— Sim, doutor, continuo tomando meus remédios, mas eu ainda o vejo toda noite, não teria nada mais forte?
Digo com a voz cansada, olheiras profundas e cada vez mais magro.
— eu ainda o vejo a noite, ele fica me chamando com uma voz tenebrosa, os olhos negros e sem vida, a maquiagem borrada como se escorrendo do rosto, vejo sangue no seu rastro.
Respiro exausto, esperando o médico me encarar como se tudo não passasse de um sonho
— André, você é Coulrofobia, um trauma do passado, o nosso inconsciente e a cultura popular, pode ter te trazido esse gatilho, por isso estamos tratando sim? E tentando descobrir a causa. O palhaço que você diz vê toda noite é só seu subconsciente te pregando uma peça, ele não pode te tocar, ele não é real, entende?
Aceno com a cabeça, exausto de toda essa conversa, só desejo pegar meus remédios e ir embora.
Volto para casa, meus pesadelos têm se tornado cada vez mais constante, toda noite escuto passos e aquela voz me chamar, sei que é ele, só pode ser aquele palhaço. Me olho no espelho, nem reconheço mais a imagem a minha frente, era para ser eu ali refletido? Então quem é esse homem só os ossos, pálido? Desisto te tentar me vê. Decido tomar as medicações, banho e vou jantar, me sinto sonolento, imaginei que ficaria assim ao dobrar a dose por conta própria, que mal haveria sim? Só quero dormir uma noite em paz. Tranco tudo em casa e vou me deitar, uma hora depois tudo recomeça.
Me falta ar, a sensação de ansiedade, enjoou, sinto minha boca seca, paraliso, mas como? Isso só acontecia na presença de algum personagem, alguém fantasiado de palhaço.
Oh não, ele está aqui. Essa frase me invade o pensamento, como modo de defesa inconsciente cubro minha cabeça com o lençol, escuto gargalhadas.
— Ele não é real, ele não é real, ele não é real, você não é real (grito desesperado, na intenção que isso vá me acordar desse pesadelo).
Ele não pode me tocar, não é real. É só minha cabeça me assustando, tento desesperadamente me acordar, porém, dessa vez algo novo acontece, algo que me deixa aflito, sinto as garras dele me segurar pela perna, sinto arder, sinto sangrar… me desespero, porém, continuo o meu mantra, de repente tudo para, e eu apago, como se estivesse exausto demais para se quer abri os olhos.
Acordo no outro dia, são 8 da manhã, minha cabeça lateja, observo o quarto ao redor, nada de anormal, apenas o meu quarto. Decido me levantar para fazer minha higiene matinal, ao tirar o pijama vejo o que tanto temia, os arranhões profundo na minha perna direita.
— Talvez eu não seja tão doido assim em doutor, se ele não é real como eu tenho feridas que sangram feitas em um pesadelo?
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Jose
o nossos medos se transformam em gatilhos assustadores
2023-04-30
4
Ivania S N Temporini
Cê fala assim porque não sofre de alguma doença...mas os que sofrem além de ver ainda vivenciam tais males...
É tenebroso....
2023-03-04
1
ATPLine 🗝🧚🏼♀️
por que ele? o que ele quer? por que insiste em provar ser real? Pronto agora fiquei curiosa 🤔
2023-02-05
1