O corpo

Ao recobrar a consciência percebo que o vazio, é a única coisa que eu consigo enxergar nesse momento, sei que meus olhos estão fechado, mas por algum motivo não consigo abri-los agora, por mais que eu tente não dá nem para sentir ao menos as pálpebras tremerem, meu corpo todo dói, como se um elefante tivesse rolado sobre mim, me sinto enjoado, meu corpo está sendo levemente deslocado é quase imperceptível, mas ainda, sim, consigo sentir.

Por que estou aqui assim? Inclusive onde eu estou? O que me resta agora é tentar descobrir onde estou e entender o que aconteceu comigo para só assim achar uma solução para o esse problema.

Você deve está se perguntando por que eu simplesmente não falo? Bom eu tentei, mas nem minha boca quer me obedecer, meu corpo não reage às minhas ordens, é isso me assusta muito.

Estou em um lugar muito barulhento, ainda não consigo identificar perfeitamente, escuto sons de sirenes como da polícia, sabe? Mas por que diabos eu precisaria da polícia?

Vou tentar focar minha mente e entender melhor, meu corpo todo balança e só agora eu notei, estou preso, deitado em cima de alguma superfície metálica, meus pés e mãos sente o gelado no metal, enquanto o resto do meu corpo sente o macio de algo semelhante a um colchão.

Sinto meu corpo deslizar, acho que estou em um carro. Um carro, sirene, preso, cama?! É isso, uma ambulância, eu estou em uma ambulância.

Me desespero, por que eu estou em uma ambulância? Eu sofri um acidente? O que aconteceu comigo?

Escuto uma voz ecoar ao meu lado.

Você precisa ir mais rápido, diz a voz.

Ele está perdendo muito sangue - ela continua .

Estou indo mais rápido que posso, mas a central ainda não me confirmou para qual hospital levar ele - diz uma segunda voz, sendo mas grave e mais masculina, deduzo ser o motorista.

Estou tentando me lembrar o que ocorreu de tão grave para que eu fosse levado pela ambulância.

Tento puxar a última lembrança que eu me recordo. Alguns flashes vem à mente , eu, minha namorada e amigos, felizes, bar, álcool , carro, acidente.

Acidente?

Tento força mais, porém nada vem à mente, minha cabeça dói, lateja.

Volto a presta atenção ao meu redor,preciso de mais informações do que ocorreu, o carro parou. Escuto um barulho alto, tiraram a maca às pressas, escuto passos rápidos, várias vozes em cima de mim.

A voz então conhecida por mim tem destaque novamente, acho que é a enfermeira da ambulância:

Acidente na estrada, jovens embriagados, encontramos garrafas com cerveja dentro, 5 pessoas, somente ele vivo.

Somente ele vivo, somente ele vivo, somente ele vivo…. Essa frase ecoava na minha cabeça, meus amigos, minha primeira e única namorada, todos mortos.

Passei muitos minutos pensando nisso, enquanto sentia cada procedimento sendo feito, mas estava em choque demais para me importar com a dor.

Escuto o doutor Ivan pedi ressonâncias, tomografias e raio x, para saber como estava o estado do meu corpo e o que poderia ser feito, sei que o nome dele é esse por que o ouvir resgumar ao ser anunciado pelo auto falante do hospital.

Escuto os barulhos de saltos no chão a me irritar, ainda não consegui acordar.

Alguém entrou no meu quarto, não posso vê mas sei diferenciar as vozes.

Ele vai precisar de uma cirurgia doutor, as costelas quebraram e perfurou o pulmão no impacto, fora que ele apresenta AVC hemorrágico- uma voz feminina na qual eu não identificada antes.

Levem o adam para a sala de cirurgia agora, o preparem.

AVC hemorrágico? Realmente estou entre a vida é a morte, como a vida que conhecemos é engraçada né? Até algumas horas antes estávamos comemorando a minha entrada na faculdade agora estou aqui em uma maca escutando barulho de furadeira cortando meu crânio.

Ainda não consigo dominar meu corpo, quero me mexer, falar,dizer que está doendo, eu estou sentindo tudo mesmo inconsciente, quando escuto um barulho de biiiiiiiiii, bem característico quando o coração para de funcionar.

O desfibrilador, por favor afastem-se, bora adam volte você é novo ainda…

Um, dois, três… afastem-se

Uma nova descarga de choque em mim, doía, queimava… Eu queria gritar para parar.

Um, dois, três… afastem-se

Doutor ele se foi….

Eu tô vivo, por favor eu tô bem, eu gritava, berrava, tentava ao máximo me mover, mostra algum indício que eu estava vivo, vivo… Meu corpo não respondia, por mais que eu tentasse.

Doutor por favor eu estou vivo, não me mate, sou muito jovem ainda, estou vivo.

Nessa hora pedi ajuda a Deus e escutei um sinal.

Paciente: Adam Melo, hora da morte: 23:12

Motivo: AVC hemorrágico.

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