Capítulo 6, Cartas na mesa...

ÂNGELA MARTÍNEZ...

Tentei a todo custo evitar falar com o senhor Pedro, mas ele não me deixou ir embora enquanto não voltasse a sala dele e explicasse o que eu quis dizer com a frase que citei antes de sair da sua vista.

Sr. Pedro: Me diga, querida, porque disse aquilo?

Angela: A sua história bate com a da minha mãe. (fui direta ao ponto, não queria continuar enrolando) E antes que o senhor comece pensar que eu só disse isso porque agora o senhor quer que eu seja a nova gerente e esteja me aproveitando, muito pelo contrário, eu só disse porque a minha mãe sempre me contava da história dela antes de ir embora da Itália, ela me contou quando chegou aqui, que o único motivo de voltar para cá seria porque talvez pudesse encontrar, usando as palavras dela "filha, só voltei para a Itália porque aqui conheci o seu pai, queria muito que um dia pudéssemos nos reencontrar e assim ele conheceria a moça incrível que você está se tornando, mas não posso ir atrás dele, portanto, não posso dizer o nome dele a você, sei que iria fazer de tudo para encontra-lo". Uma semana depois ela morreu no parto da minha irmã. Nunca soube o nome do meu pai, até ouvir a versão do senhor e perceber que se encaixa em todos os aspectos com a da minha mãe.

Sr. Pedro: Estou casado com a Marcela há quase 19 anos, nunca consegui amar ela, sempre deixei claro pra ela que não poderia ama-la pois meu coração pertencia a outra, e que ela foi embora levando consigo essa parte de mim. Não tenho filhos com a Marcela, pois deixei sempre claro para ela que não queria nenhum, pois já tinha um e não desejava morrer antes de encontra-lo. Que não esperasse receber nada da minha herança, pois ela já era totalmente do meu herdeiro. Marcela e eu temos respeito um com o outro, mas não temos amor, temos apenas um contrato assinado: ela tem os amantes dela e eu, as vezes, as minhas. Desde a primeira vez que lhe vi, Angela, eu já sabia que você era a minha filha, pois você é idêntica à sua mãe, eu mesmo verifiquei todos os seus documentos para lhe contratar, e mandei um investigador procurar tudo a respeito de você, sua família, de onde era; quando lhe ofereci a vaga de gerente, eu já havia planejado tudo, já havia descoberto tudo há muito tempo. Mas antes que você acredite nas minhas palavras, quero te propor um exame de ‘DNA’, assim podemos confirmar as nossas suspeitas, o que me diz?

Angela: Tem certeza?

Sr. Pedro: Eu não tenho nenhuma dúvida de que você é a minha filha, querida. É só para servir de prova para ter como eu lhe passar todos os meus bens.

Angela: Eu não quero que o senhor me passe todos os seus bens... Não foi para isso que eu procurei um emprego aqui e nem aceitei a sua proposta...

Sr. Pedro: Eu sei. Mas... ainda tem outra parte de uma história muito chata, mas que tenho que lhe contar...

Angela: Que parte?!

Sr. Pedro: Eu faço parte da máfia Bernardi, sou um dos conselheiros mais velhos, o antigo líder era um amigo próximo meu...

Angela: Máfia? Como assim?

Sr. Pedro: Toda a minha família paterna fez parte disso, e eu por ser herdeiro do filho mais velho do meu avô, fui obrigado a seguir com a linhagem.

Angela: Entendi...

Sr. Pedro: Ouça, filha, eu teria saído da máfia se pudesse, só para acompanhar cada passo seu.

Angela: E, porque não fez isso?

Sr. Pedro: Quando se faz parte da máfia, só se sai dela, morto. O meu casamento com a Marcela é todo de fachada, nunca tivemos nenhum envolvimento, pois amei sempre a sua mãe a ponto de recusar outra mulher na minha cama, Marcela sempre teve outros homens e nunca me cobrou nada, pois desde o início eu expliquei os meus termos para esse casamento. Alguns dias depois de assinar o contrato de casamento com ela eu tentei encontrar a sua mãe, acredito que o seu avô teve algo haver com isso, pois nunca consegui encontrar vocês duas. E quando você apareceu aqui em busca de emprego, eu pensei ter visto a sua mãe, meu grande amor, quase não acreditei. Peço perdão por nunca ter encontrado vocês e não ter impedido o que aconteceu com o Jorge...