Trabalho cansativo

Desde que cheguei eu não tenho um dia se quer de paz e tranquilidade, estou morando em uma pensão e para ajudar pagar minha estadia depois do serviço na fábrica de biscoitos eu limpo os quartos e ajudo na cozinha, faço o serviço de duas camareiras e tento falar o mínimo possível a meu respeito pois ninguém pode saber de onde eu vim.

Ayla é a dona da pensão, uma mulher muito nova e bonita com um sorriso encantador, ela está sempre cantando e tratando as pessoas bem porém tem uma filha que não gosta nem um pouco de mim, Berna é amarga e infeliz, trabalhamos juntas na fábrica e percebe-se de longe que está aqui por não ter encontrado coisa melhor na vida. Não ajuda a mãe em nada e parece sentir vergonha por ser filha da dona da pensão. O lugar é humilde mas muito aconchegante, pessoas de diferentes classes sociais se hospedam aqui por ser um lugar típico e original.

Na fábrica eu ajudo na fabricação dos biscoitos e Berna trabalha no empacotamento. A fábrica não é grande mas tem potencial. Dona Emma é a proprietária, sabe como fazer as coisas mas não consegue administrar o desenvolvimento da empresa sozinha, ela tem um sócio que eu ainda não conheço, conheci apenas seu filho Brian que é a cabeça moderna e cheio de sonhos para fazer o empreendimento crescer.

Cheguei a poucos dias e já fizemos uma grande melhoria no local, criamos novas receitas e dei ideias de como fazer os biscoitos ficarem conhecidos nas outras cidades, mandamos uma pequena amostra para as empresas e comércios das cidades que queremos alcançar e aproveitei e mandei para meu pai. Fiz a receita dos biscoitos que fazia na casa de dona Madalena, eu aprendi com minha mãe e por derreterem na boca eu fiz algumas vezes para Alonso quando acordou.

Emma e Brian também ficam na pensão durante a semana pois moram longe e não gostam de ficar se deslocando todos os dias. É uma família unida e muito esforçada, ajudam uns aos outros e estão sempre cheios de vontade de prosperar, não me perguntam a respeito de onde vim e eu não falo nada para não ser achada por ninguém, apesar de quê não acredito que esteja me procurando, afinal foi ele que me expulsou da sua vida.

Eu enfio minha cabeça no trabalho para esquecer tudo que eu vivi, não gosto de ficar parada ou sozinha remoendo minha dor, isso não me levará a lugar algum e não vai mudar a minha história.

Eu fui avisada de que não seria fácil depois que ele acordasse mas não pensei que fosse tão difícil. Ele realmente não tem coração, é um homem sem sentimentos e que a beleza esconde o quanto é desumano.

É difícil esquecer quando a gente ama e mais ainda quando se foi humilhada por quem você amou. A cena daquela mulher nua em sua cama e as palavras cruéis que ele cuspiu na minha cara me fazem querer sumir do país, só não o faço por não ter condições, mas meu desejo é nunca mais voltar e nunca mais olhar seus olhos novamente.

Estou lavando os banheiros e arrumando os quartos, não estou me sentindo muito bem pois estou cansada e a mais de três semanas que eu não paro um pouco para descansar. Dobrei a carga de trabalho pois preciso comprar roupas. Na minha pequena mala não cabia muita coisa e minhas roupas estão parecendo trapos velhos de tanto uso. Estou descuidada parecendo uma gata borralheira, meus cabelos vivem amarrados por falta de cuidados e minha pele está trincada pelo vento frio dessa época do ano. Sinto pena de mim, a moça rica que ficou pobre e foi obrigada a se casar com um inválido e depois jogada fora como algo inútil.

Me olho no espelho do aposento e não reconheço meu reflexo. Limpo minhas lágrimas e volto a trabalhar, não posso ficar com pena de mim, tenho que conquistar minha liberdade. Vou ligar para o meu pai e assim que o contrato de casamento for cancelado vou até lá assinar minha alforria. Não quero ver ninguém, no mesmo trem que eu for eu volto.

Me perco nos meus pensamentos e não vejo a maldade entrando em forma de gente.

Berna chega no quarto e me vê toda bagunçada limpando o chão, ela pega um vaso com flores e o joga no chão por querer.

__ Você não está limpando direito, anda rápido que o hóspede está chegando.

Ela fala e ri com maldade, eu já estava terminando. Mas quando ela se vira o hóspede viu a cena e ficou horrorizado. Ele a expulsa do quarto a pegando pelo braço e a levando até sua mãe, ele faz as reclamações contando o que viu e volta para me ajudar.

Eu fiquei envergonhada e agradecida ao mesmo tempo, termino de limpar tudo e meu rosto tem uma mancha de terra, o homem gentilmente tira um lenço do seu terno fino e limpa meu rosto. Eu o agradeço e vou saindo, ele me pergunta:

__ Qual é o seu nome?

__ Me chamo Laura!

__ Você é nova por aqui? Eu venho todos os meses e nunca a vi na pensão.

__ Cheguei a quase um mês.

__ Desculpa eu não me apresentei, sou Kerim. Sou irmão de Emma e de Ayla. Berna além de minha sobrinha é minha afilhada.

__ Muito prazer e obrigada por me ajudar.

__ Eu quem te peço desculpas, minha sobrinha é muito mimada, passou da hora de levar umas palmadas.

Saio do quarto e o homem fica me olhando, ele tem uns quarenta anos e é muito bonito, tem uma presença marcante e não parece ser uma pessoa sem posses, seu terno é muito parecido com o que Alonso usava no dia em que fui expulsa por ele.

Lembro do fato ocorrido e lágrimas rolam pelo meu rosto. Entro no meu quarto e tomo meu banho e não consigo parar de chorar.

Durmo sem me alimentar, pois estou muito triste e cansada, humilhada e sem rumo.

Levanto cedo, tomo um café e sinto uma náusea muito forte. Estou a mesa com Brian e dona Emma, que brincam me parabenizando pela gravidez.

Fico sem graça e preocupada, não pode ser! Eu não posso estar grávida.

__ É só uma brincadeira, Laura! Não precisa ficar desse jeito.

__ Verdade, Brian! Eu me assustei com a hipótese.

__ Laura, me parece que pode haver possibilidades. Você quer ir ao médico?

Dona Emma me pergunta desconfiada, tento parecer normal e respondo:

__ Vou pensar, se continuar os sintomas eu vou. Mas acho que é só cansaço, estou trabalhando muito ontem eu dormi sem jantar.

Os convenci de que é apenas um mal estar passageiro. Só não convenci a mim mesma.

Dona Emma me dá a tarde de folga, fala para eu descansar e sair um pouco e Conhecer a cidade .

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Comments

Maria Maura

Maria Maura

ninguém sabe ninguém viu

2024-04-30

0

Raimunda Morais

Raimunda Morais

KD a bolsa q a sogra deu pra ela recomeçar?

2024-04-25

4

Ione barbosa

Ione barbosa

fale pr ela ir assinar o divórcio

2024-04-12

3

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