Reações involuntárias

Estou ansiosa por notícias do meu pai, fico aqui no quarto esperando e tendo que olhar para a cara da minha madrasta da minha irmã é um sofrimento e um martírio essa espera. Ao mesmo tempo estou preocupada com Alonso, não sei se dona Madalena está em casa para caso ele precise de alguma coisa.

Depois de algumas horas de espera, o médico vem nos dar notícias da cirurgia.

__ Ele passa bem e deverá ficar na UTI por no mínimo sete dias, onde será monitorado. Mas tudo indica que ele vai ficar bem.

Dou um sorriso espontâneo e de alegria abraço o médico que me acalma com toda mansidão do mundo:

__ Você salvou seu pai, agora pode ir para casa que vamos cuidar dele para você.

Eu o agradeço e e saio do quarto sem olhar para as duas víboras atrás de mim. Passo numa confeitaria e compro um bolo, levo para casa pois é o meu favorito e o que meu pai comprava para mim quando comemorávamos alguma coisa.

__ O que aconteceu menina? Está radiante de felicidade.

__ Dona Madalena, a cirurgia do meu pai foi um sucesso e ele vai ficar bem, tenho muita esperança de que Alonso também se recupere e serei completamente realizada nos meus desejos para essa vida. Poderei ir embora sem remorso desse lugar e começar minha vida num lugar distante onde não vou recordar de sofrimentos.

Sentamos a mesa e comemos o bolo de castanhas e chocolate.

Depois de um banho rápido vou ao quarto de Alonso e o vejo da mesma forma, olho seus pés se estão frios, movimento um pouco suas pernas e braços e faço uma massagem em seu peito por dentro da camisas. Sinto seu mamilo enrijecido e faço um carinho. Tenho a impressão que ele reage aos meus toques. passo minha mão por seu ombro e pescoço e sinto desejo de beijar seus lábios.

Me debruço na sua face e o beijo devagar. Me assusto com sua respiração mais rápida. Me afasto rapidamente e estou em dúvida se não foi coisa da minha cabeça.

Chamo dona Madalena que vem correndo e lhe conto o que aconteceu, ela olha e ele está do mesmo jeito.

__ Pode ter sido só uma impressão sua, mas não vamos perder a esperança.

__ Eu vou continuar a estimula -lo mas eu gostaria que um médico o viesse ver, preciso que um profissional me explique o que devo fazer.

Laura é muito amável e obstinada, ela luta pelo que quer e sei que meu filho está em boas mãos. Vou chamar doutor Marcelo, ele é o médico que cuida de Alonso e é seu melhor amigo.

Durante o resto do dia Laura passou no quarto com Alonso lendo um livro de romance onde os personagens se apaixonam e vivem um amor as escondidas.

Ela não desisti de querer vê-lo acordado, mas sinto medo de sua reação ao saber que está casado com uma desconhecida.

Alonso é uma pessoa difícil e não será fácil fazê-lo gostar de Laura mesmo ela sendo linda, dócil e inocente.

Ele não vê essas qualidades nas pessoas, simplesmente as fere e as diminui. Talvez agora depois de tudo que tem passado possa ser diferente e possa amar essa mulher maravilhosa que está ao seu lado.

Chego no quarto de Alonso e ela está dormindo com a cabeça em seu braço e o livro aberto no colo. Sinto pena por ela estar vivendo uma vida que ela não tem culpa, meu coração dói ao vê-la se desgastando por alguém que poderá nunca lhe agradecer seus esforços.

__ Laura, venha se ditar. Já é tarde e seu pescoço vai ficar doendo nessa posição.

A levo até seu quarto e a deito como uma criança. Gosto dela como uma filha e sinto tê-la colocado nessa situação.

Acordo como nos outros dias, mas hoje está chovendo um torrencial, está frio e um vento que corta a pele. Lembro de Alonso e corro até seu quarto, ele pode estar sentindo frio. Saio do meu quarto apenas com uma camisola, não me dei conta do que eu estava vestida pois minha preocupação com ele é maior.

Entro de abrupta maneira no quarto e vejo um homem muito bonito, todo de branco olhando a respiração de Alonso. Meu corpo gela de medo dele ter morrido essa noite.

__ O que aconteceu com ele? Como ele está?

__ Calma querida, esse é o doutor Marcelo e é amigo de Alonso, ele veio dar uma olhada nele e ver como ele está.

__ Desculpa, eu me assustei ao vê-lo aqui, tinha até me esquecido que eu havia pedido para chamá-lo.

Ele me olha com lascívia, meus seios estão enrijecidos pelo frio e sem sutiã, a camisola de seda marca meu corpo. Sinto meu rosto corar, viro e pego o jaleco do enfermeiro que está pendurado no cabideiro, cubro meu corpo envergonhada e arrumo meu cabelo que ficou preso por dentro do enorme jaleco branco.

__ Ele está muito bem para o quadro dele, sua respiração está limpa e está bem corado sem anemia. Seus braços e pernas não estão atrofiadas e com reflexos que a um tempo atrás não tinha.

__ O senhor acha que ele vai acordar?

__ Não sabemos, precisamos fazer uma ressonância e vermos se o inchaço no cérebro diminuiu, tentem ficar atentos, ele pode ter convulsões e vômitos nesse processo.

Fico assustada com isso, eu não estou preparada para vê-lo sofrendo, até agora só o vi dormindo e não quero que ele sofra.

__ Vou mandar uma ambulância mais tarde, vamos levá-lo até o hospital para alguns exames e amanhã ele retorna para casa.

Laura! Você pode me ligar se precisar de mim para qualquer coisa.

Ele fala e vejo segundas intenções nas suas palavras. Ele está vidrado em mim como se eu estivesse precisando de consolo.

__ Se meu esposo precisar eu te ligo.

Deixo claro que não estou precisando de amparo de ninguém, só preciso que Alonso melhore para darmos continuidade as nossas vidas.

Vejo a ambulância o levando para o hospital, vou com ele para não ficar sozinho. Pego em sua mão e o seguro firme:

__ Você ficará bem! Não precisa ter medo eu estou com você.

Beijo sua testa e os enfermeiros sorriem com meu gesto de carinho a uma pessoa que não conheço.

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