Entrega e descobertas

Estou surtando com meus medos e receios, sinto Algo por Alonso que nunca senti por ninguém e ele está me envolvendo numa trama que tenho medo de até onde podemos chegar, tenho medo de lhe contar que somos casados e a forma como se deu esse casamento por contrato.

Mas ao mesmo tempo eu o desejo com toda força dos meus pulmões e a vontade de me entregar por inteiro é iminente.

Estou sem dormir e revirando na cama de um lado para o outro, meu quarto é ao lado do seu. Na madrugada escura e fria eu ouço barulhos no quarto ao lado e o enfermeiro está cuidando dele pois está tendo mais um pesadelo.

__ Pode deixar que eu fico com ele, se precisar eu te chamo.

Dispenso o enfermeiro que pelo visto passou a noite em claro. Me aproximo da cama e ele se acalma. Dou uma cochilada e acordo com ele novamente agitado, seguro firme seus braços e falo em seu ouvido para que acorde. Ele desperta e por um instante sinto todo seu libido voraz. Seu beijo quente me arrebata a um momento de êxtase e prazer, perco meus sentidos no calor dos seus abraços e o desejo ardentemente mas caio em si quando percebo o que estou fazendo e qual será sua reação ao voltar sua memória e descobrir um casamento por contrato de interesses.

Fujo dos seus braços e sofro por querer estar neles. Penso em fugir enquanto é tempo e planejo a fuga.

Quando amanhecer e todos ainda estiverem dormindo eu vou pegar minha mala que nunca fora desfeita e vou embora, pegarei o primeiro trem pela manhã.

__ Como posso fazer? Não tenho dinheiro para a passagem.

Fico pensando em como conseguir, talvez eu consiga uma carona e vou para outra cidade e de lugar em lugar eu possa me distanciar daqui.

Arrumo as poucas coisas que me restam na mala, deixo tudo pronto e me deito para esperar o dia clarear.

Fico olhando o horizonte na expectativa da luz do dia, não percebo quando a porta é aberta e atrás dele a tranca:

__ O que você faz aqui? Você ainda não pode caminhar sozinho.

Corro em sua direção para ampará-lo e ele me segura firme entre a parede:

__ Onde você pensa que vai com essa mala?

Ele fala olhando a mala atrás da porta.

Minha respiração falha e nossos lábios se encontram numa frenética dança sensual, seguro seus cabelos e ele ergue minha perna até sua virilha, sinto latejar seu membro grosso e viril que me excita e estamos nos devorando de desejo latente. Sua mão retira minha camisola expondo meu corpo nú, sou jogada na cama e tomada de desejo sinto a umidade molhar entre o meio das minhas pernas e sua boca sugar minhas partes íntimas me fazendo gemer e arfar de prazer, contorço em sua boca e chego ao ponto máximo. Ele sobe novamente pelo meu corpo e entra sem muito oscilar retirando de mim a pureza de uma virgem e dando prazeres inigualáveis. Ele percebe a retirada do selo e se excita ainda mais com o caminho apertado nunca desbravado e cheio de lubricidade.

Ele se desmancha em meu peito e sinto seu jorrar dentro de mim e ali ficar por algum tempo, imóvel e recuperando o fôlego. Ainda entre minhas pernas sussurra em meu ouvido:

__ Não fuja de mim, eu te quero ao meu lado.

Não respondo porque sinto que ao saber a verdade poderei perder o posto de mulher da sua vida.

Afago seu cabelo e seu rosto em meu peito. Ele me beija com ternura até necessitar de ar.

Dormimos por um longo tempo e não fomos interrompidos.

O sol esquenta nossos corpos ainda nú por sobre a cama, acordamos devagar e tranquilos. Seus olhos me dizem coisas que só os meus podem entender.

Ele me beija com ternura e ficamos entrelaçados um ao outro até mais tarde. Tomamos nosso banho juntos e fazemos amor no chuveiro onde nossos corpos se encaixam perfeitamente.

__ Você é muito especial para mim! Por favor, não vá embora.

__ Eu não sei se devo ficar, já cheguei longe demais e posso me arrepender.

__ Eu não quero que vá! Não fuja de mim.

__ Tem coisas que você ainda não sabe sobre mim e outras sobre você que em breve virão a tona, por isso eu devo ir.

__ Deixa eu descobrir primeiro, depois decidiremos se você fica ou vai embora.

Afago seus cabelos que amo e ficamos no silêncio dos amantes. Fizemos nossas refeições no quarto e esquecemos o mundo lá fora.

Assim foram dias e semanas, fiquei ao seu lado velando sua convalescente retomada a vida normal.

Ele por sua vez não pergunta nada a meu respeito por medo das respostas, eu não tive a coragem que me é uma qualidade, me omiti para não perder seu afeto.

Estou em seu quarto lendo um livro enquanto ele deitado com a cabeça em meu colo escuta as belas frases de um romancista francês. Alguém bate na porta e pede licença para entrar. Meu corpo gela ao ver Patrick entrando sorridente e Alonso por instinto se levanta e o cumprimenta como se lembrasse do primo. Eu fico sem reação ao vê-lo recordar do mesmo, sendo a primeira pessoa que ele reconhece.

__ Estou feliz em vê-lo, Alonso!

Você está muito bem e vejo que está muito feliz.

__ Estou mesmo, primo e semana que vem já volto ao trabalho.

__ Deixe-me te apresentar Laura, minha namorada.

__ Namorada? Vejo que já esqueceu a Beatriz?

__ A Bia? Como eu pude me esquecer da minha noiva?

Ele fala assustado e lembrando das pessoas, me olha com os olhos vagos e me sinto sem chão.

Saio correndo do quarto e o desespero toma conta do meu coração.

Encontro com dona Madalena no corredor e a olho horrorizada e ela me ampara até o quarto:

__ O que aconteceu? Por quê você está pálida desse jeito?

__ Patrick está com Alonso no quarto e ele se lembrou dele e da Bia.

__ Não pode ser, justamente deles?