Primeiro contato

Acordo com o dia já claro, uma noite péssima e maldormida, olho para o lado e dona Madalena está deitada no sofá e de mau jeito. A acordo para ela descansar no quarto dela.

Já está na hora do banho do Alonso e peço que o enfermeiro me ajude. Tiro suas roupas e o colocamos na banheira, esfrego seu corpo com cuidado e ele parece relaxar na água quente, massageio seus pés e esfrego o sabonete entre seus dedos. O enfermeiro sai um pouco para pegar uma outra toalha e eu fico esfregando seu peito. Sinto seu peito levantar com uma respiração mais demorada, passo a mão por seu pescoço e sua boca dá uma leve abertura.

Um arrepio percorre meu corpo e sinto um friozinho no estômago, ele parece sentir o banho. O firmo na banheira para não escorregar e ele parece mais pesado que antes. Lavo seus cabelos agora sentada na borda da banheira, vejo sua mão fazer um movimento leve, o enfermeiro entra e peço que me ajude a tirá-lo da água.

Colocamos ele na cama e o vestimos, peço que o sente na varanda para o banho de sol.

Ajoelho-me a sua frente e faço uma massagem em seus pés e coloco as meias, subo por suas pernas e sinto seus músculos contrariem. Com ousadia massageio suas coxas e seu membro reage. Está rígido e volumoso. Fico envergonhada com o enfermeiro chegando e jogo uma manta em seu colo.

O deixo mais um pouco no sol e não o toco novamente por medo dele ter nova ereção.

Colocamos ele na cama e estou perturbada com o que aconteceu, pego o telefone e ligo para Marcelo, peço que ele venha o mais rápido possível pois preciso conversar com ele.

Como sempre ele não demora por pensa ter acontecido alguma coisa com Alonso.

O chamo no escritório e lhe conto o que aconteceu e que ele teve uma ereção quando massageava suas coxas.

__ Pode ter sido involuntário ou ele pode estar sentindo algum libido. Ele é totalmente saudável e o acidente não afetou sua medula ou outro órgão que o impossibilite de ter relações.

__ Eu quero saber se ele está acordando?

__ Eu posso te dizer que está praticamente acordado, mais alguns estímulos e ele vai despertar.

__ Obrigada, muito obrigada por você ter vindo.

__ Não me agradeça, é um prazer poder ajudar, agora vou ver meu amigo.

Chegamos no quarto e o vejo do jeito que eu o deixei, estou feliz pelo progresso que ele está tendo.

Antes que o médico se aproxima eu passo as mãos pelos seus cabelos e desço pelo seu rosto e falo baixinho em seu ouvido:

__ Príncipe, você tem visita! Seu amigo doutor Marcelo veio te ver.

Olho para sua mão que sempre está aberta e espalmada e a vejo fechada contraída.

__ Doutor Marcelo, olha!

Aponto para sua mão, Marcelo tenta abrir sua mão e não consegue, ele está apertando com força e muito firme.

Passo a mão pelo seu braço e falo baixinho em seu ouvido:

Meu querido, abra a mão para mim!

Deslizo meus dedos por cima da sua mão e os enfio entre a palma. Ele cede vagarosamente e relaxa o músculo do braço. Dou um sorriso e Marcelo corresponde:

__ Acho que você pode conversar mais com ele, tudo indica que ele te ouve e te entende.

Peço ao enfermeiro que chame dona Madalena, eu quero contar-lhe tudo que aconteceu.

Marcelo faz mais alguns exames físicos e confirma que ele está despertando e que seus estímulos estão reagindo e que devemos nos dedicar e que será uma questão de dias para ele despertar.

Dona Madalena chora abraçada ao filho e pede para ele acordar. Meu coração fica em pedaços ao ver a esperança da mãe que sofre mais do que qualquer outra pessoa.

Fico o dia todo sentada ao seu lado na cama, a noite ele parece estar um pouco febril dou-lhe um anti- térmico e fico esperando normalizar. Ele faz um leve movimento com a cabeça, não me contenho e chamo sua mãe, ela comemora como se ele tivesse corrido uma maratona.

Pego em sua mão e ele aperta meus dedos:

__ Você está me ouvindo? Se estiver aperta minha mão.

Sinto um leve aperto. Estou em lágrimas, não consigo conter a emoção.

__ Pois bem! Se estiver sentindo alguma coisa, alguma dor aperte novamente.

Ele aperta forte, peço ao enfermeiro que lhe aplique o remédio de dor.

Assim foram os próximos dez dias, estamos num processo lento e muito delicado, mas sei quando ele precisa de alguma coisa e sei que podemos nos comunicar de alguma forma.

Ele não se comunica com mais ninguém, somente comigo, me sinto privilegiada e tenho a chance dele me reconhecer quando abrir os olhos.

Leio livros e mais livros para estimular seu cérebro, dou-lhe banhos demorados para descansar seu corpo. Massageio suas pernas e pés para não ficar parado e afago seus cabelos para se sentir protegido.

Faço o possível para ele se sentir bem e poder me reconhecer como alguém que cuida dele com carinho e que se ele me amar eu viverei o resto da minha vida ao seu lado.

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