Olhos Azuis

Estou muito cansada e Alonso está com febre, ele teve uma melhora significativa esses últimos dias mas agora a noite ele está com muita febre, já pedi para Marcelo vir olhá-lo. Estou esperando o médico e dona Madalena foi fazer uma sopa para ver se eu consigo comer pois no estado que ele se encontra eu não consigo nem me alimentar.

Ele começa se debater novamente e eu tento contê-lo. Doutor Marcelo chega e me abraça pois estou desnorteada, o enfermeiro está tentando conter seus impulsos e sua força. Ele parece dobrar a força no momento da convulsão e sozinha não consigo contê-lo.

Eu choro no peito de Marcelo que afaga meus cabelos e pede para que eu seja forte e tenha calma.

Com o medicamento ele vai se acalmando e a febre vai abaixando.

Eu não sei mais o que fazer para ajudá-lo e dona Madalena está sofrendo muito. Contamos os minutos para que esse sofrimento acabe.

__ Laura, você precisa manter a calma, esses surtos irão passar e ele vai acordar. A febre parece ser emocional, ele tem tipo de um sonho ou lembranças do que aconteceu e como causou o trauma. Mas isso vai passar e ele vai melhorar.

__ Doutor Marcelo, eu não estou conseguindo vê-lo desse jeito, ele precisa melhorar logo pois é muito sofrimento. Eu não quero que isso aconteça de novo, se eu pudesse trocaria de lugar com ele.

__ Eu sei! Você o ama não é mesmo?

__ Não! Eu não o amo e faria isso por qualquer pessoa.

Ele está me pressionando para que eu assuma um sentimento que eu tenho relutado para não sentir, tenho medo de estar me envolvendo com alguém que não irá corresponder e ainda me trará muito sofrimento.

Quando ele se acalma e a febre abaixa, eu fico velando seu sono, relutando contra o meu sono e a natureza eu acabo dormindo sentada e com a cabeça em seu peito. Tenho medo dele ter febre novamente por isso coloco minha mão em seu peito para sentir a todo momento sua temperatura.

O cansaço me vence e apago por algumas horas em seu peito que exala um perfume único e um conforto que eu adoro sentir.

Desperto com uma mão afagando meus cabelos e tirando os fios que cobrem meu rosto, uma mão macia e delicada contorna meu rosto e abro meus olhos e fico em choque ao ver seus lindos e grandes olhos azuis cor de anil, como se fossem duas pedras preciosas que me encaram e tentam me reconhecer.

Ergo meu corpo que está debruçado ao seu e ele me pergunta baixinho quase inaudível:

__ Onde estou?

__ Você está no seu quarto.

__ Quem é você?

__ Sou Laura.

__ E quem sou eu?

Ele não se lembra quem é, o que eu faço agora? Fico em dúvidas do que responder.

__ Você é Alonso, você sofreu um acidente de carro há algum tempo e você dormiu por quase dois anos.

__ Minha cabeça está doendo, dói muito, você pode me ajudar?

__ Espere um pouco que vou chamar ajuda.

Chamo o enfermeiro e dona Madalena, eles vem correndo e ela o vê de olhos abertos e começa a chorar e abraçá-lo. Está eufórica e ao mesmo tempo em choque por ver seu filho acordado.

Eu estou sem reação, ele consegue ser mais bonito acordado que dormindo e sua voz me faz arrepiar. É realmente um príncipe de beleza sem igual. Não se parece em nada com o carrasco que falaram.

__ Laura! ...Quem é ela?

__ É a sua mãe, ela sofreu muito com seu estado e agora está muito feliz com seu retorno, por isso está chorando.

Ele fecha os olhos tentando entender o que está acontecendo e trazer de alguma forma as lembranças do passado, é doloroso não reconhecer a própria mãe.

Peço ao enfermeiro que ligue para o Marcelo, ele precisa tirar a sonda que o está incomodando. Ele precisa que o médico o avalie para que possa se sentar na cama.

Ele nos olha atordoado e ainda não assimila familiaridade com ninguém, apenas observa e queixa alguns incômodos pelo corpo. Conto a ele que fraturou as pernas, os braços e a cabeça e que agora ele ficará bem e que aos poucos recordará de tudo.

Tudo de que ele precisa pede para mim, como se eu fosse sua enfermeira. Estou a sua disposição e não o deixo um só minuto, sempre prestativa e paciente. Assim tenho ganhado sua confiança.

Doutor Marcelo chega e ele não o reconhece, a sonda é tirada e ele é colocado sentado, mas ainda sente tontura. O médico pede que lhe sirva aos poucos um alimento leve para não provocar vômito e para introduzir aos poucos líquidos e depois alimentos pastosos.

Estou atenta a tudo e cuido dele como se fosse um bebê. Ele me faz perguntas sem nexos pois sua mente ainda não assimila frases inteiras, me esforço para entendê-lo.

__ Laura, vou deixar as prescrições e os cuidados que deverá ter com ele nas próximas horas, nada de tirá-lo da cama antes de uma próxima avaliação, ele pode se desequilibrar e cair. Ele é muito pesado e você não vai aguentar segurá-lo sozinha.

__ Obrigada, doutor eu vou cuidar dele com certeza.

Marcelo passa a mão no meu rosto e com carinho seca as lágrimas que teimam em cair.

__ Se cuida! Não vai esquecer dos cuidados com você.

Ele fala me beijando a testa e saindo do quarto.

__ O que ele é seu?

Alonso me pergunta me deixando sem graça:

__ Ele é seu médico e seu amigo, ele tem sido um apoio para os cuidados que tenho que ter com você.

Faço suas higiene na cama e ele fica sem graça por eu estar lhe tocando.

__ Não precisa ficar com vergonha, a meses eu tenho ajudado a cuidar de você. Não há nada aqui que eu já não tenha visto.

__ Você é enfermeira?

__ Não, eu não sou enfermeira.

Ele não me pergunta mais nada e eu não falo que sou sua esposa, tenho medo de sua reação.

Ele passa o restante do dia bem e sua mãe tem ficado com ele para eu descansar. Preciso repor minhas energias pois está sendo desgastante demais esse medo e sensação de que tudo está por um fio até ele se lembrar de tudo.

Estou dormindo um pouco em meu quarto e ouço batidas na porta, dona Madalena me chama pois Alonso quer que eu o ajude a se sentar, ele não aceita que ninguém coloque as mãos nele.

Me levanto e vou até seu quarto, ele está com dores de cabeça e náuseas. Dou-lhe os remédios e me sento ao seu lado onde encosto seu corpo no meu para que ele não caia de lado. Meu corpo dói por ficar lhe segurando por muito tempo, sou um cisco perto do grande homem que quer atenção e carinho.

Dona Madalena sorrir vendo a confiança que ele tem em mim. Isso gera em nós uma esperança de que ele pode ter acordado um novo homem.

Ele se alimenta ainda bem pouco, quando ele adormece eu preparo alguns alimentos que ele pode comer, faço sempre uma receita dos biscoitos da minha mãe, ele adora e são leves para sua dieta.

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Comments

lua 🌙

lua 🌙

como Laura é carinhosa com ele

2024-05-05

0

vulgo_ Branquinha🤪🔥

vulgo_ Branquinha🤪🔥

Confesso que eu tbm estou com medo dele rejeitá-la quando acordar do coma

2024-05-02

0

Maria Maura

Maria Maura

Que triste se ele lembrar da noiva vadia

2024-04-30

0

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