Capítulo 9

Capítulo 9

- O que foi? - perguntei baixo e ele fez sinal com sua mão para que eu descesse. E eu fiz sinal que não ia descer com a cabeça.

- Por que não? - ele perguntou abrindo os braços, sem entender.

- Tô cansada e está tarde! - falei baixo e fechei a janela.

Dois minutos depois ouvi batidas na minha janela, meu Deus... ele tinha subido. Abri rapidamente e o deixei entrar.

- Está maluco? - perguntei brava

- Por que? - ele rebateu sorrindo. - já pulei muitas janelas e você também!

- O que quer? - perguntei cruzando os braços e ele me olhou de cima a baixo.

- Primeiro, você fica uma gracinha com esse pijama de coração! - ele falou e eu fiquei vermelha na hora - segundo, vim conversar, você sumiu o dia todo! O que está acontecendo?

- Nada Theo, só quero ficar sozinha! - falei baixo, não queria que meus pais nos ouvissem.

- Você está estranha e não vou embora até me falar! Qual é, a gente estava super bem no fim de semana!

- Theo, está tudo bem! - falei

- Se é sobre eu não ter buscado você, tive que levar minha mãe ao médico, me esqueci de avisar você e quando passei aqui era tarde, você já tinha ido!

- Quer voltar com a Olga? - perguntei olhando em seus olhos e ele franziu as sobrancelhas e depois sacudiu a cabeça.

- O que? Não! Não quero! - ele falou de imediato.

- OK então! - falei

- Ah, já sei! - ele falou compreendendo - alguém contou a você que nos viu conversando hoje de manhã, é isso não é?

- Não! - falei mentindo e ele com certeza soube, porquê eu era péssima mentindo, principalmente para ele. Theo se aproximou, mas não me tocou.

- Só conversamos! - ele falou de forma tranquila e com a voz baixa e olhou nos meus olhos - ela queria conversar, falou de voltar e tudo mais, mas eu disse que não!

- Por que não? - perguntei ainda de braços cruzados.

- Por causa de tudo que ela fez! - ele disse. Mas essa não era a resposta que eu queria ouvir.

- Ok então! - falei

- Estamos bem? - ele perguntou.

- Sim! - falei e ele descruzou meus braços e me abraçou.

- Mesmo? - ele perguntou e eu retribuí seu abraço, me odiei por isso. Theo claramente só queria ser meu amigo, eu interpretei seus sinais tudo errado.  No fim das contas, ele não tinha culpa por eu ter entendido errado. Ou será que tinha?

- Sim, estamos bem! - falei

- Vou deixar você descansar, amanhã prometo chegar bem cedo! - ele falou e me soltou.

- Ok - falei tentando sorrir. Theo  me deu um beijo no rosto e se foi. Eu fiquei horas tentando dormir, rolando na cama de um lado para o outro.

Acordei assustada e atrasada, coloquei um jeans bem justo, coturno preto, uma blusa de tricô branca e peguei meu casaco branco. Coloquei minha mochila nas costas e desci, passei na cozinha, roubei uma torrada do prato do meu pai, que só bufou e não disse nada depois saí para frente de casa, Theo estava ali parado, no seu carro.

Fiquei um pouco nervosa, passei minha mão livre no meu cabelo e depois andei até ele e sentei ao seu lado no banco do carona.

- Você, atrasada, Steves? - ele perguntou sorrindo.

- Pois é... - falei colocando o cinto.

- Aí, trouxe uma coisa! Pra compensar por não ter levado você ontem! - ele disse e pegou um pacote do porta luvas. Eu abri o saquinho de papel pardo e tinha uma caixinha bem pequena de chocolates.

- Jinkles! - falei lendo a marca. - onde você achou isso? Eu nunca mais achei em mercado nenhum aqui!

- Bom... eu pesquisei e achei num bairro perto da minha casa! Lembrei que você amava esse chocolate quando éramos crianças!  - ele disse e eu abri a caixinha, esquecendo minha torrada roubada.

- Humm.. - falei depois que mordi um Jinkles - o gosto ainda é o mesmo! - eu disse saboreando o chocolate. E ele abriu um sorriso enorme.

- Espero que eu esteja perdoado! - ele disse e roubou um dos meus chocolates, eu puxei a caixa e escondi dele.

- Está! Mas se roubar mais um Jinkles meu, eu corto sua mão! - avisei séria.

- Para que duas mãos... uma ta bom! - ele disse rindo e pareceu pensativo - acho que vale o risco! - Theo disse e tentou roubar mais um chocolate meu.

- Ei! Para! - falei e ele riu mais.

Fomos para a escola, hoje praticamente todas as nossas aulas eram juntas. Inclusive Jordan também estava nas mesmas aulas que nós. Theo passou o tempo todo na minha volta, com o braço em cima dos meus ombros e dando beijos no meu rosto. Provavelmente porque sabia que eu queria fazer ciúmes para o Jordan, mas agora eu não sabia se ainda queria. Theo devia achar que sim, porquê não saiu do meu lado. Percebi Jordan me olhando o tempo todo.

Na hora do intervalo, Theo pegou almoço para nós e sentamos junto com os colegas de futebol dele no refeitório.

- Obrigada! - falei baixo olhando para meu prato, enquanto a gente comia.

- Pelo que? - ele perguntou.

- Por ter ficado o tempo todo na minha volta agora de manhã! - falei e ele ficou me olhando sem entender. - sabe... para fazer ciúmes para o Jordan!

- Ah - ele disse compreendendo - sim... claro! Foi isso mesmo! De nada! - Theo falou e seguiu comendo.

- Você tinha razão, sabia? Ele não tira os olhos de mim! - falei puxando papo - Theo respirou fundo e me olhou.

Que bom que tá dando certo! - ele disse e seu tom saiu um pouco ríspido, o que me deixou confusa.

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