Luz Na Escuridão
A imagem refletida no espelho não dizia nada para si. Afinal, quem estava ali? Os olhos verdes traziam desespero e angústia. Ainda sentia dores no peito onde o tiro havia atingido e a cabeça raspada devido ao curativo davam a ele um aspecto bizarro. A tristeza invadiu sua alma. O olhar perdido cruzou com os olhos castanhos que o fitava com tranquilidade.
_ Quem sou?
Disse ele com voz rouca angustiada olhando para ela que se mantinha encostada no batente da porta.
_ Você se lembra de algo?
Disse ela indo até ele tocando seu ombro o virando para si.
_ Nada.
Disse angustiado com olhos assustados.
_ Não tenha medo.
Disse ela confiante.
_ Não sei quem sou! Ou para onde ir depois que tiver alta do hospital.
_ Venha.
Disse ela segurando a sua mão o guiando para o quarto novamente ambos sentaram na cama do hospital. A angústia nos olhos dele cortavam o coração dela que observava o desespero que o invadia.
_ Comprei algumas roupas para ti. São peças básicas que lhe serão muito úteis neste começo de jornada.
Disse ela entregando-lhe um pacote com várias roupas e uma mochila com itens de higiene e peças íntimas.
Envergonhado, abaixou a cabeça de modo a esconder sua tristeza.
_ Não precisa ter vergonha de receber um presente de uma amiga. Afinal só estou viva por sua intervenção.
Disse ela fechando os olhos lembrando da noite a duas semanas atrás. Voltava do expediente extra para a preparação da acusação de Alexander Bolkani líder da máfia russa na sua região. Fora anos de investigação da polícia da ilha de Creta com a Interpol para pegar Alexander. A maldita instituição do crime organizado buscava estender os seus tentáculos nas ilhas do mar Egeu para explorar o tráfico de drogas e prostituição das vítimas do tráfico humano. Graças a dedicação e integração das ações haviam destruído um dos tentáculos da rede em Creta.
Alexander estava no banco dos réus e temia a feroz líder da promotoria de justiça que trazia a sanha de justiça e vingança. Os criminosos a temiam pelo legado que trazia nos seus ombros de ser filha do maior juiz da Grécia que era conhecido por sua sagacidade e honestidade.
Por isso a sua cabeça foi posta a prêmio e aquele que a matasse ganharia milhares de dólares, caindo nas graças do grande oligarca Dimitri, que temia os rumos das investigações promovidas em parceria com a Interpol.
O frio tomou conta do seu ser ao rever as cenas da caçada efetuada contra si. Saiu só prédio da promotoria escoltada pelos seguranças armados que a levaram para o veículo blindado. Nos meios do caminho a sua casa, seu carro foi interceptado por três veículos pretos que perseguiram o seu até a vila marítima. O seu carro foi fechado para evitar sua fuga. Homens armados desceram do veículo atirando contra o seu que apesar de blindado foi gravemente avariado. Sua escolta desceu do carro sobre forte fluxo de balas trocando tiros com os bandidos um a um seus protetores foram abatidos. Desesperada, sacou a sua pistola da bolsa e desceu do veículo sobre vários tiros achando abrigo nas pilastras de um prédio. Graças ao treinamento de tiro conseguiu acertar alguns dos bandidos que caíam com tiros no peito e cabeça. Decidida, lutaria até a morte como seu pai fez. Seu pente estava quase no final quando o líder do grupo foi interceptado por ele, que saltou sobre o homem com um chute certeiro que quebrou o pescoço, caindo no chão como um boneco sem vida. Entrando em combate com os bandidos que estavam mais próximo, dando a ela a chance de acertar o máximo de capangas que podia. Assim que constatou que todos os capangas estavam no chão, saiu de trás da pilastra indo até o homem que havia como aliado repentino, que chegou próxima a ele, viu nos seus olhos o pavor daqueles que vêm o perigo eminente. Antes que ela pudesse impedir, ele a virou a cobrir a sua frente com o seu corpo, levando o tiro sobre o peito para lhe salvar a cair no chão, batendo a cabeça contra o degrau de mármore. De maneira fria atingiu o capanga que tentou tirar a sua vida com um tiro na cabeça correndo para socorrer aquele que havia protegido a sua vida.
Fitou o rosto másculo perdido, temendo o futuro incerto daqueles que não sabem nada sobre si. Tocou a mandíbula forte dele com as mãos delicadas e com voz calma falou:
_ Não tema, irá para casa comigo.
Ele fitou-a aliviado, pois ela era a única pessoa que familiar para si.
_ Eu não sei como lhe agradecer. Estou perdido.
Disse ele fitando o rosto belo da mulher a sua frente. Desde, que acordou, soube que ela não havia saído do seu lado. Que cuidava do seu tratamento e dos encargos financeiros. Sentia vergonha por estar a depender de uma mulher, mais não sabia o que fazer ou o que era.
_ Fique tranquilo, em breve saberá quem é. Disse ela saindo da cama e com um sorriso no rosto falou:
_ Mais tarde retornarei para vê-lo.
Ele levantou os olhos do chão e a fitou assustado.
Com o coração aos saltos deixou o quarto do seu salvador.
Andava pelo corredor quando o telefone tocou.
_ Pronto.
_ Dr. não, encontramos nada sobre o homem. Não existem registros sobre a sua existência em todos os bancos que acessamos. Solicitei o rastreamento do DNA, mais esse processo pode levar dias ou semanas.
_ Continue a varredura, necessito saber quem ele é.
_ Dr. O juiz quer adiar o julgamento devido ao atentado sofrido pela senhora, alegando a sua incapacidade no momento. Também usa as suas idas frequentes ao hospital para, colocar em xeque o trabalho da promotoria.
_ Diga ele que se tentar essa manobra farei uma representação na suprema corte.
_ Dr, o que fará com o homem?
Perguntou a sua assistente preocupada.
_ O levarei para minha casa.
_ Dra. ?
_ Sim.
_ Se for um truque a perda da memória? Sabe que a sua vida está a prêmio.
_ Já tomei as providências sobre isso, o quadro de amnésia é real. Ele não sabe quem é o que fará. Segundo o médico a sua recuperação é um milagre. Não negarei abrigo ao homem que tomou um tiro próximo do coração por mim. Obrigada pelo bom trabalho.
Disse ela encerrando a conversa.
Os dias foram a passar e Ângelo acostumava com o nome lhe dado por ela. O dia da sua alta havia chegado. Estava com medo e o seu peito doía quando tentava vestir o casaco. As mãos delicadas o auxiliaram na tarefa e amparado por ela, seguiu pelo corredor até a garagem. Homens fortemente armados o esperavam e três carros estavam parados a espera deles. Entraram no veículo e um colete a prova de balas foi posto sobre eles.
Ângelo observava o modo que os homens se portavam e sem pensar falou:
_ Não adianta proteger o peito, a mira sempre é na cabeça.
Todos lhe viraram que ficou surpreso com o próprio comentário.
_ O que se lembrou?
Perguntou ela fitando-o nos olhos.
_Contudo a mira e na cabeça.
O resto da viagem foi feita em silêncio.
Assim que pararam no cais, ela o ajudou e ambos entraram em uma lancha que ela guiou até as coordenadas, chegando ao barco que chamava de casa em mar aberto.
_ Você mora em um barco?
Perguntou ele assustado subindo a bordo com muita dificuldade sentindo a dor em cada movimento.
Themis o fitou com tristeza, sabia que o ferimento doía.
Assim que estavam a bordo, ela amarrou a lancha no ancoradouro do barco e o guiou para dentro da cabine espaçosa.
Ele ficou surpreso com o ambiente acolhedor que encontrou e seus olhos foram sobre o quadro de um homem e uma menina no colo rindo.
_ Este é meu pai.
_ Muito bonita a foto.
Disse ele fitando a imagem
_ Foi tirada um dia antes do seu assassinato.
_ Sinto muito.
Disse ele constatando a dor nos olhos dela, segurando a sua mão para lhe dar conforto.
_ Presenciei a sua morte. Não sucumbi com ele pela ação dos seguranças.
_ Quem fez isso?
_ Perguntou Ângelo tocando o rosto delicado com a mão.
_ Um oligarca russo, Dimitre Patronai membro da Solncevskaja Bratva, que tinha no meu pai um ferrenho opositor aos seus negócios escuso de tráfico de pessoas e drogas.
Ângelo tocou o rosto delicado amparando uma das lágrimas que caíam dos olhos dela com o dedo.
_ Não está sozinha.
Disse ele, pois observou nos olhos castanhos o mesmo medo que viu refletido no espelho ao acordar sem saber quem era. Sabia da dor daqueles que sentem a solidão na alma.
Abraçou com cuidado e permitiu que ela encontrasse nele um apoio no momento se dor.
Ali Themis sentiu aconchego e proteção. Necessidades a muito reprimidas por sua obstinação em destruir aqueles que haviam ceifado a vida do seu Pai.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Beatriz Ferraz
Chegando agora ! Já achei interessante
2022-11-24
0
Vanedrigues
Sentindo cheiro de amor proibido no ar..
2022-11-18
0
Joelma Oliveira
isso ainda vai dar um rolo gigantesco.
adorando tudo!!!! vamos caçar confusão!
2022-11-17
0