capítulo 6

Capítulo 6

Novak

O dia seguinte chegou e não vi Caterine nem os meninos no café da manha, nem no almoço. Depois tive que ir seguir o protocolo.

Duas moças de pele amarelada e orelhas pontudas me ajudaram no banho, depois me vestiram com uma calça preta justa as pernas, um suspensório dourado, com um cordão preto e um medalhão dourado pendurado no meu peito. Nos meus braços, mãos e pés foram pintados arabescos e em minhas costas pintaram o brasão da corte. Meus cabelos pretos foram cortados bem curtos e passaram cremes e perfumes, o deixando brilhoso.

Isso levou a tarde toda, a cerimonia nem tinha começado e eu já estava cansado e irritado. Caterine não devia estar entendendo nada, a não ser que alguém tenha descumprido minhas ordens e falado tudo a ela, o que faria cabeças rolarem. Mas se ela tivesse sumido, eu já saberia.

Três cavaleiros do rei, com a farda real preto e dourado, caminharam comigo até o salão do palácio, onde tudo aconteceria.

Assim que entrei no local, me deparei com muitas luzes amarelas, nos candelabros e lustres, o que ofuscou um pouco minha visão. A direita uma mesa gigante farta de comida e a esquerda músicos trinyh, tocavam para todos. Meu pai estava no interior da sala, no seu trono inteiramente dourado. De ouro maciço. O rei estava com sua roupa preta engomada e justa ao corpo, botões brilhando nas luzes, ombreiras de ouro e capa gigante de um tom que era mais amarelo do que dourado. Seus cabelos recém ficando grisalhos, mas o castanho escuro ainda predominava, seus olhos pareciam duas pérolas negras. Ao lado dele, sua amante, Luna Killow com um vestido vermelho até os pés, com um decote que ressaltava os seios a quem quisesse ver. Mas seu rosto e cabelo moldados de forma angelical, parecia que mal tinha chegado a fase adulta, o que era pura enganação, ela deveria ser tão velha quanto meu pai, ou até mais se duvidasse...

Quando fui visto, a música mudou, para o hino do nosso reino e as pessoas formaram duas filas para que eu passasse. Caminhei lentamente com meus pés descalços, enquanto homens e mulheres faziam reverências para mim com suas cabeças.

Me curvei diante do Rei e disse:

- Eu saúdo você Rei Ulric lll, vida longa a corte de Cinzas e Ouro! - o que era referência a nossa riqueza baseada em minas de carvão e minas de ouro.

- Vida longa a você filho meu! sente-se ao meu lado! - disse meu pai e foi o que eu fiz, sentei do seu lado esquerdo.

Um minuto depois o padre da corte, caminhou e fez reverências a nós dois. Meu pai ficou de pé e começou seu discurso, falando do nosso reino de carvão e ouro que abastecia os outros reinos ao redor do mundo. Disse que eu seria seu sucessor, e que esta noite seria consagrado como trinyth supremo.

O padre que estava ao meu lado, porém em pé, foi para a frente, quando meu pai se sentou.

- Que entre a esposa de Novak Ulric! - disse ele em voz alta, com os braços abertos ao lado de corpo.

Imediatamente Caterine surgiu com três damas de companhia ao atrás de si. Ela estava com uma coroa de rosas brancas do nosso jardim na sua cabeça. Um vestido creme, até os pés que estavam descalças como os meus, as mangas do vestido eram longas e justas. E aquele colar com tiras de couro e pedra pendurado no seu pescoço. Ela estava com a cabeça baixa e segurando suas mãos a frente do corpo, enquanto caminhava até nós.

Ao meu lado, meu pai estava diferente, rígido, hipnotizado com a beleza de Caterine, até mesmo eu estava. Porque ela estava definitivamente linda, maquiada bem naturalmente, o vestido creme a favoreceu muito.

Quando ela chegou a frente do padre, ficou de joelhos, como deve ter sido instruída durante todo o dia.

- Minha filha, Caterine Bexton. Seja bem vinda a Corte de Cinzas e Ouro. - começou o padre - podemos iniciar a cerimônia! Novak, venha até nós!

Caminhei até ele e fiquei de joelhos, de frente para Caterine, com o padre no nosso meio e com as mãos em minhas pernas, notei que ela respirava com dificuldade, estava nervosa.

- Estendam suas mãos direitas - pediu o padre já com seu pequeno punhal de ouro na mão. - segurem suas mãos esquerdas e deixem o pulso da mão direita virado para cima

E foi o que fizemos. Caterine me olhou e vi pânico em seus olhos, mas eu não podia fazer nada.

O padre segurou meu braço direito e cortou meu pulso, sangue escuro surgiu manchando minha pele. Os olhos de Caterine saltaram mais ainda. Ainda bem que agora estava prestes a acabar. O padre então segurou o braço dela que tremia muito e encostou seu punhal nele, quando ele foi cortar, ouvi meu pai dizer alto e talvez um pouco desesperado:

- Parem! Agora!

O salão inteiro se sobressaltou, inclusive nós três que estávamos no ritual.

- Majestade - falou o padre olhando meu pai que estava agora de frente para ele, ao nosso meio também - esqueci de falar algo?

Meu pai olhou para mim com uma cara estranha e depois tocou com sua mão no queixo de Caterine, o erguendo para que ela o olhasse.

- Não esqueceu nada Alfred... eu - meu pai ficou sem palavras por alguns segundos, eu estava confuso e sem entender - eu... nós temos... um laço! - disse ele e caiu de joelhos com sua cabeça baixa

- O que? - gritou quase engasgada Luna Killow

- Do que está falando? - perguntei entre os dentes, baixo para que apenas nós ouvíssemos.

- Sinto muito filho - disse ele olhando nos olhos dela - sente isso? - meu pai pegou as mãos dela e colocou em seu peito.

Ela apenas balançou a cabeça negando. Ele franziu as sobrancelhas confuso.

- Como ela não sente? - perguntou meu pai se dirigindo ao padre que era além de tudo um dos seus feiticeiros.

- Eu... não sei! deixe-me ver! - falou o padre e tocou o ombro dos dois e fechou os olhos por segundos intermináveis, então os abriu e pareceu confuso - sinto o laço em você, mas não sinto nada nela majestade!

- Impossível isso! - disse meu pai ficando em pé, irritado... - a cerimônia está adiada! - ele falou e saiu pisando firme do salão.

Todos ficaram embasbacados... eu fiquei sem palavras, totalmente confuso. Caterine parecia petrificada, nem mesmo piscava.

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