Capítulo 2
Novak
Quando a vi naquela posição de costas em cima da mesa, com um homem a prendendo e outro passando suas mãos claramente sujas, que eu conseguia ver mesmo estando escuro, meu sangue fervilhou.
Saquei minha espada que pendia ao lado do meu corpo e a empunhei. Um segundo depois, eu tinha matado o que a estava tocando e o que a segurava se afastou e me encarou apavorado.
- ele me obrigou – disse ele olhando o homem morto no chão – eu só cumpria ordens
O olho bem, de cima a baixo... Avanço e enfio a espada em sua barriga, quando sinto que atravessou, puxo de volta. Ele cai no chão.
Os outros homens que bebiam e conversavam, foram levantando e saindo.
A garota apenas me olhou, levantando da mesa e abaixando a saia do seu vestido em frangalhos. Um colar com cordão de couro e uma pedra roxa com brilho pendia em seu pescoço, por cima do vestido.
Naquele momento, naquele segundo, quando olhei em seus olhos fiquei inebriado, sem reação, sem fôlego. Mas era a segunda vez que eu a via. Não era possível, eu devia estar enganado.
- você veio... – ela disse baixo, seu rosto estava cheio de lágrimas e com uma marca de dedos na bochecha, devia ter levado um tapa...
A reação dela me confirmou, eu estava enganado.
- vim... Diga, qual seu nome? – não pude deixar de perguntar mais rápido do que eu gostaria.
- Caterine e o seu? – ela pergunta séria
- é Novak, mas todos me chamam de Noa. Vamos, seus irmãos estão nos esperando na minha carruagem – falo e saio andando
- o que? Meus irmãos? – ela pergunta andando logo atrás de mim
Passei meu lenço de bolso na minha espada enquanto caminhava e a embainhei.
Aquilo não prestaria mais. O atirei naquele chão imundo daquela... Taberna? Eu nem sabia o quer era aquele lugar.
Chegando na carruagem, Caterine correu e abriu a porta, seus irmãos estavam sentados lado a lado, quando a viram, pularam dali e correram para os em seus braços.
- o que deu em vocês? Como saem de casa com um estranho? – ela pergunta brava, eu apenas observo tudo, um pouco longe.
- ele disse que a gente ia busca você, aí viemos – disse o mais velho
- conseguiu comida? - Perguntou o mais novo
Ela franzi os lábios e nega com a cabeça.
- suba Caterine, vamos até a estalagem e vocês podem comer e se banhar, para irmos para as terras do rei, é uma viajem de um dia e umas horas – aviso
- terras do rei? do que está falando? – ela pergunta confusa
- não vou deixar vocês vivendo deste jeito, por causa de algo que eu fiz... Consegui um... indulto com o rei para que vocês pudessem ir morar lá.
- não é culpa sua... e sim desta magia presa ao laço da morte – disse ela baixinho e com um pouco de mágoa, claramente
- você tem razão, mas eu não tinha uma família para sustentar, devia ter deixado que ele me matasse, devia tê-lo deixado viver – falo e lembro do preço que eu pagaria por ter conseguido aquele indulto...
- onde vamos viver nestas terras? Não temos dinheiro algum e dizem que lá é tudo muito caro! - falou ela com seus irmãos colados em suas pernas.
- não precisará de dinheiro, vamos viver no próprio palácio – falo
- Como vamos viver no palácio?
- Simples, eu moro lá, trabalho para o rei
- Não podemos aceitar! - disse ela e não pareceu acreditar em suas próprias palavras.
- Pare de bobagens! quer continuar vendo seus irmãos passarem fome e frio neste lugar? Não seja orgulhosa, pense neles! - falo sério
Ela me olha irritada e depois olha seus irmãos, engole em seco e concorda com a cabeça.
- Tudo bem... vamos - diz ela e fico aliviado de ter sido mais fácil do que eu esperava.
Os meninos pareceram aliviados ao ver que a irmã tinha concordado. Eu ajudo Caterine a subir e depois subo e coloco o cavalo a trotar.
Levo eles até a estalagem que tinha visto antes da cidade. Paro bem próximo e deixo o cavalo pastando no mato ao lado.
Entramos e ficam olhando ela e os meninos. Eles não passavam de pele o ossos. E a culpa era minha.
- quero dois quartos com ligação. Por favor, leve almoço para quatro pessoas. - Falo na recepção
A mulher apenas estende duas chaves e fala:
- Segundo andar a direita
Subimos as escadas. Caterine na frente com um irmão de cada lado segurando sua mão. Fiquei o tempo todo com a mão em minha espada olhando tudo ao redor.
O lugar era meio sujo. As madeiras da escada rangiam enquanto subimos.
Ao chegar nos quartos falei:
- não abram para ninguém! Tomem banho e fiquem ai, quando a comida chegar, eu levo até vocês pela porta de ligação.
Ela acena com a cabeça. Eu abro a porta e os pequenos entram. Dou a chave a Caterine e vou para a minha porta ao lado.
Entro e vou direto olhar a janela. Íamos apenas tomar banho e comer. Não sugeri fazermos isso na casa deles, porque notei que o poço ao lado estava muito sujo quando cheguei lá. Fora que aqui teria comida e água encanada.
Tomei um banho rápido no chuveiro e depois me vesti. Acendi a lareira e esperei.
Logo chegou a comida. Ouvi as batidas na porta e fui atender. Bateram no quarto ao lado, no deles. Então peguei a bandeja enorme e entrei. Deixei em cima da cama e bati na porta de ligação.
Um segundo depois Caterine abriu. No quarto deles tinham uma pequena mesa com duas cadeiras.
Levei até ali a bandeja e os meninos sentaram e comeram o mais rápido que podiam.
- se acalmem, tem comida o bastante – disse ela baixo
Eles acenaram com a boca cheia e começaram a comer mais devagar.
- você não vai comer? – pergunto em pé ao seu lado, olhando as crianças
- vou deixar eles comerem primeiro. Se sobrar eu como. – ela diz
- Vou pedir mais comida! – falo e saio
Ver aquelas crianças comendo como se fizessem dias que não comiam fez meu peito doer.
Tive que sair dali. Voltei até a recepção daquela estalagem e pedi mais dois pratos e ensopado e um saco de pães.
Eu esperei e eu mesmo levei até o quarto. Ao voltar vi Caterine ainda observando eles comerem.
Seu rosto tinha um arranhão, do que parecia ser uma faca.
Deixei os ensopados e os pães na mesa e fiz sinal para ela vir comigo.
Caterine me olhou desconfiada, mas me seguiu. Fomos até o meu quarto, deixei a porta de ligação aberta, para cuidarmos os meninos.
Me aproximei e fui tocar seu rosto, mas ela me deu um tapa na mão.
- não me toque seu pervertido! – ela diz com raiva
- se acalme mulher! Eu só queria ver esse arranhão. Precisa limpar, ou pode
infeccionar – falo
- limpei no banho – ela diz
- já tinham usado chuveiro antes? – pergunto
- não... – ela fala
- vá comer! Quero sair o mais rápido possível daqui.
Ela me olha e não diz nada. Mas vi que estranhou a última coisa que eu tinha dito.
Caterine voltou até onde seus irmãos estavam e pegou um prato. Um deles levantou e a deixou sentar. Eles pareciam satisfeitos.
Quando os três já tinham comido, eu me sentei e comi os pães que sobraram.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Ana Priscila
poxa que situação triste a deles
2022-12-01
1
Valda Martins
Coitado daquelas crianças
2022-11-08
1
Leane Hollanda
😻⚘🌿❤🧡💙💟💕💞💓💗
2022-10-21
1