Cap 18 - Ele nunca vai me deixar ser livre.

Merda. Merda. Merda.

Eu sabia que um dia ele iria acabar me encontrando, mas não esperava que fosse tão cedo. Droga, era para eu ter ido para outro lugar há meses atrás. Ficar fugindo de cidade em cidade era a melhor opção. Não ter nenhum lugar fixo seria mais difícil dele me encontrar.

— Leah não pare, continue correndo — Ryan volta para me ajudar. Estou cansada, não consigo correr muito.

Está de noite e a mata pela qual estamos correndo muito escura, mal conseguimos enxergar alguma coisa.

Meu peito começa a doer e minha garganta a arder.

— Eu não consigo, Ry. — respiro com dificuldade.

— Vamos, eu te ajudo. Venha! — ele segura minha mão me puxando com ele quando voltar a correr.

— LEAH! LEAH, EU VOU TE ACHAR E MATAR QUEM QUER QUE FOR QUE ESTEJA COM VOCÊ!

Os gritos dele começam a ficar mais perto. Droga. Sons de disparos me assustam e eu caio e deixo sua mão. Ryan volta até mim me auxiliando a me levantar e me puxando com ele novamente para voltar a correr. Mas disparos são dados vindo de todos os lados. Nos abaixamos a cada som de balas que passam por nós.

Ryan cai gemendo. Um tiro pegou nas suas costas e outro em seu ombro.

— Não. Ryan! — Tento ajudar ele a se levantar e vir comigo — Estamos perto da autoestrada. Falta pouco.

Ele se apoia em um joelho e depois afirma o outro pé no chão, gemendo de dor, tenta se levantar com o meu apoio. Mas dois disparos são dados em suas costas. Grito. Ryan cai para frente, sangue saindo dos seus lábios.

— Corre…. F-fuja! — choro desesperada, negando — Projeta o noss… — outro tiro é dado em seu corpo. Grito de novo começando a correr.

Chorando ao ter que deixar ele para trás, estou quase chegando na estrada quando um tiro acerta a minha coxa direita me fazendo cair de cara no chão.

— Leah… LEAH, Leah. — Ele diz atrás de mim. Me levanto e caio novamente. Não posso deixar ele chegar mais perto. Me levanto e tento correr, gemendo de dor e mancando — Não adianta correr, eu vou pegar você Leah!

Mais um tiro é disparado em minha direção, passando raspando pelo meu braço. Grito. No susto, ao olhar para trás, não vejo que cheguei na pista.

— LEAH! — seu grito é a última coisa que escuto antes de sentir o bater do carro que vinha contra mim me jogando longe, minha visão escurece e eu apago.

… 🔸🔸🔸…

Acordo numa cama de hospital. As luzes me dão dor de cabeça e meu corpo todo dói. Fecho e abro os olhos até que eu consiga me acostumar com a luz. Vejo Liam sentado na poltrona no canto com os braços apoiados nos joelhos e as mãos na cabeça.

— Leah! — ele se aproxima da cama quando percebe que acordei. Sua mão pega a minha. — Você me deu um susto. Pensei que não acordaria nunca mais.

— O quê? Quanto tempo estou aqui e o b… — uma enfermeira entra e sorri quando vê que estou acordada.

— Isso é bom. Como está se sentindo?

— Com dor. Muita dor.

— Ok. Vou te dar um remédio para dor e chamar o Dr. Hayes. — Dr. Hayes. Estamos de volta.

— E… — olho para o Liam, depois passo a mão sobre a minha barriga não sentindo nada. Meus olhos se enchem d'água — E o meu bebê?! — encaro a enfermeira antes dela sair.

— Eu… vou chamar o doutor — sai sem me dar uma resposta.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Não. Não. Eu solto minha mão da do Liam e toco a minha barriga.

— Sinto muito, anjo.

— SAI DAQUI! SAI DAQUI!!! — grito com ele — SAAAAI. SAI DAQUI! EU TE ODEIO, EU TE ODEIO LIAM!

O médico e os enfermeiros entram no quarto. A mesma enfermeira que estava antes injeta algo no meu soro. Minha vista pesa e gradualmente eu apago.

                                                                                 … 🔸🔸🔸…

Acordo no quarto vazio. Estou em casa no meu quarto, ou melhor, no quarto dele. Escuto vozes no corredor.

— Ela precisava ficar em observação Liam. Ela foi baleada na coxa direita, teve fraturas graves após ser atropelada e perdeu um bebê. Ficou cinco meses em coma. Acordou hoje de manhã. O que ela está fazendo aqui, caralhø e não no hospital?

— Ela estará melhor aqui debaixo do meu teto, onde eu possa vê-la vinte e quatro horas por dia, Noah.

— E por acaso você é médico? O que fará se no meio da noite ela sofrer uma concussão? Nem tive o resultado de todos os exames dela ainda depois que ela acordou!

— Para isso, que você está aqui não é?

— Eu não tenho métodos para cuidar dela sem ter equipamentos adequados. Isso é uma loucura Liam.

— Você me disse que ela estava fora de qualquer risco. Que o estado de saúde dela era estável. Os ferimentos já estão sarados. Ela dormiu por cinco meses, tempo suficiente para as fraturas terem sido curadas. O que mais ela precisava fazer no hospital?

— O fato dela ter ficado em coma por cinco meses e não sabermos qual as sequelas isso pode ter acarretado cérebro dela. Quando há um trauma leve na cabeça, células cerebrais são danificadas, provocando um desequilíbrio químico no cérebro e, em geral, um desmaio. Além disso, os pacientes podem desenvolver confusão, insônia, tontura, sonolência, problemas de memória e forte dor de cabeça.

— Ficarei de olho caso ela sinta qualquer coisa semelhante a esses sintomas. E nesses primeiros dias você pode ficar aqui na minha casa e cuidar dela, pørra!

O corredor fica em silêncio. A porta do quarto abre e eu finjo que continuo dormindo quando ele entra no quarto e se deita atrás de mim.

— Não vou deixar mais nada acontecer com você, anjo. Sinto muito o que aconteceu com o seu bebê, mas podemos ter muitos outros ainda. Noah me garantiu isso — fecho os olhos com força deixando as lágrimas cair em silêncio.

Ele nunca vai me deixar ser livre.

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