Cap 6 - O quê? Não, não, não, não. Não pode ser.

Estou fugindo das perguntas da Make e Hazza, sobre os hematomas em minhas pernas e o que havia acontecido quinta à noite na boate, por eu sumir e não ter entrado em contato com eles nos últimos quatro dias.

— Leah… droga! Você está estranha. Aconteceu alguma coisa na sua casa? — Makenna me para antes de eu guardar meus livros e podermos ir para o refeitório.

— Já disse. Eu apenas tive um mau desentendimento com a minha irmã. Xingamentos e tapas rolaram e alguns puxões de cabelo. Ela me odeia — minto. Menos sobre o fato da Emma me odiar.

— Realmente foi apenas isso? — mordo meus lábios, contendo as lágrimas.

Quero contar, quero que os dois possam me ajudar a fugir dele. Mas não consigo tirar da cabeça que o cara que o Harry está pegando possa conhecer o Liam.

Será que posso confiar no Harry?

— Sim, foi apenas isso. Mas nada. Estou com fome, vamos? — guardo meus livros e caminho na frente deles.

— E por que não respondeu nossas mensagens e ligações? Ficamos preocupados — Harry pergunta atrás de mim apressando os passos.

— Perdi meu celular na boate. Devo ter deixado cair — odeio ter que mentir para eles, quando, na verdade, ele tirou até isso de mim.

— Soube da briga que teve? Parece que aquele gato que estava dançando com você saiu aos socos com outro cara, que chegou de repente. Você ainda estava lá? Viu alguma coisa?

— Não, não vi Make. Só… comeremos. Estou com dor de cabeça, não comi nada de manhã, deve ser fome — o restante do caminho até o refeitório é em silêncio.

Pego meu almoço e me sento em uma das mesas vazias, sendo acompanhada por eles.

— Então aquele cara gostoso é o seu cunhado? — encaro Harry e perco toda a fome que sentia.

Cara gostoso? Cara gostoso? Esse cara gostoso ME ESTUPRØU! Quero gritar para eles. Mas tudo o que digo é:

— Ele não é meu cunhado, é meu padrasto.

— O quê?! — os dois quase gritam sem entender.

— Pensei que tinha ouvido ele dizer ser seu cunhado ao professor Kashif.

— Emma não é minha irmã, é minha mãe biológica. Fui adotada pelos meus avós, Make.

— Por quê? Ah, ela nunca quis você, por isso ela te odeia tanto.

— Espera, você saiu aos tapas com a sua mãe? — Harry sussurra espantado — Putæ merda!

— Não é como se eu a considerasse com tal. Nem ela e nem a Haily. O único que não foi tão ruim foi o Paul, mas infelizmente é um pau-mandado da esposa.

— Nossa, isso é tudo muito confuso, por que fizeram isso? — Harry me pergunta, enquanto Make rouba a minha comida ainda intacta.

— Podemos apenas deixar esse assunto para outro dia, minha cabeça está doendo muito — me levanto, pegando minha mochila — Perdi a fome, vou passar no banheiro e depois direto para a sala — eles assentem.

Saio pela porta do refeitório, seguindo outro caminho, menos para o banheiro. Passa pela porta da escola, vendo alguns alunos na grama do pátio, dou a volta indo para os fundos. Vi alguns alunos entrando e saindo por aqui algumas vezes. Deve ter algum atalho por aqui atrás que dê para fora da escola sem ser pelo portão principal. Não posso arriscar ser pega fugindo da escola.

Encontro uma passagem atrás dos arbustos, tem uma cerca cortada, facilitando a saída e entrada de alunos, passo por ela, me deparando com um terreno abandonado. Não sei para onde esse caminho dará, mas tenho que tentar. Descarto a rua que dá para a entrada do terreno e saio pelo muro mais baixo ao fundo, cheio de matos. Um caminho de terra que me leva mais ao fundo da mata. Fico com medo de me perder e penso em voltar, mas agora que eu já estou aqui continuo.

Ando pelo mato por volta de quase duas horas. Estou toda mordida de mosquito, arranhada e me coçando.

Saio de frente para a autoestrada, vendo carros passarem de um lado para o outro.

Não sei para onde vou e nem o que fazer sem dinheiro, porém não me importo. Começo a sinalizar para os carros que passam, com a esperança que um deles possa me ajudar.

Sorrio aliviada quando um carro azul-escuro para, depois de um tempo aqui em pé parada tentando uma resposta. O carro para e abre o vidro.

— Leah?! — merda. Eu só não esperava encontrar o professor Kashif — O que está fazendo aqui? Entra, vou te levar para casa.

— E-eu… não posso ir para casa. Estou fugindo do marido da minha irmã, por favor Sr. Kashif, eu preciso de ajuda! — falo desesperada.

— Se acalme, entre no carro. Vai ficar tudo bem — ele abre a porta do passageiro para mim.

— Eu não posso ir para casa, ele abusará de mim ou fazer algo pior se souber que estou tentando fugir. Por favor, me ajude — imploro, já com lágrimas descendo pelo meu rosto.

— Ok. Tudo bem. Se acalme, entre no carro, vou te levar para um lugar seguro. Confie em mim. — entro no carro sem opção.

— O que foi exatamente que aconteceu?

— Meu cunhado vem me estrupandø desde quinta-feira. Preciso fugir dele.

— E tem como provar isso? — Como é? — Porque isso é uma acusação muito séria, Leah. Posso te levar a delegacia se esse for o caso.

— Você acha que essas marcas nas minhas pernas são o quê? Tenho outras também pelo meu corpo. Quero, sim, ir à delegacia, quero denunciar Liam Peacock.

— Tudo bem. É para lá que vamos então. Eu só preciso dar uma passada em um lugar antes.

O quê? Digo a ele que fui estupræda pelo meu cunhado e ele quer passar em outro lugar antes. Isso não é uma acusação séria?

— Senhor Kashif, eu preciso que o senhor me leve para a delegacia antes que ele descubra que fugi e chegue lá primeiro ou me ache. Qual a parte em que fui ESTUPRÆDA o senhor não entendeu?

— SE ACALME LEAH! — grita. Me assusto. De repente quero descer do carro — Me desculpe. Sei o quão grave é a sua situação, mas prometo que será rápido.

Fico quieta por 10 minutos antes dele voltar a falar comigo, a fazer perguntas.

— Alguém mais sabe? Sua irmã, por que não contou a ela?

— Ela e eu não nos damos bem, e ela jamais acreditaria em mim. Iria achar até que eu que seduzi o traste do marido dela. Você é a primeira pessoa para quem estou contando.

— Ah, sim — ele assente batendo os dedos no volante — Chegamos.

Paramos na parte de trás de um prédio.

— Sinto muito — ele desce do carro e vem até a minha porta abrindo a mesma e puxando para fora do seu carro.

— O que você está fazendo?

Kashif empurra a porta dos fundos que estava destrancada. Andamos por um corredor escuro, quando viramos…

O quê? Não, não, não, não. Não pode ser. Minhas pernas cedem e eu caio no chão. Estamos numa academia e eu já sei de quem ela pertence.

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