Cap 11 - Ela já se esqueceu.

A primeira coisa que faço quando chego na escola é salvar o número da Make e o Haz.

Liam não apareceu no meu quarto nesta madrugada e nem me importunou essa manhã. Hoje, por incrível que pareça, foi a Emma que me trouxe para a escola.

Será que ela começou a perceber a obsessão doentia do seu marido por mim?

— E aí, minha festa é amanhã, Leah. Vai ou não vai? — Troco os livros que irei usar hoje, pelos de ontem dentro do meu armário.

— Não vou poder ir, sinto muito. Meus pais insistiram para que eu fosse passar o fim de semana com eles.

— Você está mentindo e sabe como sei disso? — Olho para ela — Você mexe na orelha, Leah. Todas às vezes que conta uma mentira. Se você não quer ir à minha festa, é só dizer. Não precisa ficar arrumando mentiras para isso — diz batendo a porta do seu armário atrás de mim e me deixando sozinha no corredor com o Harry.

— O que foi que deu nela hoje? — pergunto a ele.

— Por que você não quer ir? A verdade — desvio meus olhos dele, trancando o meu armário.

— É… complicado, Haz.

— Me conta, somos seus amigos. O que tem acontecido? — Será que posso confiar mesmo nele?

— Vai me contar quem é o cara com quem está se envolvendo? Quantos anos ele tem e o que ele faz da vida? Apenas uma foto.

— Não posso.

— É… exatamente.

Ele não me pergunta mais nada, seguimos em silêncio cada um para a nossas salas.

Make não se senta ao meu lado, ficando nos fundos da sala. Quero contar, quero contar tudo e ela, mas tenho medo.

Ela não fala comigo a manhã inteira. Quando ela passa por mim, eu seguro seu braço. Não posso perder a amizade dela, ela é tudo o que tenho e não sei se posso confiar no Harry.

— Podemos conversar?

— Vai me contar o que realmente vem acontecendo com você?

— Se você me prometer não contar para ninguém, Make. NINGUÉM — sussurro.

— Merda! — ela seca minhas lágrimas que eu nem percebi descer pelo meu rosto — O que foi que aconteceu naquele dia?

Me levanto assim que o último aluno sai da sala e tranco a porta. Me sentando de frente para ela.

— Liam, meu padrasto me encontrou naquele dia na boate — desvio meus olhos dela, olhando para as nossas mãos unidas — Ele chegou socando o cara e me arrastou até o escritório do andar de cima… — engulo em seco, deixando mais lágrimas descerem pelo meu rosto — Liam me estuprøu, ele vem me estrupandø desde então. Não vou à sua festa, porque ele não me deixa sair de casa.

— QUE CARALHØ, LEAH! — Ela grita se levantando.

— Shh… não grita, Makenna! — me levanto também indo até ela — O professor Kashif é um dos melhores amigos dele.

— O quê?! Merda! Um deles? Quem mais você acha que pode ser os outros?

— Acho que o cara que o Harry está se envolvendo pode ser um dos amigos dele também.

— Como assim?! Por que acha isso?

— Harry disse naquela noite que o amigo do cara que ele tinha se encontrado era dono daquele lugar. Como que o Liam tinha acesso àquele escritório? Ele nos trancou lá dentro. Se o próprio, Liam não for dono, eles têm amigos em comum. Sem falar que ele deu ordens aos seguranças da boate e eles acataram.

— Não. Não pode ser Leah. Isso seria coincidência demais.

— Coincidência ou acaso? Liam me confessou no mesmo dia que me violentou que esperava por mim há muito tempo. Há exatamente oito anos. Que se casou com a Emma por mim. Ele sabe que ela é minha mãe, ele que me matriculou aqui Make, exatamente no mesmo lugar que um dos seus amigos trabalha e poderia ficar de olhos em mim. Por que não um deles ser justamente quem está com o Harry? Eles se conheceram um pouco antes de eu entrar aqui. Tudo pode ter sido uma manobra do plano dele.

— Isso é muita loucura. Precisamos denunciar esse cara, Leah. Já tentou contar à sua mãe, aos seus avós?

— Quantos casos de abusos em casa você acha que foi fácil a vítima se livrar? Não é tão simples. Emma não acreditaria em mim, e meus avós eu não os vejo há muito tempo, nem o telefone eles atendem.

— Vamos fugir. Hoje mesmo. Pode ficar lá em casa. Contamos para os meus pais, eles podem ajudar.

— Eu já tentei fugir, foi quando eu descobri que o Kashif era amigo dele. E a consequência disso foi muito dolorosa Make — Só de lembrar me faz tremer — E nem quero saber o que ele pode fazer comigo se souber que eu te contei isso — começo a chorar novamente. Makenna me abraça, também chorando.

— A gente precisa fazer alguma coisa. Não posso deixar você voltar para casa dele, e ser abusada novamente, Leah!

— Estou com medo, Make. Muito medo. Se ele planejou isso tudo por oito anos, fugir dele não será fácil.

— Vamos encontrar um jeito.

Meu telefone toca. Liam.

Merda! Tento me acalmar, engolindo o choro antes de atender ele. Atendo no quarto toque.

📱Oi.

📱Por que você demorou para atender esse caralhø?

📱Eu estava no banheiro, deixei a mochila em cima da pia.

📱 Mentira, Leah. Zayn está no banheiro feminino atualmente. Passou pelo refeitório e não te viu também.  Sei que está na escola, pois o GPS do seu celular está me indicando sua localização. Quero saber porque você está trancada na sala de aula com a Makenna?

Como ele sabe que estou na sala de aula com a Make e que a porta está trancada, se Kashif está no banheiro? Poderia ter sido o Harry?

📱Ainda estou esperando por uma resposta. Vou ter que ir até aí? — ele suspira. Minhas mãos tremem — Você contou a ela?

📱 N-não.

📱Tem certeza? O que será que os pais dela acharão quando souberem que a filha deles, menor de idade, trabalha como uma stripper no Sophisticats, sábado e quinta à noite e no Metrópoles, quarta e sexta anjo?

Olho para a Makenna. Não. Ela teria me contado, não é?

Mas eu também escondi coisas dela.

📱Ah, você não sabia? Tenho algumas fotos aqui. — meu celular vibra. Abro a mensagem que ele me enviou olhando as fotos. Não vejo seu rosto, mas sei que é ela — Diga para a sua amiga, que é melhor ela esquecer tudo o que ouviu hoje se não quiser ser expulsa de casa pelos seus pais tão conservadores quanto seus avós. Ainda mais se essas fotos caírem na internet.

Soluço com o meu choro. Make, me olha sem entender nada.

📱Ela já se esqueceu.

Digo olhando para a minha amiga.  Não posso arruinar a vida dela.

📱 Ótimo. Não gosto de você ter como amiga uma stripper, mas… por outro lado, ela pode ensinar algumas coisas a você anjo. Eu iria adorar.

Ele desliga a ligação, sem me dar a chance de responder, me deixando sem chão.

— O que foi? — ela se aproxima. Mostro as fotos do meu celular.

— Droga! — ela passa as mãos pelos cabelos — Meus pais não podem saber disso.

— Por quê? Você tem dinheiro.

— Gosto de dançar e me sentir sexy e desejada. Amo ser stripper, não é devido ao dinheiro. Sinto muito, se eles souberem serei deserdada e expulsa de casa, Leah.

— Eu também sinto muito. Não quero arruinar sua vida. Eu te disse que ele não me deixaria escapar das mãos dele tão fácil. Ele está sempre um passo à frente.

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