Cap 13 - Cansei de lutar, eu não aguento mais, não tenho mais forças.

                                                                 … ⚠️ GATILHOS ⚠️…

Acordo com os gritos de Emma no meu quarto, arrancando minhas cobertas. Meu corpo ficou tão dolorido depois de ontem, da surra que levei dele, que apaguei sem jantar. Dou uma olhada na hora, uma e quarenta e cinco da manhã.

— O que você está fazendo aqui?

— Sua desgraça! — ela me puxa pelos cabelos — Era a sua calcinha. Como você pode fazer isso comigo? Dar para o meu marido!

Ela continua me arrastando da cama pelos meus cabelos, para fora do meu quarto.

— Emma, o que você está fazendo? — Liam aparece sonolento tentando tirar as mãos dela de mim.

— É ela a vadia que você anda comendo.

— Como é? Deixa de ser ridícula! Solta a Leah.

— Não. Jogarei ela para fora desta casa. Não quero mais essa putæ aqui — tento me soltar das suas mãos que me machucam.

— Essa putæ que você chama é a sua filha! — Emma não me solta, se virando para o seu marido.

— C-como… — ela fica parada, sem cor nenhuma no rosto.

— Que eu sei? Bem antes de nos casarmos — Emma me olha.

— Você não parece perplexa nem surpresa — ela puxa ainda mais o meu cabelo, gemo — Ela te contou enquanto a fødia? Os dois riram da minha cara?

— Ela não me disse nada, Emma. Investiguei sua vida, antes do casamento. Foi assim que eu soube. Não fazia ideia que Leah, já soubesse.

— Quando começou a transar com o meu marido, seu padrasto? É uma vingança, porque eu nunca te quis, por eu nunca ter te amado?

— Não estou dormindo com o seu marido. Jamais faria isso, nem por vingança. — tento evitar as lágrimas, por ouvir o que ela me disse.

— E com quem você anda transando? Ao ver as marcas que estão no seu corpo — evito olhar para o Liam.

— Harry. Um amigo da escola — o maxilar do Liam trinca.

— Está satisfeita? Ela tem um namorado, Emma. Você está ficando louca. Está vendo coisas onde não tem. Volte para cama, proponho dormirmos. É de madrugada e eu tenho que acordar cedo amanhã.

— Quero que não esteja mais aqui quando eu acordar irmã — ela diz, enfim me soltando e dando as costas para mim, entrando no quarto deles.

Mesmo que eu aproveitasse a oportunidade e contasse a verdade, ela nunca ficaria do meu lado. Essa é a merda de mãe que eu tenho.

— Merdaaaaa! — Liam murmura passando as mãos pelo cabelo — Vou resolver isso.

Volto para o quarto mancando e me deito na cama. O primeiro choro rompe com um soluço.

Ela é minha mãe, era para me amar e cuidar de mim.

Tampo os ouvidos quando eles começam a discutir novamente.

Apago em meio ao choro e gritos deles.

Um tempo depois a cama se move, seu corpo me abraça por trás. Volto a dormir.

                                                                            … 🔸🔸🔸…

Ao chegarmos na academia, depois da escola, vimos carros da polícia.

Emma não dormiu em casa ontem, e não voltou até a hora que fui para a escola.

Meu coração dispara.

Alguém o denunciou, alguém descobriu e agora serei livre. Será que foi ela? Quase abro um sorriso, quando descemos do carro.

— Liam — o delegado cumprimenta ele com muita familiaridade.

Merda.

Acho que eu sem quem é ele.

— Lewis, aconteceu alguma coisa?

— Sinto muito, meu amigo. Mas infelizmente… — penso ser nessa hora que ele vai ser preso — Meus pêsames pela sua perda — o quê?!

— Pêsames… o que está me dizendo Lewis? — o delegado olha para mim e de volta para o Liam antes de lhe responder.

— Encontramos o carro da sua esposa, caído em uma ribanceira. Parece que ela perdeu o controle do carro numa curva… Sinto muito, pelos dois.

O mundo parece que parou e eu desaprendi a respirar. Me sinto sufocada a cada luta em que tento em busca de ar. Minhas pernas cedem e eu caio de joelhos, Liam me ampara.

Ela morreu, ela morreu e eu nem tive chance de dizer tudo o que um dia eu quis dizer a ela. Achei que não me importava com a sua falta de amor, quando tudo o que eu mais queria era ser amada por ela. Minha mãe, a mulher que deveria me acolher, proteger e me amar.

                                                                           … 🔸🔸🔸…

Estou em choque. Meus avós não foram encontrados. Há muito tempo que eu não os vejo e não faço ideia de onde eles estão. Estou em dúvida se realmente estão em um cruzeiro, pois esse cruzeiro nunca acaba.

No enterro só foram nós dois. Suas amigas ou que diziam ser suas amigas nem se importaram de aparecer.

Com a minha mãe morta e meus avós desaparecidos, Liam virou meu tutor legal.

É, minha vida não poderia ter ficado melhor.

— Você agora é minha Leah. Ninguém mais vai se meter entre nós dois — diz ao se deitar atrás de mim, me abraçando depois de me føder pela segunda vez hoje, no dia que enterramos a minha mãe.

Eu não choro, não tenho mais lágrimas para chorar. No momento que a sua respiração se tornou pesada, eu me desvencilho dele indo para o banheiro, me trancando. Deito na banheira e deixo a água encher…

                                                                          … 🔸🔸🔸…

A porta é arrombada e suas mãos me puxam debaixo d'água. Sua boca toca a minha, enviando ar para dentro de mim, suas mãos fazendo pressão no meu peito.

— Leah… Leah, que caralhø você fez? Leah! — sua voz vai ganhando altura, assim que a minha consciência volta e coloco toda a água que havia engolido para fora, tossindo — Não faça mais isso, me entendeu?

Não respondo, apenas deixo ele me abraçar e beijar meus cabelos molhados, e depois cuidar de mim, me vestindo com uma de suas camisas, me deitando na cama novamente, me abraçando.

Cansei de lutar, eu não aguento mais, não tenho mais forças.

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