Cap 14 - Aprendi que quanto mais eu sou "boazinha" mas gentil ele se torna comigo.

Saímos mais cedo da escola devido às provas. Fui péssima em todas. Minha cabeça está muito longe de qualquer avaliação escolar. Fico andando de um lado para o outro na frente do portão, esperando pelo Liam.

E se eu fugir novamente? Será que ainda dá tempo? Teria que deixar o celular aqui, devido ao GPS. Mas para onde eu iria e com que dinheiro? Não posso ir para a casa da Make, ela teria muito a perder e Harry não é confiável. Eu ainda não sei quem é o tal cara que ele anda se envolvendo, apesar de ter uma certa ideia. Não vi direito o cara que estava com ele na boate naquele dia, mas ele me lembrou muito uma pessoa e se for que estou pensando é melhor não.

— Leah… Leah? Leah! — Levo um susto quando gritam o meu nome. Com a mão no coração, olho para o carro estacionado do outro lado da rua. Harry acena para mim — Vem, vamos te dar uma carona.

O carro dá a volta parando em minha frente, dando para eu ver quem o está dirigindo. Delegado Louis Lewis Terry. Amigo do Liam. Droga! Minhas suspeitas estavam certas.

— Leah… você não é a cunhada do Liam? — Liam e não Peacock. Devem ser muito íntimos, assim como imaginei quando ele foi dar a notícia da morte de Emma. Outro melhor amigo, talvez?

— Enteada, na verdade. Você é amigo dele?

— Quase um irmão — sorri — Entra, eu posso te deixar na academia.

Merda. Se um delegado é amigo dele, não posso contar com a polícia.

— Não sei… Liam pode chegar e não me encontrar aq… — ele me interrompe, com o telefone no ouvido.

📱 Leeh seu bunda mole — ele ri de algo que o outro lhe responde —, estou com a sua garota — vejo um único fio de esperança se esvair. Ele sabe. De tudo! — Posso deixar ela aí se quiser — ele permanece me encarando — Tudo bem. Só acho que ela precisa de uma confirmação sua.

Desliga. Meu telefone vibra em minhas mãos. Uma mensagem do Liam:

📱📩 Entra no carro.

Abro a porta de trás e entro no mesmo. Encaro um Harry, totalmente perdido. Será que ele nunca soube de nada?

— Não sabia que você era amigo do cunhado/padrasto da Leah, já mencionei ela varias vezes a você e nunca me disse nada, Loueh — olho para os dois à minha frente. Uma das mãos do Harry nas pernas do Lewis.

O carro começa a andar.

— Não era nada relevante para eu mencionar — ele dá de ombros. Harry olha para mim com um sorriso de lado.

Tenho que tomar cuidado com o que digo ou faço na frente do Harry. Ele pode ser inocente e essa inocência dele pode acabar fødendo minha vida; porque está na cara que ele está apaixonado e deve contar tudo para o Lewis ou Loueh, como ele disse.

Correspondo ao seu sorriso, só que o meu é falso. Ele se vira novamente para a frente.

— Como foram nas provas? — ele me olha através do espelho retrovisor.

— Eu me dei mal em todas. Não tive cabeça para lidar com as avaliações quando a minha vida se tornou um inferno sem fim — respondo encarando seus olhos através do pequeno espelho.

— Nossas vidas só se tornam um inferno se não soubermos lidar com os caminhos que elas tomam. Não tem aquele ditado: “Se a vida de dar um limão 🍋, faça uma limonada”? — seus olhos me dizem mais do que as palavras.

— Sinto muito pela sua perda, Leah. Droga, desculpe por não estar com você nos últimos dias — Harry pega minha mão, dando um leve aperto.

— Ela nunca chegou a ser algo, para que eu pudesse perder. Nem mãe ou irmã.

O carro fica em um silêncio o restante do trajeto até a academia.

— Obrigado, pela carona — agradeço a ele descendo do carro.

— Leah… — paro e me viro de volta para o carro — Liam não é uma pessoa ruim. Possessivo e intenso. Impulsivo até. Mas não uma má pessoa.

— Hmm… não foi você que passou um terço do que passei com ele. Já parou para pensar que você e o Zayn não o enxergam da forma que eu o vejo, pelo fato de serem tão ou mais doentes do que ele? Harry, se eu fosse você, sairia dessa enquanto é tempo. Porque… — encaro seus olhos verdes e confusos — é escusado.

Abro a porta da frente da academia passando por ela. Liam não está dando aula. Tem um novo professor, com a loira que flertava com ele, ensinando os alunos. Caminho para os vestiários, mas meu celular vibra de novo.

📱📩 Aqui em cima. Escritório.

Mudo meus passos e subo a escada. Entro na sala o vendo sentado atrás da mesa, analisando alguns papéis e com um copo de whisky na mão.

— Tranca a porta e venha aqui — me chama. Caminho até ele, deixando minha mochila no sofá. Ele está sem camisa, vestindo apenas uma calça de moletom. Quando me aproximo da mesa, ele afasta a cadeira me puxando para o seu colo, de frente para ele, minhas pernas envolta das suas — Agora me beija.

Obedeço. Aprendi que quanto mais sou “boazinha", mas gentil ele se torna comigo.

Eu ainda quero fugir, ainda o odeio e tenho nojo, mas preciso de um plano e enquanto eu ainda não tenho, farei tudo o que ele quiser, para sobreviver.

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