EU, DONA DE MIM
Sábado, cinco e quarenta da manhã. Helena olha pela janela de seu apartamento e vê que começava a clarear. Todos os dias no mesmo horário fazia a mesma coisa. Levantava, tomava um banho, vestia uma roupa confortável, tomava um rápido café, pegava suas coisas e saía.
Helena: Tchau Bacon, mamãe já volta!
Ela caminha até um parque próximo onde mora, senta num banco e cuidadosamente tira seu tênis e troca por um belo par de patins. Guarda o tênis na mochila, coloca seus fones no ouvido e começa.
Ela se sentia livre. Dançava ao som da música como se ela e a canção fossem uma só. Ela passeava por entre a brisa como se ela própria se juntasse ao ar, fechava seus olhos apenas aproveitando o momento, seu corpo se movimentava com maestria em cima dos patins, seu cabelo esvoaçava como se obedecesse a canção. Por onde ela passava, ia deixando seu delicioso perfume e encantando a todos que a observavam. Era assim todas as manhãs. Aquele era o seu momento preferido, onde se conectava com ela mesma, já que sua rotina era bem agitada.
Helena chega em casa por volta de sete e meia da manhã. Entra, deixa sua mochila na lavanderia, e observa que Bacon continuava no mesmo lugar.
Helena: Cheguei seu preguiçoso! Mamãe vai tomar banho e já volta.
A manhã transcorre normalmente, já na hora do almoço ela prepara uma refeição leve, pois Bacon estava de dieta, já ela não se importava em estar cinco quilos acima do peso, ela se garantia, porém em se tratando da saúde de Bacon, era preciso ficar atenta.
Após o almoço ela resolve dar uma caminhada pelo condomínio e fazer Bacon se exercitar um pouco. Vão em direção a uma pracinha dentro do condomínio onde algumas crianças estavam brincando, assim que avistam Bacon saem correndo encantadas.
Criança 1: Nossa tia, posso passar a mão nele?
Helena: Pode sim, ele gosta de carinho.
Criança 2: Tia ele morde?
Helena: Não, ele não morde!
Criança 3: Credo tia, que bicho feio!
Helena ouve isso e rapidamente muda sua fisionomia, quem era aquela pirralha para insultar o Bacon daquele jeito?
Helena: Feia é você menina, você não tem nem dente!
A criança olha para ela e começa a chorar, nesse momento ela percebe que não deveria ter falado aquilo afinal ela era uma adulta e precisava se comportar como tal. Ela vê a mãe da criança vindo em sua direção, não tinha o que fazer, teria que encarar, não era covarde.
Mãe da criança: Posso saber o que aconteceu?
Helena: Não foi nada, acho que ela se assustou com o Bacon, só isso, não foi garotinha linda da tia?
A menina nada responde, apenas agarra a perna de sua mãe e se esconde atrás dela.
Helena: Bom, eu tenho que ir, tenho compromisso e estou atrasada, até mais meninas – Diz saindo o mais rápido que pode levando Bacon em seu colo.
Helena chega em casa, e começa a rir, não acreditava que realmente tinha se comportado daquele jeito afinal amava crianças, porém aquela menina tinha merecido, pois Bacon não era feio.
Já estava quase na hora de sair e ela ainda nem escolhera a roupa daquela noite, ela só sabia que queria estar linda, queria chamar atenção.
Ela deixa bacon em sua caminha ao lado do sofá, e começa a se arrumar.
Nove da noite. Ela se olha no espelho e aprova o que vê. Estava em um mini vestido preto curto de alças muito finas e com decote profundo, levemente brilhante, nos pés uma sandália preta de tiras finas, sua maquiagem era leve, apenas realçava os olhos e na boca um batom vermelho, seus cabelos estavam soltos caindo sobre os ombros, seu volume lhe moldava o rosto. Estava pronta.
Helena: Se comporta Bacon, mamãe te ama – Diz dando um beijinho em seu focinho e saindo.
Naquele dia faria cinco anos do casamento de seu irmão e sua cunhada, ela teria que estar presente. Fernando e Amanda estavam dando uma animada festa na casa deles, se tinha festa Helena estava presente.
Chegando ao jardim da casa deles, Helena tenta achar uma vaga, porém o imenso jardim está apinhado de carros, ela começa a dar voltas e voltas pelo jardim até que finalmente avista uma, porém percebe que mais alguém está se preparando para entrar na vaga, mas ela estava decidida a não permitir que isso acontecesse.
Helena: Agora vamos ver quem pode mais! – fala para ela mesma dentro do carro.
Sem que o outro carro tivesse tempo de sair do lugar, Helena arranca com o carro fazendo uma curva perigosamente e enfia seu Dodge Charge R/T 1969 preto no pequeno espaço. Se sentia orgulhosa por ser mais rápida. O motorista do outro carro buzina desesperadamente em sinal de reprovação.
Motorista: Seu filho da put@!
Helena apenas ri consigo mesma, vê o motorista ficar dando voltas e mais voltas para achar uma outra vaga. Ela sai de seu carro e entra na casa. Quando entra, todos se voltam para olhá-la afinal ela tinha presença e seu minúsculo vestido chamava a atenção.
Fernando: Finalmente chegou, estão quase todos aqui e nada de você chegar. Não tinha outra coisa para vestir? Estão todos te olhando.
Amanda: Não ligue Helena, você está linda.
Helena: Que ótimo, sinal que gostaram!! Obrigada Amanda. Eu estava no jardim procurando uma vaga, mas fui mais rápida que um imbecil e roubei a vaga dele! – Diz com orgulho, piscando de um olho só.
Francis: Tiaaaa, você chegou! Cadê o Bacon?
Helena: Ficou dormindo princesa, na próxima eu trago para você brincar.
Fernando: Por favor Helena se comporte, não quero mal entendido aqui hoje hein. Tenho alguns clientes importantes aqui e nada pode dar errado. Segure essa sua boca.
Helena: Não se preocupe, não vai dar nada errado!
A festa estava ótima, muita gente animada, bebidas de todos os tipos, comidas variadas e claro, músicas. Helena amava músicas dos anos 80 e 90, e aquele era seu dia de sorte.
Dançava como se não houvesse amanhã, balançava seu corpo como se o mundo fosse acabar naquele instante, uma única coisa a incomodava: um homem que a observava há algum tempo, não tirava os olhos dela a festa toda, não sabia de quem se tratava, pois, seu irmão tinha muitos contatos e fazia muitos negócios. Mas se ele queria ficar olhando, que olhasse.
Helena se divertiu muito, dançou, conversou, brincou com sua sobrinha Francis, e quando estava exausta, se despediu para voltar para casa.
Helena: Fernando, Amanda, eu preciso voltar para casa, Bacon está me esperando, parabéns pelo aniversário de casamento, estava tudo maravilhoso. Nos vemos em breve.
Se despediram e ela sai em direção ao jardim, de repente ela tem a sensação que alguém está a seguindo. Ela se vira e não vê ninguém, continua a caminhar e chega em seu carro.
Homem: Então é você a motorista maluca que roubou minha vaga?
Helena se vira levando um susto e se depara com grandes olhos pretos a encarando. Sua voz era forte e potente que a fez estremecer.
Helena: E você é o imbecil que me chamou de filha da put@?
Homem: Peço desculpas, eu não imaginava que fosse uma mulher dirigindo um carro desses.
Helena: Por que? Você acha que não combina?
Homem: Muito pelo contrário, acho perfeito.
Helena: E então? Você quer alguma coisa?
Homem: VOCÊ!
E quem não queria? Pensou Helena, ela sabia que era bonita, que chamava a atenção, era dona de si, porém não tinha espaço na sua vida para relacionamentos.
Helena: Não se preocupe que isso passa, me dê licença, eu preciso ir.
Homem: Não vai me dar nem o seu contato?
Helena: Não! Nunca mais nos veremos, então não tem essa necessidade.
Ela entra em seu carro, liga o som no último e sai fritando os pneus, não sem antes lhe dar uma piscadinha de olho e um meio sorriso. Ela gostava de provocar.
Homem: Maluca! – fala com um sorriso nos lábios como se aprovasse seu comportamento.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Wilma Marques Machado
Começando 10/11/24.
2024-11-11
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Joana Felix
Começando 14/08/2024
2024-08-14
0
Elizabeth Mello
começando a ler agora 19/07/24
2024-07-20
0