CAPÍTULO 4 – COBRANDO FAVORES

Álvaro dirige por volta de trinta e cinco minutos até chegarem num restaurante que ficava fora da zona urbana, o caminho era repleto de palmeiras imperiais, parecia uma fazenda estilo colonial. 

Helena ficou encantada e desapontada consigo mesma por morar tão perto e nunca ter conhecido aquele lugar.

Helena: Nossa que lugar incrível. Como eu nunca tinha ouvido falar daqui?

Álvaro: É que acabou de inaugurar praticamente, uns dois meses mais ou menos.

Helena: Só pelo visual já valeu a pena, espero que a comida seja tão incrível quanto o lugar.

Eles saem do carro e escolhem uma mesa do lado de fora no imenso gramado, onde conseguiam ter uma visão geral do lugar. Acomodam Bacon no chão perto deles e fazem os pedidos.

Helena: Nossa tem tanta coisa deliciosa aqui, mas acho que pedirei um medalhão de filé mignon com bacon.

Álvaro: Bacon? Achei que você não comesse por conta de seu amiguinho aí.

Helena: Que nada, não estou comendo ele, e sim algum parente distante dele, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Álvaro riu da explicação, fizeram seus pedidos e continuaram a conversar. Ele não era muito de falar de si, parecia que tinha muitos demônios escondidos, já ela falava pelos cotovelos, ele ria de cada encrenca que ela contava por causa de sua língua. Ele ria de todas as suas histórias, e há tempos que isso não acontecia.

Helena: E então, já está arrependido de ter me dado carona?

Álvaro: Jamais, há tempos que não me divertia tanto com alguém, aliás preciso conversar com seu irmão e perguntar porque de ter escondido que tinha uma irmã tão incrível quanto você.

Helena ficou sem jeito, ela não estava sendo nada demais, apenas contando a ele sobre o seu talento especial, falar coisas erradas nas horas erradas.

Álvaro: Em que você trabalha?

Helena: Sou stripper! 

Naquele momento, Álvaro tinha levado à boca seu copo de água, ao ouvir ela dizer que era stripper, ele engasga e começa a tossir muito! Ela se contorce de rir, achando graça pelo espanto dele.

Helena: Calma, não vai morrer agora na minha frente por favor, eu estou brincando, eu sou sócia de uma imobiliária, a ROY & BIANCHI, vendemos imóveis de luxo.

Álvaro: Não faça mais isso, eu engasguei de verdade! Quase tive um treco. Então é você? Eu não associei seu sobrenome a sua família, eu entrei em contato com sua imobiliária referente a uma casa que eu vi e me apaixonei, o senhor Bianchi ficou de me retornar, mas até agora nada.

Helena: Ah, você era o cliente interessado? Eu não permiti, encontrei aquele cretino mexendo nas minhas coisas querendo o contrato da casa, mas eu não dei. Aquela casa é especial então não vai ser qualquer pessoa que vai morar lá. Eu analiso candidato por candidato antes de mostrar a casa.

Álvaro: E para mim, você poderia mostrar a casa? Acho que depois de te salvar hoje eu mereço um voto de confiança, não é?

Helena: Cobrando favores senhor Álvaro?

Álvaro: Não, longe de mim, mas você pode ver que não sou tão ruim assim, aliás eu comecei de uma forma errada com você e eu peço desculpas, quero que possamos construir uma boa relação daqui para frente, o que acha?

Helena: É só você não ser cretino comigo que acho que nos daremos bem. E se você tiver alguma criança na família, trate de deixa-la longe de mim, você já viu que eu me comporto pior que elas!

Álvaro riu, como poderia existir alguém tão agradável como ela, e que a cada minuto que passasse ele se sentia mais à vontade? Ele não queria que aquele dia acabasse nunca.

Helena: Bom, eu preciso ir embora, eu e Bacon já estamos muito tempo fora de casa e precisamos descansar. O dia hoje teve muitas emoções. Vou pedir a conta para irmos embora.

Álvaro: Nada disso, pode deixar que eu acerto.

Helena: Não senhor, eu convidei, eu pago. – Disse já chamando o garçom, e pedindo a conta.

Por um instante ela percebe a troca de olhares entre o garçom e Álvaro, o garçom nem se mexeu do lugar para trazer a conta, lentamente cai a ficha, o restaurante se chamava SAVOYAH, presumiu que fosse o sobrenome dele, não demorou muito e ela entendeu por quê de não conhecer aquele lugar recém inaugurado. O restaurante era dele!

Helena: Ia me contar quando que você é o dono do restaurante?

Álvaro: Bom, eu estava esperando você comer primeiro, vai que você detestasse a comida. Você ficou chateada? – fala apreensivo, pois ela era imprevisível.

Helena: Claro que não, eu amei esse lugar, agora tenho onde comer de graça quando quiser! 

Álvaro sente uma imensa alegria de ouvir aquilo afinal indicava que eles se veriam muitas e muitas vezes mais.

Helena, Álvaro e Bacon, entram no carro e partem, conversavam o tempo todo sobre assuntos variados, já não existia mais desconfortos entre eles, pelo menos da parte de Helena não.

Álvaro: E então, você vai mesmo me levar para conhecer a casa?

Helena: Por que você quer compra-la? A casa é imensa, aliás você é casado?

Álvaro: Não, não sou casado, mas pretendo um dia, já tenho 39 anos e quero constituir família sim. Mas eu me apaixonei pela casa e pelo lindo jardim, vi que tem um lago, muitas árvores, daria um belo restaurante, ou então, eu imagino meus futuros filhos correndo pelo imenso gramado cheio de coelhos!

Helena: Então você gosta de coelhos? Está vendo Bacon, nem todos apreciam um bichinho fofo como você!

Álvaro: Já que tocou no assunto, por que você tem um porco?

Helena: Digamos que eu nunca gostei de bichos comuns, quando vi o Bacon eu me apaixonei e soube no mesmo instante que ele era minha alma gêmea!

Álvaro: O que? Um porco não pode ser sua alma gêmea!

Helena nada responde, somente continua acariciando a cabecinha de seu bichinho enquanto no rádio tocava uma canção agradável. Helena dá seu endereço e assim que chegam, ele sai do carro e vai abrir a porta para ela sair.

Helena: Obrigada. Bom se quiser mesmo visitar a casa, tenho horário na quarta feira, ligue na imobiliária e trate com a Carol, minha secretária, aí combinamos o horário certinho, tudo bem para você assim?

Álvaro: Perfeito, entrarei em contato, não marcarei compromisso nenhum para esse dia, quero finalmente conhecer minha futura casa.

Helena: Isso se eu achar que você merece aquele lugar.

Álvaro: Você disse que era um lugar especial, que não seria qualquer pessoa que moraria lá, mas não disse o porquê, eu posso saber?

Helena: Por que eu cresci naquela casa, é o lugar que eu mais amo na vida, não quero que qualquer pessoa more naquele lugar, no mínimo tem que ser alguém que entenda o privilégio que tem nas mãos.

Foi o único momento desde que conhecera Helena em que vira tristeza nos olhos dela, ele se sentiu impotente, não sabia o que falar, apenas se aproximou e a abraçou com carinho. Ela não recusara o abraço, ficaram os dois em silêncio.

O momento foi interrompido por um grunhido de Bacon, eles se afastaram rindo pois, sem perceber apertavam o coitado em seu abraço, haviam feito um sanduíche de Bacon! 

Álvaro se despede e Helena entra em seu apartamento, ainda sorrindo pelo dia cheio e divertido, que tivera, só faltava agora enfrentar a fúria de seu irmão. Aliás, como teria sido o desfecho do caos generalizado que ela havia provocado?

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Comments

Maria Maura

Maria Maura

foi sem forçar a barra, um momento delicado que ficou encantador.Tomara que gere frutos

2024-02-26

1

Eliza Castro / Beth

Eliza Castro / Beth

que lindo capítulo, essa aproximação deles foi lindo.
ela de alguma forma se abrindo a conversa sincera com ele

2024-02-04

2

Eliza Castro / Beth

Eliza Castro / Beth

kkkkkkk muito Hilário kkkkkkkk

2024-02-04

1

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