Depois do que aconteceu, eu fiquei triste. É estranho ficar triste depois de uma foda como aquela, mas eu fiquei. Acho que não foi pela foda, foi pelo depois. O Fê não mudou em nada, continua me tratando como antes. Acho que eu acabei sendo só um objeto para ele e… a culpa foi minha, não é? Eu que fui me esfregar nele primeiro. Ele sempre deixou claro que sou insignificante. Porque eu acharia que agora as coisas mudariam?
Resolvi ir para casa dos meus pais. Eu precisava desabafar e ganhar um pouco de carinho.
Cheguei em casa e minha mãe estava no sofá assistindo a "Cidade Alerta", me sentei em seu colo e a abracei.
– O que aconteceu agora, Carol? Você brigou com o merdinha?
– Mãe, eu fiz uma coisa que estou arrependida.
– Novidade… Vai, me conta!
Comecei a chorar a abraçando.
– Mãe, eu dei para ele.
– O quê!? E você está grávida?
– Não! Foi nesse fim de semana, não daria tempo de saber.
– Porque você está triste?
– Mãe, eu dei para ele e ele nem gosta de mim. – não sei porque, mas dizer isso me deu mais vontade de chorar.
– Minha filha, você sempre soube que ele só casou com você para te usar. Carol, volta para casa. Agora nós temos uma vida decente aqui. Seu pai pode nos sustentar com o trabalho no táxi, você não precisa ficar com aquelas pessoas que só querem te usar.
– Eu gosto de ter um cartão de crédito.
– Eu faço um para você na "Marisa".
– O meu nome tá sujo e o seu também, mãe.
– Porque você ainda não limpou seu nome? Você está devendo só mil reais! Meu Deus! Assim não dá pra te defender Carol! – disse me dando um tapa na testa.
– Aí, mãe! Isso doeu!
– É pra doer mesmo! Agora vem aqui! – disse me abraçando forte – Sabe quem eu vi no mercado? O Pedrinho.
– O meu ex?
– Ele mesmo! Está muito bonito. Você deveria chutar aquele riquinho de merda e se acertar com ele.
– Depois do que eu fiz, ele não vai querer voltar para mim.
– Claro que vai! Ele ficou me perguntando por você, tenho certeza que ainda te ama.
– Mas eu acho que não gosto dele mais.
– Volta a gostar! Ele é melhor do que aquele riquinho. Pode ser pobre, mas é um bom garoto e eu conheço a família.
Abracei a minha mãe e ela continuou a me consolar.
Como eu disse antes, meus pais nunca quiseram que eu tivesse um relacionamento, isso porque me acham ingênua demais. Porém, isso acabou acontecendo depois que conheci o Pedrinho.
Pedrinho, entregava pão de bicicleta na casa da minha madrinha e eu sempre ia atendê-lo. Como temos a mesma idade, acabamos nos aproximando.
Ele foi o meu primeiro tudo, meu primeiro beijo, meu primeiro namorado, amor e… com quem eu tive a minha primeira vez.
Meus pais custaram a aceitar o nosso namoro, mas com o tempo as famílias se conheceram e eles acabaram deixando.
Eu e ele acabamos namorando por cinco anos, dos quinze aos meus vinte e eu terminei com ele por bobagem. Naquela época tinha acabado de começar a trabalhar, no restaurante na Gávea. Achei que se eu estivesse namorando, nunca encontraria o tal jovem rico que tanto desejava.
Como podem ver, meus pais nunca apoiaram esse meu desejo de me casar com um homem rico. Eles sempre desejaram para mim que eu me casasse com alguém que me fizesse feliz e isso já bastava. Acho que por eles terem conseguido ter um relacionamento harmonioso, mesmo na pobreza, eles pensavam que eu poderia ter isso também.
Dormi na casa dos meus pais e pela manhã resolvi voltar e pensar sobre terminar tudo isso. Acho que o Fê não pode mais me chantagear dizendo que vai me denunciar. Já se passou três meses desde que nos casamos e eu não estou usando o nome de outra pessoa.
Cheguei e ele estava na cozinha comendo um monte de doces, como sempre. Resolvi não falar nada e fui até uma das empregadas, Joana, e a cumprimentei. Joana me deu uma tigela com aveia, iogurte e frutas, disse que tinha deixado preparada para caso eu chegasse. Lhe dei um beijo no rosto, feliz. Ela era muito fofa comigo.
Me sentei no balcão, longe do Fê, que estava sentado na mesa.
– Não tem mais educação? – perguntou franzindo a sobrancelha.
– Você nunca me cumprimenta, porque eu devo te cumprimentar?
– Onde passou a noite?
– Com o seu primo. – disse ironicamente – Claro que foi na casa dos meus pais, né Fernando!
– Vindo de você, eu não duvido nada.
Olhei perplexa para ele. Ele realmente quer dizer que eu sou algum tipo de vadia que dorme com qualquer um?
– Joana, será que pode nos deixar a sós? – pedi.
Ela saiu e então eu me virei para o Fernando e resolvi dizer o que estava pensando.
– Fernando, eu não sou esse tipo que você acha. Talvez seja melhor não continuarmos. Olha, você é rico e vai ser fácil achar outra garota para perturbar o seu avô.
– Tudo bem, pode ir!
Arregalei meus olhos.
– Você vai me deixar ir assim, fácil? Não vai nem me ameaçar e gritar?
– Quer a ajuda do motorista para te levar?
– Eu acho que eu quero. – disse já fazendo bico. Nossa ele me dispensar assim, fácil, doeu pra caramba.
Larguei minha aveia e corri para o meu quarto, as lágrimas já estavam caindo e eu não queria que ele me visse chorando.
Juntei todas as minhas coisas. Eu nem sei porque estou chorando? Ele é um ridículo, babaca, idiota, mandão… Ninguém merece ele, nem eu mesma.
Acabei voltando mesmo para casa dos meus pais. Nos dois primeiros dias eu fiquei muito triste e minha mãe ficou me consolando. No terceiro eu estava mais conformada, então eu comecei pensar no que iria fazer a partir de agora.
Minha mãe estava na cozinha fazendo o almoço e eu fiquei na sala olhando vagas de emprego no celular, quando a campainha tocou. Fui atender e fiquei paralisada com quem estava na porta. Ele nem esperou eu pedir para entrar e já foi entrando e olhando tudo ao redor.
– Então foi essa casa que você comprou? – disse o Fernando, com um ar de desdém.
– O que você está fazendo aqui? – perguntei cruzando os braços.
– Não é óbvio? Eu vim te buscar.
– Você não disse que eu podia ir embora?
– Sim, mas não disse podia ficar. Acabou suas férias, vamos embora. – disse me puxando pelo braço.
– Me solta Fernando! – gritei.
– Que gritaria é essa, Carol?! – disse minha mãe aparecendo e nos fazendo paralisar e olhar na sua direção – Quem é esse te puxando?
– Esse é o Fernando, mãe.
O rosto dela se fechou e ela pegou uma das almofadas, que estavam no sofá, e jogou nele.
– Larga minha filha, seu merdinha!
O Fernando desviou e para isso acabou me soltando. Aproveitei e corri para minha mãe e ela ficou na minha frente me protegendo.
– Que audácia é essa, sua velha! – gritou o Fernando.
Eu fiquei de queixo caído, ele acabou de falar a palavra proibida. Minha mãe fica uma fera se chamam ela de velha.
– Aaaa seu merdinha! Agora você vai ver!
Ela foi até a cozinha e voltou com uma vassoura e começou a bater nele. Ele tentava desviar, mas recebeu vários golpes. Acabei ficando com pena do Fernando e comecei a tentar protegê-lo afastando a minha mãe.
Bem, foi uma confusão só, mas no fim acabou em todos sentados na mesa para o almoço. O Fernando estava com um galo enorme na cabeça e eu estava com um saco de gelo pressionando contra o seu galo.
Estava um clima meio estranho, minha mãe parecia que ia voar no pescoço do Fernando a qualquer momento. O meu pai estava tranquilo, agindo como se nada tivesse acontecendo. E o Fernando parecia que ia matar a minha mãe também.
– Então família, vamos comer? – falei tentando desviar suas atenções.
Peguei um prato e servi o Fernando. Depois me servi e minha mãe fez o mesmo com meu pai.
Fernando ficou olhando para a comida por um tempo, enquanto eu já estava atacando. Ficou mexendo com o garfo e virou para mim e perguntou:
– Nunca vi esse tipo de carne. O que é isso?
Antes que eu respondesse, minha mãe respondeu.
– É dobradinha!
– Dobradinha? – perguntou confuso.
– Dobradinha, menino! O estômago do boi.
– O quê?! Que nojo! Carol, cospe isso agora! – disse colocando o guardanapo embaixo da minha boca e eu me recusei, adoro dobradinha – Anda Carol! Cospe agora! – gritou.
Eu acabei obedecendo e depois que cuspi ele fez uma coisa que não imaginava que faria. Ele se levantou e me pegou no colo e foi para a porta resmungando:
– Gente doida! Comendo estômago do boi. Nunca mais coma isso, Carol. Será que agora eu vou ter que vigiar até o que anda comendo?
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Pessoal, eu escrevi essa história com tanto carinho!
Por favor, me ajudem curtindo e comentando o capítulo!
Se tiver como deixar um voto ou um presente, ficarei muito grata!
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Margarida Amaral
😂😂😂😂chorei de dar risada.
adora dobradinha.
2022-03-26
170
User123456
Três horas da manhã e eu rindo sozinha que nem uma louca 🤣🙏🤣🙏🤣🙏🤣🙏 só você autora para fazer isto.
2022-03-21
129
Day Ldf Silva
kkkk autora maravilhosa eu Aki dentro do busão rindo igual uma hiena com esse capítulo maravilhoso kkkk
2024-05-06
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