04 - Não Volto Naquela Casa

Finalmente o fim de semana acabou e eu pude voltar ao trabalho. Aquela rotina era muito cansativa, mas era melhor do que ter que ficar dando de cara com o Fernando pela casa. Assim, a casa é perfeita, a piscina, nem se fala! Mas ele só sabe me irritar.

Estava servindo algumas mesas quando disseram que me solicitaram em uma mesa que eu não estava atendendo. Revirei meus olhos, eu já estava atendendo a três mesas e iria ficar muito atarefada.

Fui até lá e estava aquele homem, sorridente me olhando. Era Rodrigo, o amigo do Fernando. Fechei minha cara, pois não queria confusão para o meu lado.

– Olha só que surpresa. Que bom te ver aqui.

– Olha Sr Rodrigo, eu vou ter que pedir para outra pessoa atender a sua mesa, estou muito ocupada agora. – já deixei claro que não queria o atender.

– Não tem problema. Eu conheço o dono daqui. Vou pedir para ele te liberar e você vai ficar livre para almoçar comigo.

Tinha uns dois amigos ao lado dele que começaram a rir. Percebi que era divertido para eles, ver as suas investidas.

– Muito obrigada, mas eu trouxe comida. Com licença, vou pedir para outra pessoa te atender. – disse me virando de costas e já saindo.

Fui até o caixa e comecei a verificar algumas comandas, quando alguém me puxou pelo braço. Era ele.

– Sr Rodrigo, eu já disse que não vou poder te atender.

– Nem por uma bela gorjeta? – disse colocando uma nota de cem no bolso do meu avental.

– Nem por isso. – peguei a nota e devolvi a ele.

– Olha, menina. Vou ser sincero com você. Todo mundo sabe que Fernando só se casou com você para irritar o avô. Daqui a pouco isso vai passar e ele vai te chutar da casa dele. Seja boazinha comigo ou vai ficar sozinha.

– Eu sei disso, Rodrigo. Espero ansiosamente pelo dia que ele vai me chutar. Ou você acha que estou achando divertido conviver com aquele chato?

Ele riu passando as mãos no cabelo.

– Você não precisa ficar convivendo com ele. No próximo fim de semana pode ir lá para minha casa. Eu também tenho uma piscina, sabia?

– Você cismou com essa coisa de piscina. – franzi minhas sobrancelhas.

– Ah, você nem sabe como. Até cheguei a sonhar com você na minha piscina, só que estava sem roupa nenhuma. – disse me secando com os olhos.

Fiquei perplexa. Fernando estava certo, esse amigo dele era um pervertido. Meu rosto queimou de vergonha na hora. Abaixei a minha cabeça e me virei para ir para o mais longe daquele homem.

– Carol! – me chamou quando eu já estava me afastando. Me virei e olhei para ele, então continuou – O Fernando sabe que você está trabalhando aqui? 

– Não, mas qual seria o problema? – perguntei confusa.

– Problema nenhum. – disse sorrindo e agora o seu sorriso me dava nojo.

Os dias foram se passando normalmente até que um dia, eu estava no trabalho conversando com a menina do caixa quando ouço uma voz atrás de mim.

– Por que você está sempre tentando me envergonhar?!

Me virei e era Fernando. Ele estava com aquele olhar assassino e eu sabia que estava pronto para gritar comigo.

– Esse aqui é o meu trabalho, porque estou te envergonhando? – perguntei confusa.

– Aaaa Carolina! Tire esse uniforme e vá para casa agora! – disse se exaltando.

– Qual o seu problema, Fernando? Está todo mundo nos olhando.

– Está vendo como me envergonha? Tire esse uniforme! – disse puxando o meu avental.

Nesse momento aconteceu uma coisa muito constrangedora, ele foi puxar o avental, mas acabou puxando a minha camisa junto, arrancando os botões e mostrando o meu sutiã para todo mundo. Eu fiquei muito envergonhada. Ele ficou paralisado, eu tomei o meu avental da mão dele e me cobri. Depois saí correndo do local chorando. Será que o Fernando não cansa de me humilhar na frente das pessoas?

Peguei um ônibus e fui para casa dos meus pais. Eu estava muito abalada. Decidi que não aguentaria mais aquelas humilhações. Acabou que casar com um homem rico não era como nas novelas, era um pesadelo total.

Cheguei em casa e minha mãe estava lá. Ela me abraçou e eu chorei em seu colo.

– Mãe eu não aguento mais esse homem. Ele só me humilha o tempo todo. – disse chorando – Eu não vou voltar para aquela casa. Se a polícia vir me buscar você me esconde?

– Deixa de ser cabeça oca, minha filha! Que polícia que vai entrar aqui para buscar uma garota, enfrentando todos os bandidos da favela e correndo risco de morte? Meu Deus, eu tentei! Eu juro! Mas essa menina é muito tapada!

– Não fala assim comigo, mãe! Eu estou sofrendo muito, não vê?

– É claro que está! Desde criança eu já sabia que ia sofrer muito, só vive no mundo da lua! Todo mundo te faz de boba, minha filha. Será que um dia você vai ficar mais esperta?

– Nossa mãe, você falando assim parece o Fernando. – disse fazendo beicinho.

– Vai ficar tudo bem, minha nenê! – disse acariciando meus cabelos – Olha, a mamãe te ama e só quer o seu bem. Por isso eu te falo essas coisas.

Sorri e a abracei forte, a minha mãe me xingava as vezes, mas ela sempre foi uma mãe muito carinhosa.

– Eu acho que você vai ter que voltar lá.

– No restaurante? Amanhã eu volto e peço desculpas. Acho que eles não vão me demitir.

– Não. Na casa do riquinho merdinha.

– Não! Eu não volto lá nunca mais.

– Minha filha, você vai ter que pegar suas coisas. Tudo que você tem está lá.

Fiz um beicinho, comecei a chorar e minha mãe me abraçou, batendo nas minhas costas. Eu não acredito que vou ter que voltar naquele lugar.

No dia seguinte eu voltei a casa. Fui em um horário que talvez Fernando não estivesse lá. Pretendia ser rápida, só pegar minhas coisas e sair.

Entrei pelos fundos e fui direto para a cozinha, onde dava acesso aos quartos das empregadas.

Cheguei no meu quarto e comecei a juntar minhas coisas em uma mala.

– Aonde você pensa que vai? – disse Fernando, aparecendo na porta me matando de susto.

– Eu vou embora daqui! – disse já chorando. Nossa, eu estava me sentindo muito humilhada.

– Carol, me desculpa por ontem.

Meu Deus eu quase caí para trás. "Ele me chamou de Carol e pediu desculpas?"

– Depois de quase arruinar o meu trabalho, agora você vem me pedir desculpas? – disse cruzando os meus braços.

– Trabalho? Chama aquilo de trabalho? Você ganha uma micharia naquele lugar.

– É honesto e eu gosto de lá.

– Gostava, porque não está mais trabalhando lá.

– O que você fez? – disse olhando para ele, perplexa.

– Eu conheço o dono e pedi para te demitir.

– Fernando! Sabe como é difícil arranjar um emprego hoje em dia? Meu Deus, o que eu vou fazer agora? – disse me sentando na cama desesperada.

– Aaaaaa! Isso só pode ser carma! – disse gritando – Você já olhou a sua volta? Você não precisa trabalhar. Muito menos como garçonete para ficar recebendo cantadas de uns pervertidos.

Ele andou de um lado para o outro, irritado. Depois respirou fundo, se acalmando, pegou um envelope do bolso e me entregou.

– Tome!

Olhei confusa e abri o envelope. Dentro tinha um cartão de crédito, preto e estava escrito o meu nome. "Meu Deus! Eu ganhei um cartão de crédito!" Eu sempre quis ter um, mas o banco sempre recusou por meu nome estar sujo.

Eu pulei de alegria! Estava tão feliz que pulei no Fernando e dei um abraço nele. Ele me empurrou, me fazendo cair na cama e disse:

– Não exagera! – depois começou a limpar suas roupas, como se eu fosse suja. – Gaste com o que quiser. – disse isso e saiu do meu quarto.

Depois disso eu até esqueci que queria ir embora. Agora eu tinha um cartão de crédito!

Fiz o que qualquer um faria depois de ganhar um cartão de crédito, fui correndo para o shopping.

Comprei tudo que queria, roupas, sapatos, bolsas… Fui no salão e pedi uma transformação completa, fiz cabelo, unha, maquiagem e depilação. Meu Deus, eu estava no paraíso! Me senti a "Marimar" ganhando um banho de loja. Aquele cartão de crédito passava tudo e eu gastei muito! 

 Quando cheguei em casa com todas aquelas coisas, pensei que o Fernando poderia ficar bravo comigo por ter gastado muito. Então corri para o quarto e escondi tudo. Ele só vai descobrir quando vier a fatura!

No dia seguinte, resolvi testar o limite daquele cartão. Entrei em um site e tentei comprar uma casa no subúrbio e... Meu Deus! Passou! Eu fiquei sem palavras! Agora eu podia dar uma casa para os meus pais.

Pedi um Uber e fui correndo contar as novidades para minha mãe. Logo eles se mudaram e eu mobiliei toda a casa.

Agora sim eu estava em um sonho. Pude dar uma casa mobiliada para os meus pais e ainda cadastrei meu cartão de crédito no aplicativo do supermercado, então eles nunca mais passariam dificuldades. 

Passou mais de um mês depois disso e o Fernando não comentou nada. Fiquei com a consciência pesada e resolvi confessar tudo. Talvez assim ele não ficaria tão bravo.

Ele estava na cozinha tomando um pote de sorvete quando eu cheguei e me sentei ao seu lado. Ele me olhou com um olhar hostil.

– Fê, eu quero te confessar uma coisa.

– O que você aprontou dessa vez? – disse revirando os olhos.

– Fê eu… Eu gastei muito com o seu cartão. 

– Muito quanto?

– Muito equivalente ao valor de uma casa.

– Aquilo foi uma casa?

– Você sabia?!

– É claro que eu sabia! O banco me manda notificação sempre que meu cartão é usado.

– Você não ficou bravo?

– Eu fiz você passar vergonha na frente de todo mundo, não foi? Então pense nisso como uma compensação. E além do mais, você nem gastou muito.

– Você está falando sério?

– Carol! Me deixa tomar o meu sorvete em paz! Sai daqui! – disse irritado.

Eu me levantei e saí correndo. Acho que foi sorte eu conseguir ter tido algum tipo de diálogo com ele por um tempo.

.........

Pessoal, eu escrevi essa história com tanto carinho!

Por favor, me ajudem curtindo e comentando o capítulo!

Se tiver como deixar um voto ou um presente, ficarei muito grata!

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Comments

Adrielly Silva

Adrielly Silva

ela é tapada iludida demais a mãe dela mesmo fala isso, o sonho dela era casar com um rico pra ter as coisas, ela quer viver como nas novelas

2024-11-03

1

Eliane Aparecida

Eliane Aparecida

Nossa ele é um ogro de gelo

2025-02-09

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Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

ELA É MUITO IDIOTA NOVELA NÃO É VIDA REAL

2025-03-19

1

Ver todos
Capítulos
1 01 - Casamento
2 02- Meu Marido é uma Pessoa Horrível
3 03 - Como Pode Alguém Ser Tão Insuportável?
4 04 - Não Volto Naquela Casa
5 05 - Os Bittencourt
6 06 - Não Seja Tímido
7 07- Sai de Cima! Sua Desgraçada!
8 08 - Além de tudo, é Imaturo
9 09 - Continua um Babaca
10 10 - Merece Apanhar
11 11 - Deveria ser Mais Carinhoso e Menos Babaca
12 12 - Invejoso!
13 13 - Está Tentando me Humilhar De Novo?
14 14 - Se Queria Me Provocar, Conseguiu!
15 15 - O Fê só Pode Ser Doido
16 16 - Agora eu sou a Paola?
17 17 - Conversando com Deus
18 18 - Me dê esse Presente
19 19 - Não Quero Brigar Mais
20 20- Me Agrade
21 21 - Medo e Culpa
22 22 - Ela Me Manipula e Não Sabe Disso
23 23 - Nandinho
24 24 - O Primeiro Presente
25 25 - Ela é uma Montenegro
26 26 - Não Podemos Ser Amigos
27 27 - No Fim, Acabou Bem
28 28 - Nossos Maridos, são Opostos
29 29 - Se Eu Pudesse, Te Levaria Para Longe Daqui
30 30 - Quem Você está Achando que eu Sou?
31 31 - Não é Mais Bem Vindo Aqui
32 32 - Essa Mulher é Louca
33 33 - Deixando de Ser Bobona
34 34 - Travessuras
35 35 - Se Vinga, Garota!
36 36 - Grudenta e Pateta
37 37 - Não sei Quando vou Voltar
38 38- Uma Promessa, um Compromisso
39 39- Noivos??
40 40 - Sequestrada Pelo meu ex
41 41 - Nunca Mais Voltar...
42 42 - Sem Reação
43 43 - Desisto
44 44 - Nunca Mais Estará Sozinho
45 45 - Cortando Laços
46 46 - Gestação
47 47 - A Qualquer Momento
48 48- Diário
49 49 - Um Final Digno De Novelas
Capítulos

Atualizado até capítulo 49

1
01 - Casamento
2
02- Meu Marido é uma Pessoa Horrível
3
03 - Como Pode Alguém Ser Tão Insuportável?
4
04 - Não Volto Naquela Casa
5
05 - Os Bittencourt
6
06 - Não Seja Tímido
7
07- Sai de Cima! Sua Desgraçada!
8
08 - Além de tudo, é Imaturo
9
09 - Continua um Babaca
10
10 - Merece Apanhar
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11 - Deveria ser Mais Carinhoso e Menos Babaca
12
12 - Invejoso!
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13 - Está Tentando me Humilhar De Novo?
14
14 - Se Queria Me Provocar, Conseguiu!
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18 - Me dê esse Presente
19
19 - Não Quero Brigar Mais
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