Os dias foram passando e as coisas melhoraram bastante. Eu quase não via mais o Fê. Isso porque eu passava sempre o dia todo no shopping, no salão ou na casa dos meus pais.
Quando chegava em casa já estava noite e o Fê, ou ficava no quarto ou recebia visita dos amigos. Aí eles ficavam no salão de jogos jogando sinuca ou Poker.
Quando os amigos dele estavam lá, eu me trancava no quarto. Eles me lembravam o Rodrigo e esse nunca mais apareceu lá em casa.
Eu estava vendo novela no meu quarto quando o Fê bateu na porta e me entregou um bolsa. Eu olhei dentro e tirei um vestido preto e longo que ia até os pés.
– Por que está me dando isso? – perguntei.
– Porque você vai em um jantar comigo nesse fim de semana.
– Eu comprei muitos vestidos bonitos, não precisava comprar um para mim.
– Eu não confio nos seus gostos. E para de reclamar e experimenta para eu ver.
Fiquei parada olhando para ele e ele continuou na porta, tentei mandar sinais para sair e ele continuou lá.
– Você acha que eu vou tirar a minha roupa na sua frente? – disse colocando a mão na cintura.
Agora ele se tocou, revirou os olhos e saiu.
Experimentei e o vestido caiu perfeitamente no meu corpo. Ele era longo e se moldava todo em minhas curvas, porém tinha um decote enorme. Fiquei um bom tempo me olhando e me perguntando se eu não estava vulgar com aquele vestido.
Ele bateu na porta, impaciente, interrompendo meus pensamentos.
Abri a porta e ele me olhou. Me olhou de todos os ângulos e disse:
– Ótimo. Você vai usar esse mesmo.
– Fê, você não acha que esse decote não é exagerado demais? Ele quase vai ao meu umbigo.
– Esse decote está perfeito.
Fiquei pensativa e depois perguntei:
– Para onde vamos?
– Jantar na casa da minha família.
Arregalei meus olhos. "Meu Deus! Vou apanhar daquele velho de novo!"
– Fê! Eu não vou! Sua família me odeia.
– Sim. Muitas pessoas também me odeiam e eu tenho que encará-las todos os dias. Deixa de ser covarde!
– Odiar você é bem compreensível.
– Cala a boca, Carol! Vai… sei lá! Vai no salão ver se melhora essa sua cara feia.
O Fernando sabe muito bem como me irritar. "Aaaa! Que raiva!"
Chegou o dia do jantar e Fernando foi dirigindo o seu Porsche. Nunca pensei que iria entrar em um carro assim na vida, era muito lindo. Falando em lindo, Fernando estava demais.Vestia uma camisa social de linho branca, uma calça preta e usava uma jaqueta de couro também preta. Seu cabelo estava penteado para o lado, com gel, e ele fez a barba, o que dava todo um destaque aos seus olhos castanhos claros.
Eu olho para Fernando e penso como as coisas são injustas. Ele é muito bonito e muito rico, porém é muito mau também. Os vilões nas novelas não são tão bonitos assim.
Eu fui com o cabelo solto, fiz uns cachos nas pontas, coloquei um delineado e um batom rosado. O vestido era mesmo muito sensual. Ele era comprido até os pés, porém era bem justo, destacava todas as minhas curvas. Isso sem contar aquele decote que eu tive que colar com uma fita dupla-face para não abrir e mostrar os meus seios.
Chegamos na casa e era maior que a do Fernando, mas a arquitetura era no estilo clássico, parecendo aquelas mansões dos filmes americanos.
É claro que fui mal recebida, ninguém falou comigo e ninguém me cumprimentou. Tudo bem que eu não queria cumprimentar ninguém, mesmo.
Fomos para sala de estar esperar o jantar ser servido. A maioria das pessoas estavam conversando distraídas, mas aquele velho me encarava. Acho que ele estava doido para me bater novamente.
Eu estava muito tensa, quando de repente, aconteceu algo que me deixou mais tensa. Rodrigo apareceu e veio me cumprimentar.
Fiquei tão perplexa que o ignorei, me virei para Fernando e perguntei:
– O que seu amigo está fazendo aqui?
– Ele não é meu amigo. Ele é o meu primo.
Fiquei sem palavras.
– Não seja má educada e pegue na minha mão. – disse Rodrigo.
– Nem pensar! Eu não sei onde essa mão estava.
– Que mulher vulgar! – bufou o velho.
– Isso é uma coisa muito feia de se dizer, cunhada. Você pode não saber onde minha mão estava, mas eu acho que sabe onde eu gostaria que estivesse.
Meu queixo ficou caído. Ele falou isso mesmo na frente de todo mundo? Instintivamente tampei meu decote com as mãos.
– Você não tem vergonha, garota?! – gritou o velho – Porque veio vestida desse jeito? Está querendo levar meu outro neto para suas garras?
"Meu Deus! É hoje que eu apanho desse velho de novo!" Pensei.
Fernando tirou a minha mão que tampava meu decote, passou o braço por trás de mim, segurou em minha cintura e apertou.
– Está com inveja do que é meu novamente, Rodrigo?
Arregalei meus olhos.
– É ruim não é? Ver que tudo que eu tenho é melhor!
O Fê estava me usando novamente. Percebi que ele me pediu para usar aquele vestido só para ficar provocando o primo.
– Já achei melhores na rua. Não fique se achando. – respondeu Rodrigo.
– Então vá na rua e trás uma melhor. Ao invés de ficar babando a minha mulher.
– Fernando! – gritou o velho – Não dê idéias ao seu primo. Já basta você ter trazido essa indigente para minha casa.
Bufei, me levantei e saí andando. Não estou aguentando mais esse velho me xingando, Rodrigo me assediando e o Fê me usando. Preciso tomar um ar e respirar.
Fui em direção a porta, saí e fui para o jardim. Chegando lá, me sentei em um banco e comecei a apreciar o silêncio. Só que isso durou pouco, pois logo chegou um rapaz e se sentou ao meu lado.
O rapaz parecia ter minha idade, 21 anos, vestia um terno bem alinhado, tinha os cabelos loiros e uma boa aparência. Acho que era da família.
– Você é do tipo que fica olhando as estrelas?
– Não! Só estou fugindo da sua família maluca. – ele riu. – Você também é um Bitencourt?
– Sim. E você é a mulher do Fernando.
– Pois é, parece que todo mundo aqui já me conhece. Porque sua família é assim? Eles parecem que se odeiam.
– Mais ou menos isso. Mas tudo tem a ver com dinheiro. Quer ouvir a história?
Acenei em positivo e ele continuou:
– Meu avô criou a nossa empresa e nós somos do ramo de petróleo. Com o tempo, ele acabou se endividando e vendeu parte da empresa, porém ficou com 60% das ações, continuando no comando como maior acionista. Ele teve dois filhos e compartilhou as ações com eles. Um deles era o meu pai e o outro a mãe de Fernando.
– A mãe de Fernando, era muito inteligente e estrategista. Ela conseguiu fazer bons negócios, ganhar uma grana alta com isso e depois comprou algumas ações da empresa das pessoas as quais meu avô vendeu. Isso é muito difícil de conseguir, pois somos uma empresa lucrativa, ninguém seria bobo de vender nossas ações. Mas dizem que a mãe dele era uma mulher incrível nos negócios. Ela foi muito estrategista, pois com as ações que comprou, se tornou a maior acionista com 35% das ações.
– Acontece que depois de dar a luz ao Fernando, ela adoeceu e faleceu. Acho que ele nem chegou a conhecer a mãe. E acabou herdando essas ações. O pai dele sempre o criou para assumir a Bittencourt S.A. e dizem que é por isso que ele é tão fechado e estranho. O pai dele era rígido e exigia muito dele.
– Com dezoito anos, mesmo novo, Fernando exigiu a liderança da empresa por ser o maior acionista. Tomando assim o lugar do meu pai, ao qual meu avô tinha colocado lá por sua vontade. E foi aí que começaram as brigas. Meu pai e meu avô achavam que Fernando era muito novo e ele nem tinha entrado da faculdade ainda. Porém Fernando se achava mais do que preparado e não cedeu as pressões deles.
– Acontece que Fernando puxou a mãe e mesmo não tendo se formado ele fez muitas mudanças na administração da empresa que tiveram resultados importantes. Com o tempo ele se formou em economia, mas eu acho que foi só para não dizerem que ele não tinha uma formação.
– Meu avô acabou se conformando porque ele estava fazendo um bom trabalho. Daí veio a ideia do casamento. Ele era um velho amigo do pai da Nathalia e eles tem uma empresa de logística. Sabe, logística nesse ramo é tudo. Meu avô cresceu o olho. Achava que Fernando por ter talento para os negócios iria se infiltrar na família da Nathalia e acabar assumindo a empresa e trazendo ela para o lado da Bittencourt S.A.
– Fernando odiou essa ideia. Mas meu avô fez tanta pressão, que mesmo a contragosto ele aceitou. E foi aí que aconteceu a confusão toda no seu casamento.
– Sabe, eu não te conhecia. No dia do casamento estava viajando com meus pais. E agora estava aqui fumando e te vi passando. Percebi que era diferente e imaginei que era a famosa farsante, como diz meu avô.
– Você também é primo do Fernando? E você fuma?!
– Sim e sim. – disse sorrindo gentilmente – Sente só! – terminou me mostrando o pescoço para que eu cheirasse.
Fui no pescoço dele e cheirei.
– Mas não tem cheiro nenhum!
– Trouxe esse cigarro da Europa. Ele não dá cheiro nenhum, não é incrível! – disse sorrindo.
– Sim! Isso é muito incrível! – falei surpresa.
– Será que eu não posso te deixar sozinha por um instante que você já está por aí seduzindo os meus primos? – disse Fernando aparecendo do nada e me dando um baita susto.
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Pessoal, eu escrevi essa história com tanto carinho!
Por favor, me ajudem curtindo e comentando o capítulo!
Se tiver como deixar um voto ou um presente, ficarei muito grata!
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Jucileide Gonçalves
Eu acho que ela deveria aproveitar essa oportunidade torta, mas é uma oportunidade e fazer uma faculdade.
2024-10-15
2
Fatima Gonçalves
também acho fazer uma faculdade ter uma formação
2025-03-19
0
Mili ♥️
cala boca pau mole.
2025-02-12
0