Descobertas

Já haviam se passado pelo menos uma semana desde que David havia acordado. Ele sentiu algumas dores de cabeça, mas nada preocupante. A força e o poder que ele sentiu antes não voltaram.

Ele tinha feito amizade com Henrique e algumas outras pessoas na casa. Quanto aos vampiros, ele os cumprimentava e, às vezes, trocava algumas palavras, mas nada muito próximo.

Naquela noite, David tinha dado um passeio pelo jardim e estava voltando para o seu quarto quando foi abordado por Santiago, que aproximou dele e o chamou.

— David.

David se virou e encarou o homem que se aproximava. Santiago vestia jeans e uma camiseta branca casual. Sua camiseta revelava sua clavícula bem delineada e seus músculos bem definidos. David engoliu em seco, pois tinha que admitir que Santiago era um homem muito bonito e atraente.

— Você pode vir ao meu escritório? — Santiago convidou.

Santiago fez um gesto com a mão, indicando o caminho do escritório, e David o acompanhou até a sala onde uma mulher o aguardava. Ela se levantou e sorriu para David assim que ele entrou.

— David, esta é Penélope, uma das pessoas em quem confio.

Penélope estendeu a mão com um sorriso, e David respondeu ao cumprimento apertando sua mão. Penélope reagiu de forma estranha ao segurar sua mão e olhou para David um pouco mais séria.

— David, Penélope é uma bruxa e uma grande geneticista. Gostaria de saber se você estaria disposto a permitir que ela analisasse seu sangue para tentarmos descobrir por que seu sangue é tão atrativo.

— Então, vocês querem analisar meu sangue? — perguntou David.

— Você não tem curiosidade de saber o que tem no seu sangue? — perguntou Penélope animada.

— Bom, um pouco de sangue a mais, um pouco a menos não faz diferença. Pelo menos vocês estão pedindo.

Penélope ficou animada com a resposta de David e pegou sua maleta para coletar o material para análise.

— Vou permitir que vocês tirem meu sangue, mas tenho uma condição.

— Claro, o que você desejar.

— Eu quero saber de todos os resultados. Não quero que vocês me escondam nada sobre o que descobrirem.

— Não se preocupe, nós queremos te ajudar a descobrir o que tem por trás disso tudo — afirmou Santiago.

David ainda não conseguia confiar totalmente em Santiago, mas permitiu que seu sangue fosse tirado. Penélope garantiu que, no máximo, até a noite do dia seguinte já teria uma resposta. David agradeceu e voltou ao seu quarto, jogando-se na cama e ficando pensativo.

Ele queria saber mais sobre si mesmo, mas, ao mesmo tempo, tinha medo do que poderia descobrir. Lembrou do que tinha visto no espelho naquele dia, e seu coração se apertou.

David decidiu respirar um pouco de ar puro e foi até a sacada, onde se sentou no guarda-corpo. Olhou para o céu e apreciou as estrelas, algo que antes não tinha o prazer de fazer. Mesmo sem confiar totalmente em Santiago, sentia-se agradecido por aquela nova vida. Uma brisa suave soprou em seu rosto e trouxe consigo um cheiro diferente.

O cheiro vinha da mata, o que deixou David ainda mais curioso. Seria alguma flor exótica ou alguma fruta? Não se sabia ao certo, mas o cheiro estava mexendo com os sentidos de David. Um calor começou a invadir seu corpo. Ele olhou em volta e não viu ninguém por perto. Puxou a barra da camiseta e a tirou em apenas alguns segundos. David estava vestindo uma calça de moletom baixa, que revelava o cós da sua cueca, junto com um abdômen bem definido.

O corpo de David estava mais magro, mas, ainda assim, continuava atraente e desejável para quem o olhasse. David fechou os olhos e respirou fundo, inalando aquele cheiro novamente. Teve uma sensação estranha de que alguém o observava. Olhou na direção da mata e era como se estivesse olhando diretamente para a pessoa que o olhava.

David decidiu entrar, pois se alguém estivesse ali, ele não queria ser observado. Ele entrou e trancou as portas, olhou mais uma vez na direção da mata e foi tomar banho. A água fria caía em seu corpo, e David ficou por alguns segundos assim, tentando diminuir a temperatura de seu corpo. Não conseguia entender por que aquele cheiro o afetou tanto e o deixou excitado, situação que não acontecia com frequência devido à sua situação anterior.

Aquele cheiro despertou sensações que ele não tinha sentido antes, e por algum motivo, lembrou do sonho com aquele homem tocando seu ombro. Desejou que ele estivesse ali. Pela primeira vez, David desejou ser tocado por alguém, porque antes sentia nojo de todos aqueles que tocavam seu corpo sem sua permissão.

David estava se sentindo cada vez mais excitado, e sua respiração já estava ficando acelerada. Ele começou a passar a mão por seu pescoço, deslizando por seu ombro, imaginando aquelas mãos o acariciando e descendo as mãos pela sua barriga. Estava hesitando em descer mais, nunca havia se tocado antes, mas, mesmo assim, tocou sua ereção, que estava todo úmido, e a sensação era muito prazerosa. Começou a fazer movimentos com a mão, permitindo-se sentir aquilo.

Sentiu um calor subir por seu corpo e, com ele, uma dor em seu abdômen. David parou o que estava fazendo e segurou o local da dor. Ele saiu do box, enrolou-se em uma toalha, encostou-se na pia e, quando se olhou no espelho, viu que a cor de seus olhos estava em um tom de dourado.

David deu dois passos para trás, ainda segurando seu abdômen, e saiu do banheiro com a intenção de pedir ajuda. No entanto, parou em frente à porta e pensou que talvez fosse melhor não deixar que soubessem dessa descoberta. Ele sentou-se na cama e tentou se acalmar primeiro, começando a respirar devagar para diminuir seus batimentos.

À medida que foi se acalmando, percebeu que a dor estava diminuindo. David fechou os olhos e se concentrou, começando a ouvir algumas vozes que aumentavam de volume. Ele percebeu que eram as vozes de Penélope e Santiago, mas não estavam no andar de baixo? Como poderia ouvir a conversa?

David continuou de olhos fechados, se concentrando, e pôde ouvir claramente o que falavam.

— Então, você tem certeza de que ele é do clã da Lua Crescente? — perguntou Penélope.

— Sim, você também viu a marca em seu ombro. Depois que o resultado sair, poderemos ter certeza.

— E se for confirmado, você vai comunicar aos lobos?

— Não sei ainda. Tem muita coisa nessa história que ainda é um mistério. E se os lobos estiverem envolvidos, não podemos saber o que podem fazer com David.

— Certo, vou para o laboratório agora e vou fazer as pesquisas necessárias. Assim que sair o resultado, virei imediatamente.

David abriu os olhos e pensou consigo: “Lobo? Mas como? Eu não era um bruxo? Como pode ser isso agora?”

Ele foi novamente até o espelho. Seus olhos já tinham voltado ao castanho claro, e a dor já tinha desaparecido. Virou-se e olhou a marca em seu ombro, suspirando ao tocá-la.

— O que eu realmente sou?

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