Capítulo 15-Carlos

Não foi fácil ir para a escola na quarta-feira,em minha cabeça eu ficava me perguntando o que faria se eu visse Nanda e qual seria a reação dela.

Parece que o destino se encarregou disso acontecer mais rápido do que eu imaginava,esbarrei em uma garota e joguei todos os livros que ela carregava na mão. Olhei para o rosto da garota e entre dezenas e centenas de garotas existentes naquela escola eu tinha me esbarrado justamente com a que eu queria evitar,Nanda. Ela ainda não tinha percebido a minha presença e eu tentava ajudá-la a recolher as coisas.

Quando avistei um pequeno caderninho e ia entrega-la,ela me xingou de cego. Fiquei revoltado com ela e a xinguei de volta. Ela me retrucou dizendo que eu além de ser cego era ignorante. Quer dizer que ela me ofende e eu tinha que ficar calado? 

Eu acabei ficando com o caderninho,eu até pensei em ir lá entregá-la,mas era melhor deixar a raiva dela passar.

Fui para minha sala que ficava de frente para a sala dela e fiquei observando o movimento,ela parece que saiu da sala chorando. E pior com todos os pertences,pelo jeito ela ainda estava com muito ódio de mim.

Não pensei duas vezes e saí a seguindo. 

Quando ela passou pelo portão um cara esquisito a chamou,eles conversaram um pouco e logo saíram. Eu até pensei em voltar e assistir aula normalmente mas a minha curiosidade foi mais forte e eu continuei seguindo a Nanda.

Os dois foram para o parque e se sentaram na grama,eu escondi atrás de um arbusto que era possível ouvir a conversa deles. Sei que é errado fazer isso mas não resistir.

Ela simplesmente desceu a ripa em mim sem pronunciar meu nome,o cara e ela pareciam tão íntimo que parecia velhos amigos. Ela chorou e o tal cara,sendo o garanhão que é a consolou como quem não quer nada.

Ela chorou um bom tempo e quando se afastou ele a puxou para um beijo. Eu até comecei a levantar para ir lá socar a cara dele e a tirar de lá nem se fosse pelos cabelos,quando vi uma garota passando ali por perto.

Fui até ela e disse:

"Bom dia gatinha! Preciso da sua ajuda. A única coisa que você vai fazer é gemer,gritar e dar risada."

"Eu não vou…" Nem esperei ela acabar de falar e a levei até onde eu estava espiando o casal e falei baixinho em seu ouvido tirando uma boa quantia do bolso e entregando em sua mão:

"Agora é melhor você colaborar."

Ela começou a gemer e a dar risadas altas e eu fiquei olhando os dois de onde eu estava.

Eles olharam desconfiados e começaram a recolher as coisas para saírem dali.

"Hora da parte B do plano."

Puxei a garota que eu nem sabia o nome e fiz de conta que caímos na frente deles. Ajudei a garota a se levantar e saímos andando de mãos dadas.

Fomos até uma barraquinha que estava vendendo hot dog e comprei dois hot dogs enquanto isso vi a Nanda e seu novo peguete saindo do parque e eu larguei a garota ali e saí sem ao menos saber o nome. 

Eles foram para a casa dela,depois dele anotar algo no celular dela,os dois trocam beijinhos no rosto e ele sai a deixando sozinha.

Ela entra em casa e eu vou atrás dela.

Toco a campainha e ela logo atende. Encosto ela na parede e a beijo como se minha vida dependesse disso. Apalpo seu corpo e fico bem excitado só de sentir o calor de sua pele.

Assim que nos falta ar e nós afastamos,ela surta me empurra e fecha a porta na minha cara.

"Nanda não faz isso comigo,gatinha! Assim meu coraçãozinho não aguenta." Falo alto para que talvez ela tenha pena de mim só que o que recebo não é o esperado.

"É mesmo meu amor? Não me diga! Deixa de ser falso garoto,você tem até namorada e vem aqui me iludir! Sai fora e me larga em paz."

É realmente consegui meu objetivo porém não pensei que seria tão triste. A única garota interessante que se passou pela minha vida me odeia de corpo e alma.

Fui para minha casa e no horário do intervalo liguei para minha irmã.

"Alô."

"Carolzinha princesinha do meu coração."

"Deixa de enrolação e fala logo o que você quer."

"Tá bom sua grossa. Eu tive uma emergência e saí do Colégio sem minha mochila,será que você podia trazê-la pra mim?"

"Parece que todo mundo hoje resolveu ter uma emergência. Primeiro a Nan… Carlos o que você e a Nanda estão aprontando?"

"Desculpa maninha,não posso falar mais. Te vejo em casa e não se esqueça da minha mochila."

"Carlos não ousa desligar! Você vai me explicar tudo…" Não ouço o restante. Desligo o telefone e vou assistir um filme na Tv da sala. 

Enquanto vejo a cena de um casal se beijando na TV prometo a mim mesmo uma coisa "custe o que custar e não importa o tempo a Nanda vai ser minha". Sei que parece uma obsessão mas no coração a gente não pode mandar.

As horas se passam e dá a hora do término das aulas e minha irmã não dá o ar da graça.

Ligo pra ela e apenas sou ignorado. Mando mensagem,ela visualiza e não responde. Algo de errado está acontecendo e eu tenho que descobrir.

Três horas depois,a Carolzinha chega em casa com o maior sorriso no rosto,joga a mochila em cima de mim e sobe para seu quarto. Eu até tento falar com ela,mais uma vez ela me ignora.

Entro no meu quarto e fico fazendo um trabalho de Biologia,mesmo eu sendo bem desligado nos estudos,não pretendo repetir de ano.

Perco totalmente minha atenção quando ouço minha irmã falando,não gritando,o nome de Nanda. Vou para trás da porta do quarto dela e fico ouvindo:

"Quê? Ele te beijou? Que tudo!"

"Eu percebi que isso logo ia acontecer pela troca de olhares ontem na Escola. Você não perde o bote em miga?"

"Tá bom. Mais tarde passo aí. Quero saber tudo nos mínimos detalhes. Agora tenho que retirar o ser não identificável da porta do meu quarto. Tchau miga."

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