Capítulo 14-Nanda

No dia posterior ao dia em que Carlos me fez aquelas afirmações horríveis,eu fui para a escola como de costume.

Até senti vontade de ficar em casa,mas meus pais jamais me permitiriam faltar "sem motivos". Claro que eu tinha muitos,mas jamais teria coragem de contar a eles.

Saio de casa triste da vida. Chego na escola e encontro minhas amigas e a gente começa a conversar. Aos poucos a tristeza que se encontrava em meu peito vai diminuindo e a dor vai cessando pouco a pouco.

No intervalo vejo um lindo garoto pela escola,provavelmente é algum aluno novo.

Em momento nenhum trocamos nada mais que olhares. Não sei o que ele tem de especial,mas não demorou mais que alguns segundos para ele capturar toda minha atenção.

Voltei para minha sala e não o avistei novamente naquele dia.

Cheguei em casa e encontrei meu irmão jogando video game. Eu o cumprimentei e subi para meu quarto.

Deitei em minha cama e comecei a pensar em minha vida,parecia tudo tão perfeito ao lado de Carlos,o que eu mais desejava era chamar sua atenção mas pelo visto não passei de mais uma conquista. Ele massacrou meu coraçãozinho sem o menor receio,suas palavras foram tão duras que cortaram pior do que uma faca bem afiada. Nesse momento sinto meu coração sangrar e parece que pra mim tudo acabou. Já não vejo a luz no fim do túnel.

Passei aquele resto de dia no quarto,saindo apenas para comer.

Até recebi mensagens das minhas amigas me chamando para ir ao shopping,mas eu só visualizei pela barra de notificações e ignorei.

A noite assistir uns episódios da minha série favorita e uns vídeos no YouTube. No fim da noite eu continuava arrasada.

No próximo dia levantei sem o menor ânimo para ir à aula.

Me arrumei,fiz uma maquiagem básica e fui para a escola.

Quando cheguei no portão ouvi o primeiro sinal, que era o alerta que daqui a cinco minutos todos teriam que estar em suas devidas classes. Porém eu pensei que fosse o segundo e corri apressada.

No caminho tentava desviar de diversas pessoas que iam e vinham,foi quando esbarrei em um indivíduo. Senti muita raiva e recolhi meus livros levantando rapidamente. Olhei para o rosto da pessoa em questão e era ninguém mais ninguém menos do que Carlos eu logo falei:

"Você não olha pra onde anda não garoto? Parece que não enxerga."

"É você que não enxerga sua idiota."

"Além de cego e tão doce como um cavalo,nem pra pedir desculpas."

Acabei de dizer e sai sem olhar para trás. Sentia as lágrimas descendo pelo meu rosto e mesmo tentando impedir era inútil.

Entrei na sala de cabeça baixa,fui até minhas amigas e disse:

"Oi meninas será que vocês podem me passar a matéria depois?"

"Claro. Mas está tudo bem com você?" Bárbara me questionou.

"Sim. Só estou com um pouco de cólica. Vou até a farmácia e talvez volto no segundo horário para assistir o resto da aula."

"Tá bom amiga. Se você não voltar eu passo na sua casa mais tarde." Carol me disse com cara de solidária.

Quando estou saindo do colégio ouço alguém chamar:

"Loirinha! Loirinha!"

Eu simplesmente ignoro e continuo andando,não estou com cabeça pra ver e nem falar com ninguém.

Até que sinto alguém me puxar pelo braço e involuntariamente fui obrigada a parar e olhar quem era a pessoa que ousou me parar.

Vejo o mesmo garoto do dia anterior que tanto chamou minha atenção e sem muita cerimônia ele logo pergunta:

"Está tudo bem com você garota bonita?"

" Está. Só estou com um pouco de mal-estar."

"Se você quiser posso te acompanhar até em casa."

"Não precisa. Você deveria voltar e assistir o resto das aulas."

"Não estou no horário de aula. Posso ir com você até em casa ou até onde você quiser."

"Desculpe,mas eu prefiro ir sozinha mesmo. Não é aconselhável andar com desconhecidos por aí."

"Que cabeça a minha eu nem me apresentei,meu nome é Rafael mas  todos me chamam de Rafa. Você é a Ananda né?"

(foto de Rafa)

"Sim. Como você sabe?"

"Digamos que meu irmão me disse."

"E quem é seu irmão? Eu conheço?"

"É o Ricardo,professor de Língua Portuguesa e é bem provável que você o conheça."

"Conheço sim. Ele é meu professor."

"Agora que você já me conhece eu posso lhe acompanhar? E você pode me contar o que esconde nesses olhinhos tão tristes."

"Tá bom,você pode me acompanhar mas eu não prometo dizer nada."

Fui andando em direção ao parque que sempre ia quando era menor. Esse horário geralmente é mais tranquilo,só há bebês acompanhados de suas mães ou babás.

Rafa vai me contando sobre sua vida e me diz que está no primeiro ano de faculdade.

Me contou que está estudando Engenharia Civil.

Chegamos no parque e eu logo me sento no gramado e ponho minha mochila ao meu lado.

Rafa se senta à minha frente e logo continuamos nossa conversa.

Papo vai,papo vem e ele toca no assunto delicado que tem me pertubado esses dias,o porque da minha tristeza. Fico com receio de dizer mas ele logo me convence dizendo:

"Desabafa gatinha,vai te fazer bem. Talvez eu possa lhe ajudar. E prometo que jamais contarei a ninguém o que você me disser."

"Você promete?"

"Prometo."

Eu logo o conto tudo sem mencionar o nome de Carlos. Ele me ouve com muita atenção. Quando termino novamente meus olhos já estão embaçados de lágrimas e mais uma vez tento segurar,mas de novo sem sucesso.

"Eu sei que você está triste,mas quem saiu perdendo foi ele. Era pra ser crime machucar um anjo como você."

Ele me abraça e eu choro em seu ombro.

Depois de uns vinte minutos eu me separo de seu abraço e percebo seus olhos fechando e ele aproximando sua boca da minha. Meu coração disparou e eu apesar de não estar esperando queria muito um beijo daqueles lábios.

Também fechei meus olhos e depois de alguns milésimos de segundo seus lábios tocam os meus como uma brasa. Já não me sentia mais naquele parque e sim saboreando uma doce fruta direto do Paraíso.

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