19

*Devon Mantovani*

Eu estava agindo como um maldito adolescente na pior onda de hormônios, mas essa garota simplesmente mexe comigo. Não falo de questão sentimental, longe de mim. Não fui criado pra essas coisas. Falo de questão carnal mesmo, química entre nós dois. Ela possui um fogo que eu sinto que sou digno de apagar.

Aguardei pacientemente o show da Diaba. Eu queria vê-la e assumo pra quem perguntar. Também quero falar com Mia. Ela está passando dos limites. Avistei Mia sentada junto de Augusto e me sentei junto com eles.

-Quero falar com você à sós depois.-Sussurro só pra ela escutar.

Ela assente e sorri. Não gosto desse encantamento todo de Mia por mim. Não parece real. Procuro a Diaba com os olhos, mas o show ainda não começou. Eu não estou gostando nada dessa sensação de dependência. Mas também não vou parar pra ter crise de consciência agora.

O show começou e eu só queria arrancar aquela lingerie do corpo dela e levá-la para um canto qualquer. E foi exatamente isso que eu fiz assim que o show acabou. Ela me faz agir que nem maluco. O nosso beijo entrega todo desejo acumulado no corpo de ambas as partes. Mas ela ainda resiste. Prometi não forçar, até porque isso é super errado. Ela me questionou o fato de que eu posso ter qualquer mulher para me satisfazer, mas não quero qualquer mulher. Droga! Isso parece muito apaixonado...

Deixei com que ela seguisse seu trabalho e tornei para a mesa. Bebemos e conversamos um pouco, mas nada muito animador. Augusto já estava meio bêbado e Mia não parava de sorrir e me encarar. Vi de longe que a Diaba estava conversando animadamente numa mesa com alguns homens. Já estava tarde e eu tinha que ir pra casa. Me despedi de Augusto e pedi que Mia me seguisse. Parei de andar quando já estava perto do meu carro.

-Eu vim de carro. Você quer que eu siga ou vá com você?

-Você não vai para canto comigo, Mirella!-Insisto em ser arrogante e ela se assusta.-O que eu preciso fazer pra você entender que não sou sua propriedade nem nada seu?

Ela pisca os olhos ameaçando chorar, mas eu mantenho minha expressão de descontentamento e irritação. Ela suspira e relaxa os ombros.

-Eu amo você, Devon. Faço qualquer coisa pra ter sua atenção. Entenda...

-Mia, eu curti você por bastante tempo.-Diminuo meu tom porque assumo ser sensível à mulheres chorando.-Acho você incrível, só que você extrapolando os limites.

-Aquela vaca foi fazer queixas a você?-Ela faz uma cara de deboche que me irrita.

-Vaca, Mia? Sério? Você já foi mais séria e centrada.-Deixo meu tom ameno de lado.-Você deixou uma marca horrível no braço da garota, car@lho! Entenda de uma vez que nosso relacionamento sempre foi profissional. Se eu transe¡ com você foi porque ambos estavam a fim naquele momento. Nunca te prometi relação, Mirella!Para de ser louca, eu não quero ter que tomar medidas drásticas. Você é útil pra máfia.

-Que bom que você lembra que sou útil nessa porcaria, Devon. Devia falar comigo com mais respeito.-Ela praticamente enfia a unha no meu peito.-Seu pai não vai gostar nada de saber que você anda me desrespeitando.

-Vai apelar metendo meu pai nisso?-Sorrio em zombaria.-Seja menos, Mia. Só quero que você pare com essa mania de perseguir quem eu me aproximo. Pare de ser minha fiscal! Eu não sou nada mais do que seu chefe. Estamos conversados?

Ela engole seco e assente indo embora logo depois. O pior que algo dentro de mim martela dizendo que não estamos conversados porr@ nenhuma. Sigo para minha casa, como sempre, solitário.

A manhã chegou depressa. Acordo com o celular tocando insistentemente. Era meu pai.

-Oi, pai.

-Já estou em casa, Devon.-Como sempre ele soa impessoal comigo.-Todos os convites foram entregues?

-Sim.

-Ótimo! Depois do almoço estou indo diretamente para a sede. Pode me encontrar lá?

Assinto e logo depois ele desliga. Mesmo depois de tanto tempo eu não me acostumei com a impessoalidade repentina do meu pai. Tenho lembrança de um momento em especial que ele falhou feio comigo...

Flashback on:

*Eu sou muito grato ao meu pai por tudo que ele tem feito a mim. Ele quis um qualquer que estava na rua, vestiu, alimentou e o chamou de filho. Tem cara mais sortudo que eu?

Hoje ele me prometeu que me levaria pela primeira vez ao parque de diversões. Não sou sortudo?

-Devon! Devon!-Ele abre as portas e está cambaleando.-Vem cá!

Corro até ele e o mesmo cheira a álcool. Ele se apoia em mim e eu o carrego até a sua querida poltrona cor de madeira. É domingo, não tem ninguém em casa para ajudar ele. Eu mesmo faço um café forte e lhe sirvo.

-Pai, ainda vamos no parque?

Questiono assim que entrego sua xícara. Eu já tenho 15 anos, mesmo assim sempre quis conhecer um parque. Ele me prometeu levar quando fiz idade nova e desde então vivo cobrando. Esperei ele o dia todo e já são 17h. Eu tinha fé que mesmo que não fôssemos ao parque, sairíamos para algum lugar.

-Você é mesmo um mendigo de b0sta hein?-Grita em plenos pulmões me assustando.-Não está vendo que não tenho condições de ir a lugar nenhum? Você merece uns tapas.

Dei dois passos para trás e isso estranhamente o afetou. Ele suspirou, bebeu o café e me estendeu a xícara.

-Outro dia eu te levo, Devon. Hoje eu só preciso ficar sozinho. Entenda e não faça birra. Você precisa virar um homem forte. Não se abale quando as coisas derem errado agora.

Pego a xícara, assinto e ele vai pro quarto. Me tranquei na dispensa da cozinha e chorei. Eu preciso colocar pra fora tudo que ando reprimindo. Ainda não consegui ganhar todo amor do meu pai e isso me fere. Eu só quero que ele me ame e me leve pra passear. Na verdade... Eu só quero que ele nunca me abandone*.

Flashback off.

 

 

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