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*Diara Lambert*

Finalmente sábado. Eu passei a semana contando os minutos para que esse dia chegasse. Jack está me esperando no quintal enquanto capricho no look. Não tem chance de ir pro bar parecendo uma aprendiz de freira. Minha mãe só compra roupas coloridas e estranhamente juvenis; o Jack me dá dinheiro pra comprar as que eu realmente gosto. Eu uso as que ela compra em consideração.

(modelo da roupa)

Pego minha bolsa, passo perfume e saio com meu capacete nas mãos. Jack tem uma moto irada que o mesmo não me deixa pilotar. Enquanto me aproximo vejo Jack sorrir de lado e baixar a cabeça.

-O que foi, retardado?-Coloco o capacete, subo na moto e o agarro.

-Eu só tava admirando você, sua burra. Pelo menos uma vez na vida você se arrumou.-Ouço seu deboche e estapeio suas costas.-Segura bem aí, garotinha.

Jack comprou essa moto faz uns dois anos e me ensinou a pilotá-la. A sensação é incrível e indescritível. Aperto mais sua cintura e e aprecio a brisa forte. Eu estou ansiosa, mas também tenho medo. Medo de não conseguir nenhuma informação e voltar a estaca zero. Essa minha vida parece mais um livro muito louco... Eu hein!

Bons minutos depois ele estaciona a moto na frente de um bar estranho e eu desço arrancando o capacete e ajeitando meus cabelos.

-Esse lugar não me parece tão... Acolhedor.-Jack retira a chave da ignição e sai de cima da moto também.-Confesso que estou receoso.

-Deixa de ser fracote, Jack. Por favor, não estrague nosso disfarce. Se divirta para se enturmar.-Dou dois tapinhas no seu ombro.-Vamos lá, bebezão.

O bar é em estilo country bem raiz, até bonitinho. Lembra muito os bares dos faroestes que vemos nos filmes e séries. Ao entrar no local, me deparei com algo jamais imaginado. Vários coroas reunidos bebendo whisky e jogando sinuca. Reviro meus olhos ao ouvir Jack sorrir.

-Vê se essa produção toda serve pra arrumar um sugar daddy...-Ele me deixa com cara de pato e sai em direção ao bar.

Juro, pensei que teria vários homens novos, com armas grandonas e mulheres do lado. Mas ok, talvez seja mais fácil assim. Dou uma geral no bar procurando o homem com a tatuagem de cobra quando alguém aparece na minha frente.

-Faz tempo que não vejo uma mulher por aqui...-Ela diz me encarando.-Prazer, Morgana.

-Jaqueline.-Minto meu nome apertando sua mão.-Quem é o dono daqui?

-Ah, o Juan Carlos, meu chefe.-Ela revira os olhos.-Ele está te devendo? Porque aquele velho é um muquirana, mal me paga o salário inteiro.

-É, ele me deve algo.-Falo ainda o procurando por um sinal desse homem.-Poderia me dizer onde posso encontrá-lo?

-Ele chega por volta das 17h, Jaque.-Ela pega na minha mão e sai me puxando.-Bebe comigo enquanto espera por ele.

Ela nos serve de cerveja e amendoim. Morgana é apenas uma mulher de 26 anos, sem família, solitária e com uma extrema necessidade de falar. Preciso usar isso ao meu favor.

-Seu chefe é do tipo ruim?-Dou um gole na cerveja após perguntar.

-Na verdade, não.-Ela parece refletir.-Quando eu pedi emprego a mais ou menos 5 anos atrás, ele quis ouvir porque eu o queria. E me deu quando viu que eu não tinha ninguém por mim. Ele é legal.-Ela ri.-Eu gosto dele sabe? Só não curto essa ligação que ele ainda tem com aquele homem esquisito.

-Que homem?

-Um mafioso elegante que vem de três em três meses aqui. Sei que tem algo esquisito entre eles. O passado do Juan é negro, eu sempre desconfiei, mas ele não fica nada feliz quando esse homem vem aqui.-Ela bebe mais.-Eu mesmo já ouvi Juan dizendo que ele não precisa mais vir aqui, mas o cara lá disse que fazia questão pois a cara do Juan o fazia lembrar de um ato feliz. Algo assim. Você é daqui?

Então esse Juan ainda tem contato com o mandante do crime que matou meus pais. Que ódio! Como ele pode dizer que o que fez foi um ato feliz? Quem é esse cara?

-Ei, Jaqueline?-Morgana me chama.-Falei algo demais?

-Não, não.-Sorrio tentando amenizar a situação.-Acho que vou ao banheiro.

-Pode ir. Tá limpinho, eu lavei.

Observei Jack bebendo e conversando com o barmam animadamente. Homens tem uma facilidade pra se enturmar né?

Não posso dizer que encontrei alguma resistência com a Morgana, mas com mulher é bem mais difícil manter diálogo. Não sei por que mulher acaba olhando a outra como inimiga.

Encaro meu reflexo no espelho e minhas bochechas estão levemente avermelhadas. Beber sempre deu essa reação em mim. Lavo o rosto e respiro fundo. Logo esse cretino chega, mas não tenho ideia do que fazer. Volto pro bar e encontro Jack bebendo com Morgana. Ela acena pra mim e eu me aproximo.

-Seu amigo é muito divertido.-Ela gesticula e sorri.-Precisamos marcar de beber ou sair em um outro dia. O que acha?

Nesse momento alguém passa pela porta e todos nós nos viramos para olhar. E lá estava ele, com uma cobra tatuada em um lado do rosto. Morgana se levanta e vai até ele. Acabo seguindo instintivamente.

-Chefinho!-Ele lança pra ela um olhar... amoroso?

-O que aconteceu, Morgana?-Ele então me percebe.-Quem é você?

-Podemos conversar, Juan Carlos?-Semicerro os olhos.-É importante.

Ele parece pensar, mas por fim aceita rapidamente. Ele pede para que eu o siga, mas proíbe que meu "amigo" venha também. Foi difícil, mas convenci Jack a ficar tranquilo. Morgana ficou fazendo companhia a ele.

-Bom, não vou oferecer uma bebida porque não faço isso com estranhos.-Ele senta em uma poltrona e cruza as pernas.-O que você quer, garota?

-Saber quem te mandou matar aquele casal há 13 anos atrás.-Ele levanta e eu já começo a me imaginar decapitada.-Eu descobri que foi você que falou com o motorista daquele ônibus que atrapalhou a passagem do carro incendiado. E sei que você recebe visita de um mafioso elegante um tanto suspeito. Eu só quero saber quem fez isso, Juan.

-Mas... Como você sabe de tudo isso, garota?

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Comments

Ana Cristina

Ana Cristina

Ela é louca?

2023-02-19

1

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