Deixe A Chuva Cair
*Diara Lambert*
Cansei dessa vidinha que não é minha. Cansei de fingir que não sofro por não ter respostas. Tudo que eu tenho são recortes de jornais e poucas, arrisco dizer que quase nulas, lembranças de quem eu sou.
-Diara!-Minha mãe adotiva esmurra a porta.-Abre agora, mocinha!
Já sabendo da bronca que vou levar, levanto preguejando os céus e abro a porta. Julieta Johnson é uma mulher de 48 anos, olhos castanhos, cabelos loiros e um coração lindo. Tão lindo ao ponto de já ter um filho e aceitar criar uma criança órfã, mesmo sem ter um emprego ou fonte de renda fixa. Ela vendeu bolos por um bom tempo para sustentar a mim e ao meu irmão Jack. O Paul, marido dela e meu pai por apenas 2 anos, morreu em uma operação policial que ele participou. Hoje Jack trabalha e ajuda nas despesas, o que faz com que ela não precise mais vender bolos.
-Que história é essa, Diara Johnson?-Ela joga o jornal de hoje na cama esperando que eu leia o mais rápido possível.
-Mãe, foi só uma pequena matéria que eu fiz. Eu preciso encontrar quem saiba mais sobre a minha história.-Devolvo o jornal para ela.-E eu já decidi. Vou atrás de respostas.
Ela desaba sentada na cama e eu fico preocupada. Ela está parada olhando para a matéria do jornal onde falo tudo que lembro sobre mim e coisas do acidente também. Sei que a magoou com essa minha insistência, mas não dá pra fingir que isso não é a minha história.
-O que você quer dizer com isso, Diara Johnson?
-Acho lindo quando você dá seu sobrenome a mim como se ele realmente fosse meu.-Sorrio mexendo no seu cabelo.-Você é realmente merecedora de tudo de bom no mundo. Talvez eu nem viva estaria se você não tivesse me acolhido. Eu prometo voltar, mãe.
-Não adianta eu pedir pro seu irmão fazer você desistir né?-Ela sugere e eu nego.-Tem coisas que eu escondi de você, Diara. Acho que eu quis retardar o máximo possível essa sua vontade de ir atrás da sua história.
Engulo em seco não entendendo que história é essa. Julieta sempre me disse que estava dentro de um ônibus quando viu o acidente com o carro dos meus pais e eu fui arremessada para fora do carro. Ela me conta com muito amor que desceu do coletivo e foi desesperadamente até mim, que estava ensanguentada e chorando, e me abraçou forte. Eu só tinha 7 anos; ela narra que aquele abraço foi o santo remédio que me fez parar de chorar. Sei que nessa história tem muitas pontas soltas que eu nunca tive coragem de perguntar.
-Se tem algo que me esconde, mãe...-Suspiro.-Melhor me contar agora. Eu pretendo ir atrás de respostas do mesmo jeito.
-Eu vou te narrar tudo, filha. Tudo que você precisa saber que eu, por amor, quis esconder.
Eu tinha deixado Jack com a vizinha pois eu tinha uma entrega de bolos na cidade ao lado. Paul tinha me falado que uma máfia poderosa vinda da Itália estava se expandido na cidade e os policiais estavam cada vez mais empenhados para prender algum integrante. Seria um grande feito ter alguma informação sobre quem eram eles. Todos estavam no escuro.
Peguei o ônibus naquela manhã de sábado e segui para a cidade vizinha. Não sei o motivo ao certo, mas o ônibus parou bem na rodovia central e nos avisou que não podia prosseguir até segundas ordens. O bolo que estava no meu colo já derretia e eu estava com o coração apertado. Medo de tudo fazer parte de algum feito dessa máfia estranha. Do nada ouvimos barulho de pneus arrastando no asfalto e um estrondo horrível. Larguei o bolo e saltei do ônibus no exato momento em que eu vi você sendo jogada para muito longe do carro e logo depois o mesmo explodindo. O carro tinha batido na traseira do ônibus que eu tava, por isso desci dele apavorada. Eu corri até você e te abracei. Saí correndo com você dali pois meu coração ainda estava apertado.
Me escondi atrás de uma van e observei um carro preto parar perto do carro dos seus pais e olharem por longos minutos para o interior do veículo. Pareciam estar verificando se... Se estavam todos mortos. Depois dois deles se cumprimentaram com uma batida de mãos, comemorando a tragédia. Eu chorava, tremia agarrada a você que tinha se acalmado.
Eu olhei pra você, Diara, e prometi a mim mesma que não iria deixar ninguém te machucar. E assim eu fiz. Te levei pra minha casa e cuidei de você.
Eu estava chorando diante da tal confissão e minha mãe me acalentava. Eu não sabia de tantos detalhes assim. É difícil engolir que assassinaram meus pais, me tiraram algo tão importante assim.
-Pode continuar, mãe. Eu sei que tem mais coisas.
Paul, quando chegou em casa e ouviu tudo que contei, surtou. Ele não aceitava que eu tinha feito isso. Ele não era mal, só sabia que essa máfia tinha vindo a cidade por algum motivo e isso incluía matar todos naquele carro. Eu interferi nisso e poderia virar alvo também. Ele me falou quem era os dois indivíduos naquele carro e me disse que tinha uma maleta de material resistente dentro daquele carro que não queimou. A perícia levou para analisar e ele acreditava que ali tinha informação sobre muita coisa do crime. Paul conversou com seus superiores sobre você. Deixar que levassem você só a entregaria para a morte. Então ele resolveu juntamente com o programa de proteção esconder você. Você se tornaria nossa filha enquanto investigariam quem queria todos da sua família mortos.
Naquela maleta tinha dinheiro, todos os seus documentos e um tipo de pendrive.
Ela levanta e vai até o meu guarda roupa. Na parede do móvel tinha um fundo falso e é de lá que ela remove um pequeno objeto. Ela volta e o coloca nas minhas mãos.
-Não deixei que ninguém mexesse nisso. Eu sabia que aqui iria ter suas respostas.-Ela enxuga suas lágrimas.-Continuando...
A sua nova vida não foi documentada em lugar nenhum. Apenas nós, um juiz do programa de proteção e o superior do Paul sabiam onde você estava. Você seria Diara Johnson, mesmo que seus documentos oficiais estivessem com o Lambert como sobrenome. Você é filha de pais mafiosos, Diara. E eu acredito que quem queria você e seus pais mortos ainda está por aí.
Encaro o pendrive vermelho e preto tremendo mais do que tudo na vida. Dentro desse objeto pode ter tanta coisa sobre mim que nem sei se suportarei bem saber.
-Mãe, a senhora sabe que teria que ter me mostrado isso há muito tempo né?-Questiono sem sentir um pingo de raiva dela.-O Paul, ele não morreu por causa de mim não né?
-Ninguém sabe, filha. Ninguém diz nada.-Ela soluça.-Eu só quero cumprir a minha promessa. Você é minha filha e eu vou te proteger com todas as minhas forças. Eu juro a você, eu só estou te mostrando isso porque sei que é o certo, mas sinto que você vai querer cavar essa história e se colocará em perigo por causa disso.
-Se eu tenho sangue de mafioso e quiseram me matar por isso, nada mais justo do que descobrir o porquê e devolver na mesma moeda.-Giro o pendrive nas mãos.-Eu vou até o fim nessa história, mãe, e se eu morrer no percurso é porque tinha que ser assim.
Ela me abraça e beija minha testa enquanto meus olhos não saem do pendrive. Eu vou descobrir quem me queria morta e se eu sou filha de alguém importante com certeza eu possuo um legado a assumir. História da minha vida, lá vou eu!
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Atualizado até capítulo 61
Comments
* Lola *🤭
EU VICIEI NAS SUAS HISTÓRIAS JA É A 4 Q ESTOU LENDO.
2021-07-04
1
Geovanna Ferrari
vou começar a ler agr kk 😇
2020-12-01
4
🙃💟Fran 🙃💟
hohov. cx
2020-11-23
3