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*Diara Lambert*

Quando já estávamos quase na metade do jantar, Jack surge. Senta-se à mesa e come conosco. Seu silêncio me levou a crer que ele estava mexido ao extremo depois de nossa conversa. Lavei os pratos e minha mãe foi se deitar. Ela disse que não iria se despedir porque pra ela não havia necessidade. Quando minha mãe saiu, Jack se aproximou da pia.

-Diara, eu sei que talvez eu tenha escolhido um péssimo momento pra expor meus sentimentos.-Ele pega um pano e começa a enxugar os pratos que lavei.-Quero pedir desculpas.

-Tudo bem, Jack. Quando tudo isso terminar, talvez a gente volte a conversar sobre isso.-Sorrio.-Mas por hora vamos esquecer.

Ele larga o pano, puxa do bolso um bolinho de dinheiro e estende na minha direção. Eu apenas fico olhando a quantidade em sua mão.

-É pra você se virar lá por um tempo.-Ele pega minha mão e me faz segurar.-E imagino que você tenha outros gastos também. Sem dinheiro no bolso você não consegue nem pegar um ônibus, Diara. Não me faça essa cara e aceite de coração aberto.

Aperto o dinheiro na mão e abraço seu corpo forte em sinal de agradecimento. Novamente o Jack faz um papel de irmãozão e eu fico boba com isso. Será que todo mundo que tem irmão tem essa sorte?

-Obrigada, Jack.-Aliso seu rosto.-Agora deixa eu ir me arrumar se não me atraso.

-Vou estar aqui esperando você para irmos.

Assinto e vou para o quarto me arrumar. Pego uma calça de couro falso preta e uma regata branca e visto. Coloco um coturno da cor da calça e ponho minhas argolas gigantescas. Agora só um batonzinho vermelho pra acabar... Pronto! Passo perfume, pego minhas malas e desço. Jack chamou um táxi enquanto eu estava me ajeitando e ele já nos esperava. Colocamos as coisas no porta-malas e seguimos para o bar do Juan.

Lembro que não contei nada a Kate e já me preparo para o show que ela vai dar com direito a choro e berros.

"Falsa"

"Ingrata"

"Cobra"

Serei chamada disso a pior. Mas com tanta coisa acontecendo... Ela que me perdoe. Desembarcamos do táxi e seguimos para o escritório de Juan. Morgana apareceu logo atrás de nós.

-O bonitão logo chega. Pronta pra embarcar nessa loucura?

-Prontíssima!-Respondo tentando me convencer.

Ela nos deixa a sós e isso agora me soa tão estranho. Depois de saber tudo que agora sei é esquisito ficar sozinha com ele sem lembrar.

-Bom, qualquer coisa você liga pra mim.-Ele beija minha testa.-Não se meta em muita confusão, não seja teimosa ou respondona. Imagino que esses caras não tenham tanto respeito à insubordinação de mulheres. E não hesite em pedir ajuda quando for necessário. Você não tem superpoderes ok?

-Sim, senhor.-Bato continência e sorrio depois.-Cuida da mamãe. Ela vai ficar preocupada, então distraia ela. Você é bom nisso. Até logo, Jack.

-Até logo, pirralha.

Jack resolveu se misturar com os frequentantes do bar até eu ir embora. Vi de longe ele pedindo uma garrafa inteira de alguma bebida. Juan surge me assustando.

-Fica calma e baixa a guarda. Se você ficar alerta demais assim vai levantar suspeitas.-Ele senta na cadeira em minha frente.-Se comporte, ok? Eles gostam de mulheres mansinhas.

-Eu preciso ganhar a confiança desse Devon pra poder chegar no pai dele né?

-Na verdade, se você chegar em Devon já é muita coisa, garota. Ele não parece feliz com essa vida de máfia, então explore bem essa insatisfação dele. Daqui de fora eu vou tentar contato com os outros caras que participaram da morte dos seus pais. Com certeza estão fora da máfia, assim como eu, mas não será difícil assim de localizá-los.

Resolvo brechar novamente e lá estava ele, entrando no bar todo arrumado e com uma cara de bravinho. Meu Deus, que homem é esse? Morgana serve ele de alguma bebida e vem em direção do escritório.

-Chegou nossa hora, Baby.-Ela mexe no meu cabelo.-Estou me sentindo uma justiceira, sabe?

Juan vai até Morgana e sussurra algumas palavras para ela. Logo dão um selinho e quase que meu coração se derrete. Mas seria mais fácil as minhas pernas de tanta ansiedade.

Pego minhas coisas e Morgana pega as delas. Seguimos logo atrás de Juan. Ele cumprimenta Devon com um aperto de mão e um aceno de cabeça.

-Apareça aqui pra assinar o contrato de um ano.-Juan diz.-Acredito que elas renderão muito dinheiro nesse tempo. É o meu limite.

-Como queira.-Os olhos dele caem em mim.-Se não renderem o esperado para iniciantes em um mês eu as devolvo. Sem reembolso ou coisa assim.

Juan assente e ele sai sem falar nada. Morgana e eu o seguimos. Antes de sair do bar, mando um beijo para Jack. Ele assente. Um carro preto parecendo uma van está estacionada e isso me dá calafrios.

-Bom, garotinhas, vocês vão vendadas. Por precaução, apenas.

Devon chama uns dois homens para pegar nossas coisas e um deles entrega duas vendas a ele. Morgana é vendada e colocada dentro do carro primeiro. Ele me venda e praticamente roça o nariz no meu pescoço. Logo sou colocada no carro e seguimos viagem. Que loucura!

Se eu disser que não estou excitada estaria mentindo e feio. Depois dessa loucura toda eu procurarei um psiquiatra. Só por desencargo de consciência.

-Essas são as novatas, chefe?

-São.-Essa era a voz de Devon. Voz inesquecível, digamos assim.-Mas são só dançarinas. A não ser que elas queiram fazer mais do que isso.

Engulo seco imaginando a cena de ter que me prostituir. Eu definitivamente não quero fazer isso. A demora foi grande para chegar no local. Acredito que eles rodaram bastante para despistar. A venda é tirada dos meus olhos por mim mesma assim que um dos caras autoriza. Não vejo Devon entre os rostos que nos cercavam.

-Vou levar vocês pra onde vão ficar. Só é seguir o pai aqui.

Assentimos, eu particularmente fiz cara de nojo, e seguimos ele. Que Deus me proteja porque quero sair viva disso pra contar essa história aos meus netos.

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