Negação

Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, um dos médicos saiu do quarto.

— Como ela está? — Yuri perguntou imediatamente, a voz carregada de tensão.

O médico tirou a máscara e suspirou.

— Conseguimos estabilizá-la novamente, mas o corpo dela está muito debilitado. Ela precisa descansar e se recuperar, caso contrário, corre o risco de sofrer outra queda brusca de pressão, ou pior.

Yuri sentiu um peso enorme nos ombros.

— Ela está acordada?

— Ainda não, mas deve despertar em algumas horas.

Ele assentiu, aliviado, mas ainda preocupado. Quando o médico saiu, Yuri voltou a se sentar na cadeira ao lado da cama de Yuna.

Yuri: Você precisa parar com isso, Yuna… (ele murmurou, segurando a mão dela.) Você não precisa passar por tudo isso sozinha.

Ele sabia que, assim que ela acordasse, tentaria agir como se estivesse tudo bem, como sempre fazia. Mas dessa vez, ele não deixaria isso acontecer.

Dessa vez ele estava bem perto dela, e se ela quisesse fugir, teria que ser com ele, ele não a deixaria sozinha, ele sabia que quando ela acordasse e se sentisse um pouco melhor mergulharia de novo no trabalho, mas agora ele estaria lá com ela, e não permitiria que ela destruísse a sua própria vida tentando esconder o que sentia de tudo e de todos, ele daria o espaço que ela precisasse, mas estaria ali para ela.

O tempo passou devagar, e Yuri não saiu do lado dela nem por um segundo. A cada movimento sutil que ela fazia, ele prendia a respiração, esperando que ela acordasse.

Até que, finalmente, Yuna franziu levemente a testa, mexendo os dedos devagar.

Yuri: Yuna… (Yuri chamou, se inclinando para mais perto.)

Ela piscou algumas vezes, os olhos pesados, como se estivessem lutando para permanecer abertos.

Yuna: O que…? (Sua voz saiu fraca, e ela tentou se mover, mas o corpo não respondia direito.)

Yuri: Ei, calma… (Yuri disse suavemente, segurando sua mão com firmeza.) Você está no hospital.

Ela fechou os olhos por um instante, respirando fundo. Aos poucos, as lembranças foram voltando. O trabalho, o café, o cansaço extremo… e então, o apagão.

Yuna: Eu desmaiei…?

Yuri: Sim, e não foi só um desmaio qualquer, Yuna. Seu corpo está implorando para que você pare.

Ela virou o rosto, desviando o olhar.

Yuna: Eu estou bem.

Yuri soltou uma risada incrédula.

Yuri: Você quase teve uma parada, e ainda quer dizer que está bem?

Ela não respondeu, apenas olhou para o teto, como se quisesse fugir daquela conversa.

Yuri respirou fundo, tentando conter a frustração.

Yuri: Eu não vou deixar você continuar se destruindo assim, Yuna. Não importa o que esteja acontecendo, você não pode simplesmente fugir de todo mundo e se jogar no trabalho até cair.

Ela fechou os olhos novamente, sentindo uma onda de exaustão tomar conta dela. Ela queria dizer que estava tudo sob controle, que só precisava de mais alguns dias… mas, no fundo, sabia que ele estava certo.

Yuna: Você chamou alguém? (Sua voz saiu baixa.)

Yuri: Não. Mas não vou mentir, Mary, Bogum e Davi estão preocupados.

Yuna suspirou, sentindo o peito apertar ao ouvir o nome de Bogum.

Yuna: ótimo, não os chame. Eu só preciso descansar um pouco…

Yuri: tudo bem, por enquanto não farei isso, mas não pense que te deixarei aqui sozinha, vou ficar aqui.

Ela não tinha forças para discutir, então apenas fechou os olhos, se deixando levar pelo cansaço.

Yuri a observou por um momento antes de pegar o celular. Ele sabia que Yuna não queria contato com ninguém, mas não podia mais ficar calado.

Ele enviou uma única mensagem para Bogum:

“Ela acordou. Mas não está nada bem.”

Bogum estava no meio de uma reunião quando seu celular vibrou discretamente sobre a mesa. Ele não costumava olhar mensagens durante compromissos profissionais, mas algo dentro dele o fez pegar o aparelho de imediato.

Ao ver a mensagem de Yuri, sentiu o coração acelerar.

“Ela acordou. Mas não está nada bem.”

Bogum apertou o celular com força, sentindo a tensão percorrer seu corpo. Ele queria respostas, precisava saber o que estava acontecendo com Yuna.

Bogum: “O que aconteceu? Ela está machucada? O que significa ‘não está nada bem’?”

Yuri demorou um pouco para responder, o que apenas aumentou a angústia de Bogum.

Yuri: “O corpo dela está fraco. Ela desmaiou e precisou ser internada. A pressão dela despencou.”

Bogum fechou os olhos, passando a mão pelos cabelos. Ele sabia que Yuna estava se esgotando de tanto trabalhar, mas não imaginava que fosse tão grave.

Bogum: “Ela quer me ver?”

Dessa vez, a resposta veio mais rápido.

Yuri: “Não.”

A única palavra foi um golpe direto no peito de Bogum. Ele respirou fundo, tentando manter a calma.

Bogum: “Mas ela precisa de mim.”

Yuri: “Se for pra piorar a situação, melhor ficar onde está.”

Bogum sentiu um aperto na garganta. Ele queria largar tudo e ir até ela naquele instante, mas sabia que Yuri tinha razão. Se fosse visto indo ao Uruguai, a mídia enlouqueceria ainda mais, e isso poderia ser um problema para Yuna.

Assessor: Sr Park?

Bogum: sim!

Assessor: está tudo bem? Quer fazer uma pausa?

Bogum: uma pausa seria ótimo.

Bogum sabia que precisava fazer alguma coisa, ir até o Uruguai naquele momento não era uma opção, ele estava em gravações e tendo reuniões importante que não poderiam ser adiadas. Se ele largasse tudo e fosse até Yuna e mesmo sem querer acabasse levando mais problemas para ela, ela poderia ter outro colapso. Então ele tomou uma decisão e enviou uma mensagem.

Bogum: “Suzy vou me pronunciar e dizer que não há nada entre nós além de amizade, isso está causando problemas na minha vida privada.”

A resposta logo veio.

Suzy: “você sabe que temos um acordo de um ano, o contrato dizia que não poderíamos impedir a mídia sobre especulações sobre nós, você sabe muito bem disso.”

Bogum: “eu sei mais a que custo?”

Suzy: “Bogum, existe uma multa bem alta você sabe, logo isso vai passar, as especulações estão tão grandes assim porque somos amigos de anos e as pessoas acham que não existe amizade entre homens e mulheres”.

Bogum: “mas minha vida particular está em jogo.”

Suzy: “podemos diminuir as postagens. O que acha? O filme já lançou mesmo.”

Bogum: “tudo bem é o que está em nosso alcance agora.”

Depois disso Bogum voltou para sua reunião, ele não podia por mais que quisesse ir até Yuna agora e causar mais dor a ela, ele iria esperar mais um pouco.

Yuri observava Yuna dormir, os traços delicados dela ainda carregavam o peso do cansaço e da exaustão. Ele sabia que, quando ela acordasse, tentaria fingir que estava tudo bem, mas não estava.

Ele suspirou e pegou o celular, vendo a resposta de Bogum.

Bogum: “Vou esperar mais um pouco, mas me mantenha informado.”

Yuri largou o telefone e olhou de volta para Yuna.

Yuri: Você não pode continuar assim… (murmurou para ela.)

Na manhã seguinte, Yuna despertou lentamente. Seu corpo ainda parecia pesado, e sua cabeça latejava. Ela piscou algumas vezes, tentando se acostumar com a claridade do quarto do hospital.

Yuri: Finalmente acordou. (Yuri falou baixo, se inclinando para perto dela.)

Ela virou o rosto na direção dele e suspirou.

Yuna: Por quanto tempo dormi?

Yuri: Algumas horas… Mas parece que seu corpo precisava disso.

Ela tentou se sentar, mas Yuri colocou a mão em seu ombro, impedindo-a.

Yuri: Você ainda está fraca, não se force.

Yuna: Eu só quero sair daqui…

Yuri cruzou os braços, já esperando que ela tentasse fugir do hospital o quanto antes.

Yuri: Você não sai daqui até um médico autorizar.

Ela franziu o cenho, mas sabia que discutir com Yuri naquele momento não adiantaria.

Yuna: Alguma novidade? (perguntou, mudando de assunto.)

Yuri hesitou por um segundo antes de responder.

Yuri: Bogum está tentando controlar as coisas por lá.

O nome dele fez o peito de Yuna apertar.

Yuna: Ele sabe que estou aqui?

Yuri: Sim.

Yuna desviou o olhar, encarando o teto.

Yuna: Ele disse alguma coisa?

Yuri: Ele quer vir, mas sabe que agora não pode.

Ela assentiu lentamente.

Yuna: Melhor assim.

Yuri ficou em silêncio, observando-a.

Yuri: O que vai fazer agora?

Ela fechou os olhos por um momento antes de responder.

Yuna: Assim que eu sair daqui, vou para o Canadá.

Yuri olhou para ela indignado.

Yuri: Yuna, você precisa parar, vai fazer isso até quando?

Yuna: até quando eu me sentir bem o suficiente para encarar tudo.

Yuri: você não está sozinha, eu estou aqui.

Yuna: essa é a forma que eu conheço para me esquecer de tudo.

Yuri: você pode tentar outras formas sabia?

Yuna: bebendo? Já tentei isso e gerou uma polêmica na mídia que estávamos juntos você lembra?

Yuri: eu não disso isso... você pode tentar conversar.

Yuna: com quem? Bogum? Não obrigada, não quero ver ele tão cedo.

Yuri: não com ele... comigo... com Davi... com a Mary. Eles estão preocupados sabia?

Yuna: eu sei... mas não quero, não por enquanto.

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