Solidão

Vinícius encarou o celular desligado e soltou um suspiro pesado.

Ele conhecia sua filha bem demais para não perceber o que estava acontecendo. Quando Yuna se jogava no trabalho dessa forma, era porque algo a estava machucando profundamente.

Sem perder tempo, ele pegou o telefone e ligou para Davi.

Vinícius: O que está acontecendo com a Yuna?

Davi hesitou do outro lado da linha.

Davi: O senhor falou com ela?

Vinícius: Falei. E ela está se destruindo de novo. Achei que vocês estivessem de olho nela.

Davi suspirou.

Davi: Estamos tentando, mas ela não nos dá espaço. Ela fugiu para a África do Sul sem avisar, agora está na Argentina. Fechando contratos sem parar.

Vinícius fechou os olhos por um momento.

Vinícius: o que aconteceu dessa vez.

Davi: Sr Park… (ele hesitou)

Vinicius: eu sei que talvez seja algo que ela não quer que eu saiba, mas se ela não parar vai acabar ficando hospitalizada.

Davi: eu sei. Yuri está indo atrás dela, e vai tentar saber o que realmente está acontecendo.

Vinícius ficou em silêncio por um momento, tentando processar tudo.

Vinicius: Yuri está indo atrás dela?

Davi: Sim. Ele conseguiu um voo para a Argentina e deve chegar em breve. Vamos ver se ele consegue fazê-la parar um pouco e conversar.

Vinícius suspirou.

Vinícius: Se ela não ouvir vocês, talvez eu tenha que intervir.

Davi: Vamos tentar evitar isso, Sr. Park. Sabemos como a Yuna é quando se sente pressionada.

Vinicius: Sei muito bem… Mas se ela continuar nesse ritmo, não vai aguentar.

Davi: Eu sei.

Do outro lado do mundo, Yuna estava em mais uma reunião quando seu celular vibrou discretamente sobre a mesa. Uma mensagem de Liza sua secretária:

“Srta Park, eu sei que não quer ser encontrada, por isso me sinto na obrigação de te avisar, o Sr Wong está indo ao seu encontro na Argentina, ele tinha ido até a África do sul, mas parece que você pegou o voo antes para Argentina... e assim que ele soube pegou um voo para ir ao seu encontro. Acho que ele chegará até você amanhã à tarde ou á noite.”

Yuna: “como ele soube disso?”

Liza: “por Davi... ele está monitorando seus cartões da empresa, seus contatos e acessos.”

Yuna: “Liza preciso que bloqueie todo e qualquer tipo de acesso de Davi, para que ele não saiba onde estou e para onde estou indo... consegue fazer isso?”

Liza: “Srta Park, eu posso fazer isso, mas só consigo se for pelo teu acesso ou pelo acesso de seu pai, não posso mexer no notebook de Davi, a empresa tem câmeras e ele vai saber que fui eu.”

Yuna: “fique tranquila, vai no meu escritório, te darei o acesso, por lá você conseguirá bloqueá-lo.”

Liza: “mas seu pai ainda vai conseguir saber onde você está.”

Yuna: “deixe isso comigo, o acesso dele eu consigo bloquear por aqui.”

Liza: “ok... fazendo isso você não vai poder fechar contratos em locais onde a empresa ainda não foi.”

Yuna: “eu sei Liza, muito obrigada, preciso que você bloqueie o quanto antes, para que eu consiga trocar de hotel, antes de Davi saber e contar a Yuri.”

Liza fez assim como Yuna pediu, ela entrou no escritório de Yuna e pelo acesso dela, bloqueou Davi de todo e qualquer tipo de comunicação que ele poderia ter, Davi não conseguiria mais saber onde os cartões da empresa usados por Yuna estavam fazendo movimentações, ele também não conseguia mais ver seus contratos. O único que teria acesso seria o presidente, no caso o pai de Yuna, mas ela já estava cuidando disso também.

No dia seguinte, Yuna se mudou para um novo hotel, garantindo que ninguém pudesse rastrear seus passos. Ela não queria ser encontrada, não agora. Sentia que precisava de um tempo para si mesma, longe de todos que insistiam em monitorar seus movimentos.

Após finalizar a mudança, ela foi até a sacada do novo quarto e respirou fundo, olhando a vista de Buenos Aires. O peso em seus ombros parecia ter diminuído um pouco, mas ela sabia que isso não duraria muito tempo.

Seu celular vibrou novamente. Uma nova mensagem de Liza:

Liza: “Srta. Park, consegui bloquear Davi de todos os acessos, mas ele já percebeu. Ele ligou várias vezes no escritório querendo saber o que aconteceu. O que deseja que eu faça?”

Yuna: “Não diga nada além do necessário. Apenas informe que houve uma mudança de protocolos de segurança. Se ele insistir, diga que eu estou em uma série de reuniões importantes e não posso atender.”

Liza: “Entendido. Ah, e sobre o Sr. Wong… ele já está na Argentina. Minha fonte no aeroporto confirmou que ele desembarcou há pouco tempo.”

Yuna sentiu seu coração acelerar. Ela não queria lidar com Wong agora. Suspirou, massageando as têmporas.

Yuna: “Obrigada por me avisar. Qualquer novidade, me avise.”

Ela desligou o celular e fechou os olhos por um instante. Precisava se preparar. Wong não era do tipo que desistia facilmente.

Yuna se lembrou que a empresa tinha alguns contratos em andamentos no Uruguai, e como é perto e poucas horas de voo, ela decidiu que iria naquela mesma noite, ela já tinha terminado de fechar os contratos da Argentina, e agora não precisava estar presente para concluir. Ela ligou para os clientes e avisou que precisava ir, mas que já estava tudo certo.

Yuna: “ficarei mais alguns dias no Uruguai e depois vou para o Canadá, de lá acho que consigo voltar para África e depois preciso ir para um lugar que ninguém me encontre.”

Depois disso Yuna bloqueou os acessos de seus pais, assim eles também não monitorariam seus passos. Seu celular vibrou com uma nova mensagem.

Bogum: “Yuna não trabalhe tanto... não posso ir até você agora, mas por favor, não fique sozinha... e se cuide.”

Ela apenas olhou a mensagem e não quis responder. Então ela se arrumou, pegou suas coisas e foi para o Uruguai. Dentro de 3 horas ela já estava no Uruguai, lá ela não faria nada, apenas trabalharia remotamente, ele foi para lá para que conseguisse fugir por um tempo de Yuri. Ela ficaria alguns dias ali, e então iria para o Canadá.

No Uruguai, Yuna finalmente conseguiu um momento de silêncio. Hospedada em um hotel discreto, longe dos olhares curiosos e de qualquer possibilidade de ser encontrada, ela se concentrou apenas no trabalho remoto.

Os dias passaram de forma monótona. Ela trabalhava o dia inteiro, saía para caminhar à noite, mas evitava qualquer interação desnecessária. Seu celular recebia mensagens de Bogum, Davi e Yuri, mas ela não respondia.

Uma noite, enquanto terminava de revisar documentos no laptop, uma notificação chamou sua atenção. Era uma notícia sobre Bogum e Suzy. “Park Bogum e Bae Suzy são flagrados juntos novamente. Estariam eles mais próximos do que dizem?”

Ela não abriu a matéria, apenas fechou os olhos por um instante. Já estava cansada desse tipo de notícia, mas, mesmo se recusando a admitir, aquilo ainda a afetava.

Respirando fundo, decidiu que não se importaria mais. Levantou-se, pegou um vinho no frigobar e voltou para a sacada. O vento frio da noite tocou seu rosto, trazendo um pouco de conforto.

Yuna: Está tudo bem, Yuna. Você está no controle agora. (Sussurrou para si mesma.)

Ela terminaria o que precisava ali e então seguiria para o Canadá. Precisava continuar se afastando, porque, se ficasse parada, alguém a encontraria.

Trabalhar sem parar era a única forma que ela conhecia de esquecer os problemas e não deixar com que eles tomassem conta dela. E ela sabia que continuar se movimentando seria a única forma de ninguém a encontrar, ao menos por enquanto, pelo menos até que as coisas dentro dela melhorassem, ela só precisava de tempo, tempo para pensar e entender tudo, mas ela não queria esse tempo, por isso estava se esgotando de tanto trabalhar.

Ela mal comia, mal dormia, estava vivendo a base de água, algumas frutas que comia durante o dia e café. Dormir não era bom, ela sonhava com o que estava acontecendo entre Bogum e Suzy. Então ela se entupia de café e capsulas de cafeínas, assim se manteria acordada, ela tirava alguns cochilos durante a noite, mas não conseguia dormir profundamente.

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