Tessa

Não acredito que ele realmente tentou me seduzir com aquele papo furado sobre o meu perfume. Leonidas realmente acreditou que eu iria ceder tão fácil assim?

Por causa desse idiota estou com uma fome de dez pessoas, não tomei café da manhã e muito menos almocei ainda. Ele me arrastou da minha casa pela manhã e agora simplesmente do nada decidiu que não vamos mais viajar de noite.

Ainda não acredito que estou saindo de Nova York, saindo dos Estados Unidos… por causa do meu ambicioso pai nunca tivemos condições financeiras para uma viagem. Eu sempre quis levar minha mãe para conhecer Maldivas, é um sonho dela desde menina.

Mas aqui estou eu, indo para a Grécia com um estranho que ameaçou tirar a vida da minha mãe caso eu não aceitasse ser a sua noiva substituta. Tudo isso porque o George não conseguiu segurar seu pau dentro da calça e além disso me roubou e fugiu com a vadia grega.

— Vai mesmo comer isso tudo? — Leonidas perguntou, ele passou numa lanchonete de fast food e eu para irritá-lo fiz um pedido grande. Não deu certo, o filho da puta pagou com um sorriso idiota no rosto. Claro que é comida demais, mas não vou admitir.

— Deve estar acostumado com as magrelas que andam ao seu lado que comem apenas salada e bebem água com uma rodela de limão. Uma coisa que precisa saber sobre mim: eu como feito um peão de obra.

— Fisicamente, você não é diferente das mulheres que me rodeiam. No apetite, acho que minha irmã caçula ganha de você. Chrysa tende a ser competitiva às vezes.

Que nome estranho… Chrysa, é estranho e ao mesmo tempo bonito, parece nome de flor. Ignoro o que ele disse e volto a comer. Quando chegamos no aeroporto me deparo com um jatinho preto e dourado lindo, na sua lateral da turbina tem as letras LM e um M grande na cauda da aeronave mostram que o jato pertence a ele.

— Sim, é da minha família! — ele responde meu pensamento que deve estar alto demais — Vamos, temos horário para embarcar e desembarcar.

Das seis sacolas de lanche que ele comprou para mim restam apenas duas, se eu continuar comendo vou acabar colocando para fora tudo o que já comi. Entro no jatinho, é a primeira vez que entro num avião e estou encantada.

Somente agora algo me ocorreu: sou azarada. Se esse avião cair? Não sei nem se tenho medo de altura. Droga, eu não posso viajar nesse avião, comparado aos outros ele é menor e parece mais frágil.

— Eu não sei se é uma boa ideia viajar nesse treco. Não tem outro jeito de chegar na Grécia? — Pergunto enquanto meu corpo treme da cabeça aos pés.

— O meio mais rápido é esse… — ele se vira para mim e ao notar meu nervosismo abre um sorriso ordinário — Está com medo? Sério que alguém tão petulante como você tem medo de voar de avião?

— Q-quem t-tem medo aqui? Medo nenhum. — Cruzo os braços e viro meu rosto para o lado.

— Ótimo, então sente-se e prenda o cinto, já vamos decolar.

Me sento no primeiro assento que vejo e tento enlouquecidamente colocar o cinto que parece não colaborar com minhas mãos trêmulas. De repente as mãos quentes de Leonidas distanciam as minhas mãos frias e trêmulas da fivela do cinto.

Ele está inclinado e seu pescoço está próximo do meu rosto, seu perfume cítrico com um toque amadeirado me atinge. Eu não mereço isso, esse homem é tudo o que uma mulher deseja… lindo, sexy, alto, bilionário e com um sorriso safado no rosto.

Não se deixe levar, Tessa, não se deixe levar. Esse homem é perigoso e não pertence à sua vida. Ele se afasta depois de prender meu cinto e sorri ao dizer:

— Viu como é simples?

— Simples? O que é… — olho para o cinto e está fechado — Eu estava quase conseguindo, não precisava da sua ajuda.

— Entendi, de nada. — ele se senta no assento ao lado do meu, fico feliz que um estreito corredor separa nossos assentos.

De nada… ele não vai ouvir um obrigada de mim, nem se esse jatinho cair com nós dois. Quando eu vejo tudo lá fora começar a se movimentar cada vez mais rápido sinto meu coração acelerar de um jeito que parece querer rasgar meu peito para sair pra fora.

Fecho meus olhos bem apertado quando o chão começa a ficar distante, mas a minha respiração parece conversar com o meu coração e começo a hiperventilar, não consigo abrir meus olhos.

Estou com a mão fechada, aperto tanto as unhas nas palmas das mãos que sinto ferir. Ainda com meus olhos fechados sinto um abraço apertado, minha respiração está cortando, meu coração bate tão rápido que dói. Abro os olhos com muita dificuldade e falo com a voz falha:

— Não… não faça… isso. Sente-se e prenda seu cinto.

— Está tendo um ataque de pânico, não sei bem o que fazer nessa situação, mas pelo pouco que acabei de pesquisar as vezes um abraço apertado resolve. Apenas tente respirar com calma, conte até cinco e foque no som da minha voz. — Leonidas fala tão perto do meu ouvido que arrepios deixam os cabelos da minha nuca eriçados.

Ele cantarola algo num idioma que não consigo entender, mas se fosse para julgar diria que parece uma canção de ninar. Estranhamente isso me acalma e tudo em mim volta ao seu equilíbrio, por um segundo quis fingir que ainda não estava bem só para sentir seu abraço apertado, seu perfume e o som da sua voz colada ao meu ouvido mais um pouco.

Eu nem percebi que estava abraçando-o de volta. Solto o terno dele aos poucos e o empurro com gentileza, ele me olha atentamente, me analisando. Quando verifica que estou bem, se afasta e volta para o seu lugar.

Preciso colocar emoção e razão em lugares separados dentro de mim e deixar a razão no comando. Não estou em um conto de fadas e esse homem ao meu lado não é um príncipe encantado. Evito olhar para fora da janela do avião, puxo a cortina bloqueando a minha visão, não quero ter outro ataque de pânico ao lado dele.

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