Leonidas

Aquela mulher vai me tirar do sério, eu só quero pegar Eleni e George, mostrar pra eles que não podem mentir e enganar um mafioso, tenho as torturas prontas para eles, tudo em casal.

Eles terão anos incríveis no meu porão, a vida dos sonhos. Mandei preparar uma réplica do apartamento em que George morava. Eles terão comida, uma quantidade limitada, vão viver como se estivessem sem dinheiro.

Eleni não terá mais seus produtos caros para cuidados com o cabelo e com a pele. O único perfume que ela vai desfrutar é o do sabonete que fiz questão de comprar o mais barato.

Quanto ao sexo acho que eles não vão conseguir, não com o pênis do George, antes de colocá-lo lá passará por uma cirurgia, nunca mais vai subir, nem para bater punheta.

Eles terão um feliz para sempre, no meu porão. Meu chefe da segurança vem até a mim e sussurra no meu ouvido:

— Está tudo pronto! Só a espera dos seus convidados.

— Obrigado, estou saindo por dois dias, fique de olho nas minhas irmãs.

Finalmente Tessa aparece no topo da escada, ela está extraordinariamente linda usando um vestido lilás de alças finas.

— Vai ficar me olhando como se eu fosse um copo de água no deserto? Me ajuda com a mala pelo menos.

— Por que escolheu a maior? Eu disse dois dias e não um mês.

— Leônidas, a única coisa que já fiz da minha vida foi trabalhar e ir para casa, dá um desconto.

Já estamos atrasados, tenho uma reunião em três horas por telefone e é o tempo que chegaremos na ilha. Quando pego a mala e dei alguns passos descendo a escada escuto ela cair e descer a escada de um jeito “diferente”.

— Pensei que seria mais confortável descer com os pés. — Falo um pouco preocupado.

— Eu desço do jeito que eu quiser e você não tem nada a ver com isso.

Ela se levanta do chão e passa as mãos na bunda, provavelmente deve estar doendo. No carro ela senta com cuidado. Uma hora depois de um silêncio que já estava me incomodando ela finalmente abre a boca.

— Por que estamos indo para esse lugar? Até onde eu entendi temos que fingir na frente da sua família.

— Tá… Qual é a minha cor favorita?

— Azul?

— Por que respondeu azul?

— É a cor que predomina na sua casa!

— Se olhar bem como me visto vai descobrir.

— Sério que seus pais vão fazer um interrogatório sobre o que você prefere só para saber se eu vou saber cuidar do filhinho deles?

Eu fico quieto, pensativo. Ela volta a olhar para frente até que vê o píer e me olha curiosa.

— Está me levando para essa ilha só para assinar esse maldito contrato? Nele tem pelo menos o dia que tudo isso vai se encerrar?

— São seis meses, não fique preocupado, não vai sair daqui grávida!

— Só se for do espírito santo, né? Você não pode tocar em mim.

Ela cruza os braços tentando se proteger de mim e acaba me fazendo rir. Lembro do nosso último momento no closet.

— Eu senti claramente a sua cintura contra a minha com muita força no nosso último beijo desejando algo em mim que estava preso pela calça e cueca.

— Não confunda carência sexual com desejo Leonidas. George já não me tocava a muito tempo e você veio com esse charme grego filho da puta justo no momento que eu estava completamente nua e… quer saber é melhor morrer esse assunto.

— Faz oito meses… — confesso com dificuldade — O tempo que não vou para a cama com uma mulher e até ontem o tempo que eu não beijava.

— Você não percebeu nada de errado? A sua noiva não te beijava e não transava com você e não percebeu nada de errado?

Descemos do carro e ficamos calados mais uma vez. Quando entramos no iate mostrei para ela seu quarto, tínhamos quase duas horas pela frente e queria deixá-la confortável, mas antes que eu saísse do quarto ela diz:

— Responde o que eu perguntei no carro.

— Tessa eu quase não ficava com ela por causa do trabalho e quando conseguia ela não estava em casa. Eu estava tão cansado que acabei não maldando. Foi assim que ela fugiu com o amante. Descanse, daqui a pouco vamos chegar na ilha.

Vou para o meu quarto e deito na minha cama, não consigo esquecer o quão quente estava entre as pernas dela e quanto desejo senti em deixá-la nua de vez e acabarmos na cama matando o que nos matava.

Logo fui avisado que já estávamos ancorando. Fui até o quarto da Tessa e ela estava dormindo, não quis acordá-la. Ordenei que levassem a mala para o quarto dela.

Mas quando a coloquei na cama ela me abraçou, com os braços e as pernas, não consegui sair e fiquei ali deitado até que peguei no sono.

Fui acordado sendo empurrado para fora da cama, eu caí no chão sem entender nada do que estava acontecendo.

— Está ficando louca?

— Se aproveitou de mim?

— Eu jamais faria isso!

— Então por que sua mão estava segurando meu seio? E não foi por cima do vestido.

Droga, eu dormia assim com a Eleni, ela não se importava com isso. Mas Tessa não é minha noiva de verdade, como vou explicar que não foi por maldade?

— Eu acabei adormecendo depois de colocá-la na cama, você me abraçou de um jeito que não dava para sair… Me desculpa, Tessa. Vamos logo até o meu escritório assinar o contrato.

Ela me segue sem dizer mais nada, o que deu em mim para enfiar a mão dentro do vestido dela? Agora seu perfume está na minha mão, me tentando a sentir seu cheiro a cada cinco segundos.

— Entre, por favor. — Falo após abrir a porta.

Entrego para ela o documento que começa a ler atentamente e entre uma frase e outra olha para mim. Vamos ter problemas.

— Por que esse contrato está redigido como se você fosse meu dono?

Como eu disse, teremos problemas.

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