O Começo

Capítulo 1 – Lothrien

O Começo

Página 20

      O ar estava gélido, cortante como lâminas invisíveis. O som seco das batidas reverberava entre as copas das árvores, acompanhando o esforço solitário de Akira. Como sempre, ele treinava sem descanso, ignorando a exaustão que fazia seus músculos tremerem e seus ossos latejarem.

Seus golpes eram fortes, mas sua respiração estava pesada. Ele apertou o cabo da espada, tentando ignorar a dor que se espalhava pelo corpo.

— Eu não posso fraquejar agora... Eu tenho que—

Uma explosão.

O som ecoou pelo vale, profundo, ensurdecedor.

O mundo de Akira congelou. Seu peito se contraiu, e por um segundo ele se negou a acreditar no que ouvira. Mas a fumaça negra subindo no horizonte confirmou seus piores temores.

Ele disparou montanha abaixo, ignorando as pedras que rasgavam sua pele e os galhos que cortavam seu rosto. Seu coração pulsava desenfreado, o frio parecia insignificante diante do medo que dominava seu corpo, a cada respiração se transformando em nuvens brancas em volta do rosto.

Quando alcançou a vila, o pesadelo tomou forma diante de seus olhos.

Corpos sem vida. Sangue por toda parte. As casas reduzidas a cinzas. O cheiro metálico impregnava o ar, misturando-se à poeira e à fuligem. O silêncio era sufocante. Nenhum grito, nenhum sussurro. Somente a morte reinava ali.

Akira correu.

Seus pés afundavam na terra ensanguentada. Ele gritava nomes conhecidos, mas ninguém respondia.

— Não... não... não pode ser...

Seus olhos percorriam a cena, recusando-se a aceitar a realidade. O chão vermelho, os rostos conhecidos despedaçados, a vida arrancada sem piedade.

Então, correu para casa.

Ou o que restava dela.

As paredes haviam ruído. Cinzas cobriam o que um dia fora seu lar. Seu corpo fraquejou, e lágrimas quentes desceram por seu rosto.

— Mamãe... mamãe!

O silêncio respondeu.

Ele cambaleou para trás, os olhos arregalados.

— Por quê...? O que aconteceu aqui...?

— Não... Isso não pode ser verdade..... Mamãe.... Sr.Stacy....Yuki.... não...

O eco da sua própria voz o assustava.

— Onde está todo mundo...? Onde está minha mãe...?

Com passos incertos, Akira foi até o centro da vila. Foi quando ele viu.

Uma sombra.

Alta, imponente, parada no centro da vila. O brilho branco de seus olhos cortava a escuridão como navalhas.

Ela permanecia diante de um corpo caído.

O ar ficou denso. Akira não conseguia respirar.

A sombra sorriu. Um sorriso arrogante, satisfeito.

Um calafrio percorreu sua espinha.

A figura recuou lentamente, como se o convidasse a se aproximar.

Akira sentiu seu corpo se mover sozinho. Passo após passo.

Quando finalmente chegou perto o suficiente para ver...

Era Shigure.

Seu pai, morto no chão.

— Não... NÃO!

Seu grito foi um corte no silêncio. Ele caiu de joelhos, puxando o corpo sem vida, sacudindo-o com desespero.

— Pai! Pai, acorda! Por favor!

O rosto pálido, os olhos fechados para sempre.

Seus dedos encontraram algo frio.

O colar. O colar que seu pai sempre usava.

Akira o arrancou, segurando-o com força enquanto o choro o sufocava.

E então, a sombra riu.

Um riso cruel, profundo.

— Seu pai foi um ótimo oponente — disse a voz sombria. — Hahahaha! Pena que ele não era o que eu estava procurando.

Akira ergueu os olhos, a raiva queimando em suas veias.

— Quem é você?! Por quê... por que fez isso com a vila?!

A sombra inclinou a cabeça levemente, como se estivesse se divertindo.

— Hahahaha... criança, você é tão ingênuo. Bom, pode me chamar de Nightmare.

Nightmare.

O nome soou como um veneno em sua mente.

Akira cerrou os punhos, o ódio transbordando. Mas antes que pudesse agir, uma explosão de chamas rasgou o ar.

O fogo avançou em direção ao rosto de Nightmare, que desviou sem esforço.

Uma mão firme agarrou seu braço.

— Akira, vamos!

Era Tsukasa, ferido, o puxando com urgência.

— Não! Eu vou matar esse desgraçado! — gritou, lutando contra o aperto.

— Cala a boca e vem logo!

Sem escolha, Akira correu ao lado de Tsukasa, deixando a vila em chamas para trás.

Eles seguiram pela floresta, ofegantes, até que Tsukasa o empurrou para dentro de um buraco em uma parede rochosa.

Lá dentro, Kazuki descansava, encostado na pedra, ferido.

Akira caiu de joelhos. O peso da realidade esmagava seu peito.

— Não... por quê...? Por que isso está acontecendo...?

As lágrimas escorriam, e ele se engasgava com o próprio choro.

Kazuki se aproximou, envolvendo o amigo em um abraço firme.

Akira agarrou seu braço com força, buscando qualquer resquício de conforto.

— Tá tudo bem agora, Akira... Estamos a salvo.

— Se aquela coisa quisesse nos matar, já estaríamos mortos — disse Tsukasa, sua voz firme.

Kazuki lançou um olhar furioso.

— Tsukasa!

— Akira já cresceu, Kazuki. Ele sabe que estou certo. E ele é o mais lógico entre nós. Diria o mesmo.

Kazuki suspirou, mas não discutiu.

— Sim... mas ele foi quem mais sofreu. Dá um tempo pra ele...

Akira ergueu o olhar, os olhos ardendo de fúria.

— Eu vou matar aquele desgraçado.

Sua voz era fria, carregada de um ódio puro.

— É uma promessa.

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Comments

ser intankavel 🕊

ser intankavel 🕊

Esse nome... lembrei de um canal...

2025-04-05

1

ser intankavel 🕊

ser intankavel 🕊

nmrl man que caras chatos

2025-04-05

1

ser intankavel 🕊

ser intankavel 🕊

nss man

2025-04-05

1

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